Por: Renato Drummond Tapioca Neto
O processo de colonização da África, da Ásia e da América, que começou no século XVI e se intensificou com o passar dos anos, destruiu muito do conhecimento baseado na tradição oral, que era transmitido de geração após geração. Na África subsaariana, por exemplo, onde a memória coletiva era exercitada continuamente, famosas eram as narrativas de reis e guerreiros, que lutaram grandes batalhas e governaram poderosos reinos. Com o tempo, as histórias se tornaram lendas. Teria existido mesmo uma rainha chamada Amina de Zaria, que comandou o norte da atual Nigéria? O que dizer então de Jinga de Angola, Ranavalona de Madagascar, ou as famosas Makeda (mais conhecida como rainha de Sabá) e Cleópatra VII? Muito sobre o que foi dito acerca dessas e de outras mulheres negras foi filtrado pelo olhar do colonizador, quase nunca com benevolência. Em alguns textos, elas aparecem como bárbaras e selvagens, dentro de uma ótica eugenista, que via no modelo europeu um parâmetro civilizacional para o resto do mundo. No entanto, as mulheres negras tiveram um papel importantíssimo na história, seja no continente africano, americano ou asiático. As narrativas sobre as grandes heroínas do passado conseguiram sobreviver ao processo e aculturação e encontraram receptáculo nas suas descendentes de hoje, sejam elas princesas, rainhas ou plebeias. Todas elas foram e são verdadeiras guerreiras, lutando contra uma estrutura social que inferioriza os seres humanos de acordo com a cor da sua pele, pela classe e pela religião. Nessa matéria, selecionamos oito trajetórias inspiradoras de princesas negras, tanto do passado quanto do presente!
AMINA DE ZARIA (NIGÉRIA)
Uma das maiores lideranças femininas a emergir no cenário africano do século XVI, a rainha Amina de Zaria (ou Zazzau) se destacou por seu pragmatismo e coragem em combate, frente aos obstáculos impostos pelo patriarcado, ou pela presença de reinos rivais. Assim como ocorreu com Jinga de Matamba (outra grande soberana que viria a governar parte da região de Angola no século seguinte), as habilidades de Amina foram logo notadas por seu avô, que lhe permitiu maior participação nos conselhos de guerra e em reuniões de chefes. Possivelmente nascida no ano de 1533, numa região ao norte da Nigéria, ela era a mais velha de três irmãos, filha de Bakwa de Turunku, considerado um monarca bastante influente naquela localidade e que tomou sob sua responsabilidade a tarefa de educar Amina para se tornar uma líder de destaque. Ela provinha de uma família rica, que fez fortuna com a venda de produtos, tal como sal, animais e de metais importados. Desde cedo, a jovem superou as expectativas de sua família, aplicando-se especialmente nos estudos das tradições e na língua de seu povo.

Retrato imaginado de Amina de Zaria.
Enquanto os soldados de Zaria eram treinados para o combate, a princesa os assistia atentamente, aprendendo com eles táticas e lições de guerra que ela veio a utilizar nas muitas batalhas que travaria, anos mais tarde. Em 1566, Bakwa de Turunku faleceu. Na época, Amina já era uma mulher de 33 anos, solteira e sem filhos. Conforme o costume haussa, o monarca passou a liderança de Zaria para o filho mais novo, chamado Karama. Seu governo, porém, não durou muito tempo. Dez anos após ascender ao trono, Karama faleceu, deixando assim o caminho livre para a irmã se tornar rainha reinante. Aos 43 anos, Amina era muito popular, tanto entre sua gente, quanto entre as forças armadas com quem treinou na juventude e compartilhou valiosas lições. Sua fama como guerreira destemível, por sua vez, já era conhecida para além dos domínios que herdara. Em 1576, ela assumiu pessoalmente as rédeas do governo, tornando-se a soberana de Bakwa. Seu reinado durou por um período de aproximadamente 35 anos e foi marcado por grandes avanços no plano econômico e militar.
SARAH FORBES BONETTA
Em 15 de agosto de 1880, falecia de tuberculose em Funchal, na Ilha da Madeira, Sarah Forbes Bonetta, a princesa africana que foi escravizada e dada como “presente diplomático” ao capitão inglês Frederick Forbes, em 1850. Por volta dessa época, Sarah conheceu a soberana do Reino Unido. Ela tinha apenas 7 anos e Vitória a achou “afiada e inteligente”. Libertada do cativeiro, a rainha tomou a criança sob sua proteção, pagando por sua educação e demonstrando constante interesse sobre a sua vida de e a de sua família. A história de Sarah Bonetta com a rainha Vitória começa quando o capitão da Marinha Inglesa, Frederick Forbes, chegou ao reino Daomé para forçar seu soberano a abolir o tráfico transatlântico de escravizados. De acordo com os registros dos ingleses, as negociações entre o rei Gezo Daomé e o capitão Forbes não obtiveram êxito. Contudo, é bastante intrigante o fato de que o monarca, supostamente, tenha “presenteado” Forbes com uma menina como sua escravizada e ele a aceitado.

