Por: Renato Drummond Tapioca Neto
Parte irresistível que cerca as biografias de mulheres importantes como Isabel I de Castela, Mary Stuart da Escócia, Elizabeth I da Inglaterra, Maria Antonieta, entre outras, é o local de repouso final destas soberanas. No ocidente cristão, o imaginário em torno da morte era envolvido por uma série de rituais, que começavam no leito do moribundo e terminavam com o repouso de seu caixão em uma cripta abaixo de um magnífico monumento esculpido em pedra, com uma efígie reproduzindo as feições da pessoa ali sepultada. Muitos foram os monarcas que, ao longo da história, dedicaram boa parte de seu reinado à preparação de um suntuoso túmulo, a exemplo da rainha Vitória e seu Mausoléu em Frogmore. A elevação de tais construções, por sua vez, reunia alguns dos maiores escultores e artistas do período. Entretanto, locais como Abadia de Westminster, a vala na Capela de São Jorge, em Windsor, a Capilla Real de Granada, ou o encantador Mosteiro de Alcobaça não eram, de forma alguma, encarados por seus ocupantes, enquanto vivos, como o lugar onde tudo terminava. Embora a matéria humana dos reis e rainhas pudesse encontrar descanso eterno na morte embalsamada, seus túmulos consagrados eram idealizados como portais para outra realidade, na qual sua jornada teria continuidade no plano imaterial.
De Inês de Castro à rainha Elizabeth II, nesse post selecionamos alguns dos mais belos exemplos da arte tumular, cujos sepulcros foram edificados para abrigar os restos mortais de algumas das soberanas e princesas mais famosas da História!
Dona Inês de Castro

Efígie tumular de Dona Inês de Castro, a rainha póstuma. D. Pedro I de Portugal expressou o desejo de que seu próprio túmulo fosse colocado em frente ao de Dona Inês, no Mosteiro de Alcobaça.
Em 7 de Janeiro de 1355, Dona Inês de Castro era assassinada na quinta do Infante, em Coimbra, por ordens do rei D. Afonso IV. Aproveitando-se da ausência momentânea do príncipe no Paço de Santa Clara, o rei e seus conselheiros encontraram Inês sozinha no Paço do Mosteiro de Santa Clara, acompanhada apenas dos pequenos filhos. A cena seguinte à chegada de D. Afonso ao Paço é um dos elementos mais dramáticos dessa narrativa. Ao saber da sentença de morte, Dona Inês teria comparecido na presença do monarca cercada pelas três crianças, que ficariam órfãs de mãe caso ela fosse executada. Diante das lágrimas da mulher indefesa, que rogava por sua vida e pela segurança de suas crianças, dizem que o velho D. Afonso ficou comovido. Quando estava prestes a revogar a sentença, um de seus conselheiros o teria alertado novamente sobre o perigo que aquela conexão com a família Castro representava para o reino de Portugal. Embora esse episódio nos pareça verossímil, ele carece de maior embasamento histórico. Tendo ela implorado por clemência ou não, os conselheiros do rei fizeram executar a sentença de um só golpe. A vítima foi decapitada e seu corpo foi originalmente sepultado numa igreja vizinha ao Paço. A morte desencadeou uma disputa entre pai e filho, que terminou graças ao intermédio da rainha Dona Beatriz, com grande transferência de poder do monarca para D. Pedro.
Uma vez rei de Portugal, D. Pedro I providenciou um sepulcro digno para a mulher que amava, no Mosteiro de Alcobaça. Como não era costume embalsamar os despojos das rainhas portuguesas – não sendo Inês uma soberana na época de sua morte –, então é possível que os remanescentes humanos já estivessem em avançado estado de decomposição quando foram transladados para Alcobaça, em 1361. Sua efígie tumular é o melhor indício de como seria sua aparência em vida. Assim, Dona Inês de Castro ficaria conhecida como a rainha póstuma de Portugal. A lenda celebra a história de que D. Pedro I teria expressado o desejo de que seu próprio túmulo fosse colocado em frente ao de Dona Inês, com a inscrição: “até o fim do mundo”. Seis anos depois, o rei se juntaria à consorte em um túmulo de igual lavra. Os dois monumentos fúnebres se constituem na mais sublime expressão da arte gótica, esculpidos para durarem por toda a eternidade. Infelizmente, os corpos de Pedro e Inês, passadas tantas atribulações em seu tempo de vida, tiveram o merecido descanso perturbado nos séculos vindouros. Até o ano de 1956, os dois sarcófagos foram movidos periodicamente de lugar na igreja, quando regressaram para sua posição original no transepto, um de frente para o outro.
