Livro

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Em 2 de outubro de 2012, eu dava início a um novo projeto: compartilhar com o público de leitores interessados os resultados de minhas leituras e reflexões acerca da história das mulheres na realeza europeia e brasileira, através de um blogue. O título escolhido para o mesmo fazia uma referência às vidas de Ana Bolena, rainha consorte da Inglaterra, Mary Stuart, rainha reinante da Escócia, e Maria Antonieta, rainha consorte de França. Apesar de terem vivido em épocas e lugares diferentes, essas três soberanas estavam ligadas mais do que pela mesma morte. Suas vidas possuíam aquele toque de esplendor e tragédia que as tornavam irresistíveis para aqueles que pesquisavam casos ligados ao regime monárquico. Assim nasceu o blogue “Rainhas Trágicas: mulheres notáveis que fizeram história”. A princípio, era um projeto simples e despretensioso, com o único propósito de divulgar meus conhecimentos a respeito destas três soberanas e ao mesmo tempo aprender mais sobre elas. Com o tempo, esse espaço foi crescendo cada vez mais e abarcando uma série de temas e personalidades que iam muito além do que eu havia originalmente proposto.

Com efeito, cada nova figura de soberana encontrada em minhas pesquisas, como Joana I de Castela ou a rainha Vitória, renderam debates calorosos no blogue, entre mim e o público de leitores que fui conquistando nesses quatro anos de trabalho. O “Rainhas Trágicas” recebe hoje acessos de vários países e agrega um número de seguidores que vai além do Brasil ou de Portugal. São quase 2.000 acessos por dia e aproximadamente 60.000 ao mês. Diante disso, considero o projeto como bem-sucedido, tanto que recebi do editor Guilherme Pires, representante da Vogais Editora, a proposta de transformar o material publicado no blogue em livro. Aceitei o desafio de compilar os textos, editando-os, reescrevendo-os, acrescentando novas informações e notas de rodapé. Não obstante, foram escritos textos inéditos para o corpo livro. O resultado dessa tarefa, portanto, será submetido à apreciação do leitor.

Tudo começou com Ana Bolena. Num dia qualquer do ano de 2009, ouvi dos lábios de um conhecido a seguinte frase: “Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica para se casar com Ana Bolena, que era uma concubina”. Pouco depois, assisti ao filme “The Other Boleyn Girl” (2008), adaptação cinematográfica do romance homônimo de Philippa Gregory. Impressionado com o enredo da obra, decidi pesquisar mais a fundo acerca daquela personalidade e me deparei com uma rainha totalmente diferente daquela que eu acreditava conhecer: mais humana e compassiva do que a mulher vil e inescrupulosa que alguns veículos de propaganda costumam divulgar. Ao ingressar na faculdade de história da UESC, em Ilhéus (Brasil), me interessei por outras figuras femininas que foram injustiçadas por uma interpretação equivocada, entre as quais Mary Stuart e Maria Antonieta, citadas anteriormente, assim como Catarina de Médicis, Margarida de Valois, Carlota Joaquina e a Dona Leopoldina de Habsburgo. O fascínio que essas rainhas exerceram sobre mim mudou a forma como eu compreendia o lugar das mulheres na história, me levando a estudar mais sobre esse tema.

Renato Drummond, idealizador do blog "Rainhas Trágicas" e autor do livro homônimo, lançado pela editora Vogais (foto de Martharluan Silva).

Renato Drummond, idealizador do blog “Rainhas Trágicas” e autor do livro homônimo, lançado pela editora Vogais (foto de Martharluan Silva).

O livro chega às mãos do leitor composto de 10 capítulos, cada um deles apresentando um perfil diferente de soberana, seja ela uma rainha consorte, regente ou reinante. A intenção por trás da obra é apresentar ao público uma análise da vida destas monarcas à luz das recentes pesquisas desenvolvidas na área da história das mulheres, contribuindo para essa desconstrução de estereótipos que, por sua vez, mancharam a representação destas figuras femininas através dos séculos.  Com efeito, destacamos que os fatos aqui narrados não devem ser vistos isoladamente, uma vez que eles se relacionam entre si. Os acontecimentos abordados tiveram reflexo em outras épocas e contextos, como é o caso da Reforma Religiosa no século XVI ou a Revolução Francesa no Século XVIII. De Isabel de York à rainha Vitória, o papel político da soberana mudou consideravelmente e de forma gradativa. Esperamos que através da leitura dos capítulos, o leitor perceba essa evolução no comportamento das rainhas e como elas foram, pouco a pouco, rompendo com o ideal de submissão feminina e conquistando maior participação política, usando das armas de que dispunham para tanto.

Confira abaixo a sinopse do livro:

Uma rainha deveria ser recatada, inspirar respeito e ser modelo de virtude para todas as mulheres do reino. Enquanto princesa, recebia uma educação que a preparasse para servir ao marido e ao Estado. Uma vez esposa do monarca reinante, a sua principal obrigação era prover a coroa de herdeiros varões.

Contudo, algumas soberanas decidiram romper com o padrão de retidão feminina que lhes fora imposto, adotando uma nova conduta social, o que implicou uma reavaliação de papéis dentro da própria instituição.

Em Rainhas Trágicas, o historiador Renato Drummond Neto traz ao leitor a vida de 15 soberanas que deixaram a sua marca na História, tais como Ana Bolena, Mary Stuart, Maria Antonieta, Maria I de Portugal ou Carlota Joaquina, e mostra de que forma transcenderam as regras do período em que viveram, pagando, por vezes, um preço demasiado alto.

São diferentes perfis de mulher que, apesar de parecerem distintos, se complementam, mostrando, assim, a força e o poder feminino no regime monárquico.

Conheça as vidas de:

• Isabel de York • Margarida de Valois • Isabel I de Castela

• Vitória I do Reino Unido • Joana I de Castela

• Maria I de Portugal • Ana Bolena • Maria I de Inglaterra

• Elizabeth I • Mary Stuart • Catarina de Médici

• Maria Antonieta de Habsburgo-Lorena

• Carlota Joaquina de Bourbon • Maria Leopoldina da Áustria

• Amélia de Leuchtenberg

“Rainhas Trágicas:quinze mulheres que moldaram o destino da Europa” estará disponível para a venda nas livrarias de Portugal a partir do dia 04 de julho de 2016. Por enquanto, sem previsão de lançamento no Brasil. Conheça a página da obra no site da editora Vogais

Renato Drummond Neto é historiador, licenciado pela Universidade Estadual de Santa Cruz e mestrando em Memória: Linguagem e Sociedade, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 

Mantém, desde 2012, o site Rainhas Trágicas, dedicado à vida de mulheres célebres que deixaram a sua marca na História, além de colaborar com outras publicações relativas ao tema. 

Rainhas Tragicas Cover