Fotografia da princesa Sarah Forbes Bonetta.
Segundo a história que Frederick contou à rainha Vitória, Sarah (cujo nome era Aina) havia nascido em uma importante família iorubá, quando sua tribo foi saqueada pelos soldados de Gezo. Seus pais, infelizmente, foram mortos no conflito e a pequena ficou órfã aos 5 anos. A partir de então, ela teria sido obrigada a cumprir todas as vontades do rei de Daomé. Após recebê-la do soberano, Frederick Forbes rebatizou a menina com o nome de Sarah, tal como seu navio, e teria lhe dado o seu sobrenome, Forbes. Ao conhecer a pequena Sarah no castelo de Windsor, a rainha Vitória escreveu que ficou entristecida demais com a narrativa de sua vida e então a tomou sob seus cuidados, até o ano de 1862, quando a jovem se casou com James Davies, um rico comerciante de Serra Leoa, cujos pais haviam sido escravizados. Em reconhecimento, a jovem deu o nome de Vitória à primeira filha que ela teve com James. Assim como fizera com a mãe, a rainha também tomou a pequena Vitória como sua afilhada e pagou pela sua educação. Infelizmente, Sarah Bonetta não teve uma vida longa, falecendo aos 37 anos.
RANAVALONA III DE MADAGASCAR
Em 28 de fevereiro de 1897, a rainha Ranavalona III de Madagascar era destronada pelos franceses, durante a expansão imperialista na Ilha. Nascida em 22 de novembro de 1861, Ranavalona III era neta do rei Radama I e foi escolhida entre seus parentes para suceder a rainha Ranavalona II em 1883. Infelizmente, seu reinado coincidiu com as tentativas frustradas da Coroa de Madagascar de manter sua soberania, em detrimento dos avanços das tropas francesas. Situada ao largo da costa de Moçambique, a Ilha de Madagascar é um dos maiores arquipélagos do mundo, compreendendo também outro conjunto de Ilhas. No início do século XIX era um território composto por vários grupos étnicos, entre os quais se destacavam os merina, que habitavam no planalto central da Ilha, chamado de Imerina (“o país que se vê de longe”). Ali se instalou uma classe de privilegiados que controlava a maior parte do local. Como o recenseamento demográfico não era uma prática comum no período, apenas a partir de 1865 é que podemos estipular um número aproximado de 5 milhões de habitantes, dos quais 800.000 foram classificados como merina.

Fotografia digitalmente colorida de Ranavalona III.
Por outro lado, os demais grupos étnicos malgaxes falavam a mesma língua e, salvo algumas exceções, possuíam costumes e práticas religiosas parecidas. Assim, pode-se dizer que havia naquela região certa unidade cultural. Como tinham maior representatividade, os dirigentes de Imerina se instalaram em Antananarivo (atual capital) e foi a partir dessa cidade que surgiu a primeira linhagem de reis que governou a maior parte de Madagascar. Dentre eles, Adrianampoinimerina é considerado o fundador do reino, tendo consolidado seu poder com a unificação e expansão dos seus territórios. Ranavalona III, entretanto, ficaria conhecida como a última soberana de Madagascar, que em seguida passou a ser uma colônia francesa até finalmente conquistar sua independência no século seguinte como uma República. Ranavalona III faleceu na Argélia, em 23 de maio de 1917, aos 55 anos, depois de ter defendido seu trono por mais de um década.
YAA NANA ASANTEWA (GANA)
Nascida na década de 1840 como membro da realeza Asona, do clã Besease (centro de Gana), Yaa Nana Asantewaa pertencia à linhagem de bancos de Edweso. Seus pais eram pertencentes à aldeia de Ampabame em Kumasi (uma casa ancestral do povo Ashanti). Quando criança, ao lado de seu irmão Kwasi Afrane, Nana era considerada uma menina com muitas habilidades e que tinha especial interesse pela agricultura e pela administração local. Quando Kwasi Afrane subiu a trono como rei de Edweso, sua irmã foi dada em casamento a Owusu Kwabena, sétimo neto do rei Osei Yaw Akoto, que governara Ashanti de 1824 a 1834. Yaa Asantewaa assumiu as rédeas do governo como regente de Ejisu Juaben. Em março de 1900, o governador britânico Sir Frederick Hodgson apresentou uma série de exigências ofensivas e ameaças à família real, que permanecia confinada na ilha de Seychelles, no Oceano Índico. A rainha regente estava presente numa reunião para a leitura atenta dos termos de rendição proposto por Hodgson, quando o governador exigiu que o Trono Dourado de Ashanti fosse entregue à rainha Vitória.