D. Isabel I de Castela

O magnífico túmulo de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, esculpido com maestria por Domenico Fancelli.
Em 26 de novembro de 1504, falecia em Medina Del Campo, aos 53 anos, a rainha Isabel I de Castela, uma das mulheres mais poderosas da Idade Moderna, responsável pela unificação dos reinos espanhóis e pela conquista de Granada, último reduto mouro no continente europeu. Pelos idos do ano de 1503, a saúde da rainha de Castela começava a se deteriorar. Temendo que seu império caísse nas mãos dos Habsburgo, Isabel fez uma alteração no seu testamento. De acordo com Matilla: “É importante situar, que a maior preocupação de Isabel eram as condições de sucessão e de governabilidade dos reinos pelos quais havia lutado toda a sua vida. Juana, casada com um estrangeiro, não era uma candidata de sua confiança” (MATILLA, pag. 21). Caso Joana, sua filha e herdeira, fosse declarada inapta para exercer o poder, o pai dela, Fernando, atuaria na qualidade de regente. Com a morte de Isabel, um abismo profundo começou a dividir castelhanos e aragoneses. Em 1505 houve a chamada concórdia de Salamanca, pela qual Felipe e Juana concordavam em governar juntamente com a participação de Fernando II de Aragão.
De acordo com seu desejo, Isabel foi sepultada na recém-construída Capela Real de Granada. Quase 12 anos após sua morte, seu marido, o rei Fernando II de Aragão, se juntou a ela em um magnífico túmulo, esculpido com maestria por Domenico Fancelli. A efígie de Isabel respousa com se estivesse em um sono tranquilo, contrário ao seu estado de espírito às vésperas de sua morte. Mesmo doente, acamada e às vésperas da morte, em 1504, continuava trabalhando, para que os negócios do reino permanecessem estabilizados. Seguindo os preceitos estabelecidos por Maquiavel, é possível dizer, sem medo de incorrer em engano, que o monarca mais estrategista do período foi na verdade uma mulher, que possuía muitas das qualidades que o autor de O Príncipe tanto prezava num governante. Não foi à toa que, quando chegou a Medina del Campo, o italiano Prospero Colonna pediu categoricamente para ser levado aos aposentos de Isabel, dizendo que queria “ver a mulher que governava o mundo deitada em sua cama”.
Joana I de Castela

Efígie tumular de Joana I de Castela, na Capela Real em Granada.
A soberana foi sepultada ao lado de seu marido, o arquiduque Felipe de Habsburgo. Nos seus últimos anos de vida, reclusa em Tordesilhas, Joana se dedicou à religião, visando a preservação de seu espírito. Durante esse tempo, seus filhos pouco lhe visitaram, uma vez que vism na figura da tia, a arquiduquesa Margarida da Áustria, uma espécie de mãe suplente. O Imperador Carlos V, não obstante, tentou reparar as más instalações da rainha, ordenando toda uma equipe especial para cuidar dela no castelo. Joana viveu por mais tempo do que qualquer um dos filhos de Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, falecendo em 1555, aos 75 anos (uma idade muito avançada para a época, se considerarmos as taxas de mortalidade do século XVI). Dizem que havia finalmente se reconciliado com tudo e com todos e recobrado a sanidade outrora perdida. Sus últimas suas palavras, pronunciadas antes de morrer em 11 de abril, foram as da oração latina “Jesucristo crucificado sea conmigo” (Jesus Cristo crucificado esteja comigo). Com a partida de Joana I de Castela, toda uma época de conquistas se precipitava para o fim: o império de seus pais logo cairia sob a gestão de Felipe II e os valores de seu tempo seriam suplantados pelos ideais iluministas. No entanto, a memória de uma rainha louca de amor, nervosa e compulsiva, acabou ficando cristalizada no imaginário popular até os dias de hoje.
Rainha Elizabeth I da Inglaterra

Processo de manutenção e limpeza da efígie tumular da rainha Elizabeth I da Inglaterra. A soberana faleceu aos 69 anos em 24 de março de 1603 e se encontra sepultada em um magnífico túmulo na Abadia de Westminster, em Londres.
Efígie da rainha Elizabeth I em seu túmulo conjunto com a rainha Maria I, na Abadia de Westminster. A soberana faleceu no Palácio de Richmond em 24 de março de 1603, aos 69 anos. Seu corpo foi amortalhado, posto dentro de um caixão de chumbo e em outro de carvalho e depois levado através de uma barcaça para o Palácio de Whitehall, onde foi velado. Em seguida, um imenso cortejo fúnebre seguiu o ataúde da soberana, coberto por uma manta de veludo púrpura, guiado por quatro cavalos até a Abadia. Uma efígie de madeira, reproduzindo as feições da soberana, servia como figura de proa que guiava o cortejo. A princípio, o caixão da rainha Elizabeth I foi colocado no túmulo de seus avós paternos, o rei Henrique VII e a rainha Elizabeth de York. Nos anos seguintes, o rei James I da Inglaterra e VI da Escócia ordenou a construção de um magnífico monumento tumular na Abadia, dedicado para a soberana que o precedera no trono e para a irmã dela. A efígie em mármore da monarca é obra do escultor Maximilian Colt, feita com base em uma máscara mortuária da própria Elizabeth. A pintura, por sua vez, ficou por conta do artista Jan de Critz. Elizabeth I aparece coroada, segurando um orbe e um cetro nas mãos, que simbolizam seu status régio.
Porém, os objetos da regalia real não se tratam dos originais encomendados pelo rei James, quando o corpo da soberana fora transladado para o túmulo em 1606. Eles foram roubados durante a Revolução Inglesa no século XVII e só em 1975 é que as réplicas foram refeitas e colocadas no lugar das antigas. A inscrição em latim no monumento pode ser traduzida da seguinte forma:
À memória eterna de Elizabeth rainha da Inglaterra, França e Irlanda, filha do rei Henrique VIII, neta do rei Henrique VII, bisneta do rei Eduardo IV. Mãe de seu país, uma mãe que ama a religião e todas as ciências liberais, habilidosa em muitas línguas, adornada com excelentes dotes tanto de corpo quanto de mente, e excelente para virtudes principescas além de seu sexo.
Na base do monumento: “Parceiras no trono e na sepultura, aqui descansam Elizabeth e Maria, irmãs na esperança da Ressurreição.”
Mary Stuart, rainha dos Escoceses

Túmulo de Mary Stuart na Abadia de Westminster (Londres).
Em 8 de fevereiro de 1587, a cabeça de Mary Stuart rolava distante do seu corpo, no patíbulo erguido no castelo de Fotheringhay. Condenada pelo Parlamento Inglês por crimes de traição à Coroa e por tentativa de assassinato contra a monarca reinante, sua sentença de morte havia sido assinada pela mão da própria prima, Elizabeth I. Agora, os despojos de uma rainha ungida por Deus jaziam inertes no cenário de sua execução. “Que assim pereçam os inimigos de Sua Majestade”, bradou o carrasco, enquanto tentava erguer a cabeça da vítima, que logo caiu de suas mãos, ficando-lhe entre os dedos fechados apenas uma peruca de cachos acobreados. Sem dúvidas, um desfecho grotesco para uma mulher que em vida fora soberana da Escócia, rainha consorte da França e possuía uma forte reivindicação ao trono inglês. Após a performance do último ato da tragédia de Mary Stuart, o corpo e a cabeça da morta foram envoltos numa mortalha e em seguida sepultados na Catedral de Peterborough. Com feito, a Catedral ficava a apenas poucos metros de distância de Fotheringhay, sendo, portanto, o local mais viável para um rápido sepultamento. Antes de morrer, Mary havia expressado o desejo de que seus restos mortais fossem transportados para a França, onde ela passara os dias mais felizes de sua vida.
Contrariando sua última vontade, a Coroa Inglesa não achou uma boa ideia transportar o cadáver da rainha da Escócia através do Canal da Mancha. Seria na Inglaterra em que seus remanescentes humanos encontrariam morada eterna. Num último ato de desrespeito para com a falecida, ela recebeu um funeral regido de acordo com os dogmas da Igreja Anglicana, embora Mary fosse uma mulher católica e fizesse um alto e claro pronunciamento antes curvar seu pescoço diante do cepo de que vertia seu sangue pela religião apostólica romana. Apenas com a ascensão de seu filho James ao trono da Inglaterra em 1603, é que os remanescentes de Mary foram exumados e transferidos para um importante túmulo na Abadia de Westminster, onde jaz até hoje. O rosto da efígie foi esculpido a partir de uma máscara mortuária da soberana, feita pouco depois de sua morte, em 8 de fevereiro de 1587. Mary apresenta uma expressão serena; as mãos unidas em uma silenciosa oração. Os restos mortais da trágica rainha da Escócia foram trasladados da catedral de Peterborough, onde ela foi originalmente sepultada, para seu novo lugar de descanso. O túmulo foi erguido em frente ao monumento funerário da rainha Elizabeth I. Assim, as duas monarcas que nunca se encontraram em vida e foram constantemente motivo de preocupação uma para a outra, encontraram repouso juntas no mesmo espaço.
Maria Antonieta

Lápide indicando o túmulo de Maria Antonieta na cripta dos Bourbon e o monumento fúnebre dedicado à rainha, que fica no pavimento superior na Basílica de Saint-Denis.
Executada ao meio dia de quarta-feira, 16 de Outubro de 1793, entre os brados de uma multidão eufórica, Maria Antonieta de Habsburgo-Lorena tornara-se uma espécie de não-ser depois de sua morte. As pessoas que ali estavam para prestigiar o espetáculo de ver uma rainha da França decapitada, rapidamente se dispersaram, enquanto o corpo e a cabeça da vítima permaneciam insepultos no cemitério da Rue d’Anjou, esperando que outros cadáveres se juntassem ao dela para que fossem enterrados em conjunto. Só em 1 de Novembro (um dia antes de Antonieta completar 38 anos), foi que os seus restos mortais encontraram breve repouso, numa tumba não identificada. Os coveiros, por sua vez, não hesitaram em enviar à secretaria cívica os custos de seus serviços: pelo caixão, 6 livres; pelo túmulo e força de trabalho, 15 livres e 35 sous. Quanto aos demais objetos da ex-rainha deixados na prisão, estes foram divididos entre as presas da Salpêtrière.
Com a ascensão de Luís XVIII (irmão de Luís XVI) ao trono, fora dada uma ordem de busca pelos restos mortais dos monarcas, sepultados no cemitério da Rue d’Anjou. O corpo de Maria Antonieta fora encontrado primeiro, já bastante deteriorado devido à cal viva. Porém, segundo o relato de um dos membros da equipe de inspeção, a cabeça dela ainda estava inteira, reconhecível especialmente pelo seu lábio Habsburgo. Destarte, as ligas elásticas que ela usava no dia de sua execução, além de um pouco de cabelo, estavam perfeitamente preservados. Os remanescentes humanos do rei, por sua vez, foram descobertos no dia seguinte. Depois disso, ambos foram novamente sepultados na catedral de Saint-Denis, com toda a pompa e cerimonial dignos de um rei e rainha da França. Uma escultura, localizada no recinto principal da catedral, representa uma versão idealizada do casal real em oração.

Efígies da rainha Vitória e do príncipe Albert, sobre o seu túmulo conjunto no Mausoléu em Frogmore.
Após a morte de seu marido, príncipe Albert de Saxe-Coburgo, em 14 de dezembro de 1861, a rainha Vitória ordenou a construção de um esplêndido mausoléu, em Frogmore (Berkshire), destinado a receber o corpo do marido e, futuramente, o seu próprio. Uma vez finalizado, o lugar costumava ser periodicamente frequentado pela soberana, que manteve luto pelos próximos 39 anos de sua vida. Quando Vitória faleceu, em 22 de janeiro de 1901, a rainha foi sepultada no mesmo túmulo do marido. Duas belíssimas efígies do casal real foram colocadas sob o local, escolhido como seu repouso eterno. Acredita-se que o mausoléu tenha custado cerca de 200,000 libras esterlinas, pagas por Victoria com seu próprio dinheiro. De acordo com os desejos de Albert, ela pediu ao seu conselheiro alemão de artes, Ludwig Gruner, que projetasse a estrutura segundo um mausoléu erguido em Coburgo para o pai do principe, o duque Ernest I. Duas efígies de mármore para a rainha e seu príncipe consorte também foram criadas simultaneamente para que Vitória não parecesse mais velha que Albert (a rainha faleceu aos 81 anos, enquanto seu marido aos 42).
Acima da entrada, uma inscrição dizia: “Adeus ao mais amado, por fim vou descansar contigo, contigo em Cristo ressuscitarei”. A rainha permaneceu uma visitante frequente do mausoléu por mais de quarenta anos. Ela costumava ir lá para rezar, meditar e até mesmo consultar o príncipe antes de assinar documentos. Ela sobreviveu ao marido por 40 anos, até falecer em Osborne House, na Ilha de Wight, em 22 de janeiro de 1901. A rainha manifestara o desejo de que, em vez do tradicional preto do luto, as residências fossem enfeitadas com panos brancos e cor de malva. “Todos choram e as persianas das casas estão abaixadas. É um luto real, pessoal”, escreveu Josephine Butler. Em seguida, o comboio se dirigiu para o castelo de Windsor, para um breve serviço religioso na capela de São Jorge. No dia 4, o ataúde foi finalmente depositado no Mausoléu construído em Frogmore quatro décadas antes, para repousar ao lado do corpo do príncipe Albert. Uma efígie tumular esculpida em mármore apresenta a rainha com feições mais jovens. Seu rosto se encontra inclinado para o do marido, como se na morte eles finalmente pudessem se reencontrar.
Elizabeth II do Reino Unido

Lápide na capela privada do rei George VI, indicando o local de sepultamento do monarca, de sua esposa, a rainha Elizabeth Bowes-Lyon, do príncipe Philip e da rainha Elizabeth II.
Conforme desejo expresso pela própria monarca, ela foi sepultada na mesma cripta localizada na vala real, no subsolo da Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, na qual jazem os corpos de seu pai, de sua mãe e as cinzas de sua irmã. Na placa de mármore preto, que antes continha apenas os nomes do rei George VI e de Elizabeth, a rainha-mãe, foram acrescentados os da rainha Elizabeth II e o do príncipe Philip, cujo caixão fora transladado para o mesmo local de repouso de sua esposa. No meio do Memorial, podemos ver a Grande Estrela da Ordem da Jarreteira, a mais antiga insígnia de cavalaria da Inglaterra. Após a perda do pai, Elizabeth II se apegou com vigor à sua mãe e irmã. Juntas, as três formavam uma forte triarquia, que comandou a Casa de Windsor pelos próximos 50 anos. “O meu maior medo”, confessou a rainha a uma amiga, “é de que a mamãe morra e em seguida a Margaret. E me deixem sozinha”. No ano de 2002, quando Elizabeth celebrou seu Jubileu de Ouro, a cripta recebeu as cinzas da princesa e logo depois o corpo da rainha-mãe, falecida 40 dias depois da filha mais nova.
Apenas o príncipe Philip, que havia se juntado à família original de quatro membros em 1947, permaneceu ao seu lado. Até que o duque de Edimburgo também se foi. “Ele deixou um profundo vazio em minha vida”, disse a rainha Elizabeth II sobre a morte do marido, falecido na sexta-feira, dia 09 de abril de 2021. Eles haviam sido casados por 73 anos e juntos foram pais de 4 filhos, avós de oito netos e bisavós de onze crianças. Imaganava-se que um túmulo imponente, como o da rainha Vitória em Frogmore, fosse construído para sua trineta, que a superou como a monarca mais longeva da história do Reino Unido, celebrando este ano o seu Jubileu de Platina. A vontade da rainha, porém, era que não se fizesse um grande monumento em pedra honrando sua memória. Com a mesma resiliência e sobriedade demonstrada em 70 anos de reinado, ela aguardou um ano e quatro meses para que finalmente pudesse se reunir ao seu pai, mãe, irmã e marido. Agora, todos estão juntos mais uma vez!
Bibliografia consultada:
ÁLVAREZ, Manuel Fernández. Juana La Loca: La Cautiva de Tordesillas. Barcelona: Espasa Calpe, 2007.
DUNN, Jane. Elizabeth e Mary: primas, rivais, rainhas. Tradução de Alda Porto. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
FRASER, Antonia. Mary queen of Scots. New York: Delta, 2001.
MARR, Andrew. A real Elizabeth: uma visão inteligente e intimista de uma monarca em pleno século 21. Tradução de Elisa Duarte Teixeira. São Paulo: Editora Europa, 2012.
SOUSA, Maria Leonor Machado de. Inês de Castro: um tema português na Europa. 3ª ed. Lisboa, Portugal: Caleidoscópio, 2020.
TREMLETT, Giles. Isabel de Castela: a primeira grande rainha da Europa. Tradução de Geni Hirata. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.
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