Único registro fotográfico da rainha-mãe da nação Ashanti, Yaa Nana Asantewaa.
O argumento era de que, após a capitulação de Agyeman Prempeh I, a soberana inglesa passava a ser a soberana legítima daquela nação. Durante a resistência, Yaa Asantewaa reuniu um comando de mais de 5.000 soldados (alguns dizem 20.000) e então sitiou o Forte Kumasi. O episódio mais brutal do conflito anglo-ashanti ficou conhecido como Guerra do Tamborete ou Trono de Ouro, que se arrastaria por meses. Liderados por Yaa Asantewaa, os ashanti travaram uma luta injusta contra as armas de fogo dos imperialistas, que os impediu de marchar além do Forte Kumasi. O heroísmo da rainha-mãe, por sua vez, acabou se tornando inspiração para muitos movimentos de lutas anti-imperialistas na segunda metade do século XX e os detalhes sociais de sua vida contribuíram para a organização de muitos movimentos feministas africanos, que viram em Nana um modelo político a ser seguido. São essas qualidades que fazem de Yaa Asantewaa uma das figuras centrais do matriarcado, do feminismo e da liberdade dos povos africanos.
LILI’UOKALANI, ÚLTIMA SOBERANA DO HAVAÍ
A rainha Lili’uokalani, última soberana do Havaí, cujo reinado durou de 1891 até 1893, quando seu reino se proclamou uma república. Em 1898, foi anexado pelos Estados Unidos. A monarca ascendeu ao trono após a morte de seu irmão, o rei Kalãkaua, casado com a rainha consorte Kapi’olani. Como o casal não teve filhos, o poder passou para as mãos de Lili’uokalani. Nascida em 2 de setembro de 1838, em Honolulu, a monarca recebeu uma boa educação, que incluía também a música. Dizem que um os passatempos favoritos da nova monarca consistia em tocar o seu ukulele, compondo deliciosas melodias. Foi casada de 1862 até o ano de 1891 (quando ascendeu ao trono do Havaí), com John Owen Dominis. Após a morte do marido, com quem teve três filhos adotivos, batizados de Lydia Kaʻonohiponiponiokalani Aholo, John ʻAimoku Dominis e Joseph Kaiponohea Dominis, a soberana não tomou um novo consorte. Em vez disso, resolveu governar emancipada de qualquer influência masculina, mesmo que por um curto espaço de tempo.

Fotografia digitalmente colorida de Lili’uokalani, última soberana do Havaí.
Não obstante, a rainha Lili’uokalani era uma mulher resoluta, forte e inteligente. A soberana era uma defensora da autonomia nacional e se recusou a se um fantoche nas mãos do governo americano. Dois anos após chegar ao poder, ela foi destronada em decorrência de uma Revolução Civil, liderada por descendentes de norte-americanos, principalmente empresários, que queriam que o Havaí fizesse parte dos Estados Unidos. No ano seguinte, o país era transformado em uma República unida ao governo norte-americano. Esse foi um duro golpe para a rainha Lili’uokalani, que havia sido feita prisioneira no seu Palácio ʻIolani. Com poucas alternativas, ela abdicou formalmente ao trono em 1896, em troca de sua liberdade e da de seus seguidores. Sem forças para continuar lutando por seu trono perdido, ela acabou falecendo em 11 de novembro de 1917, no Hotel Washington Place, em Honolulu, no Havaí, aos 79 anos. Ela pode ser considerada não apenas a última rainha do Havaí, como também a última monarca de um país nas Américas.
SARAH CULBERSON, PRINCESA DE SERRA LEOA

Fotografia de Sarah Culberson, princesa de Serra Leoa.
Nascida em 1976 como o nome de Esther Elizabeth Kposowa, Sarah cresceu dentro de um lar adotivo. Quando adulta, resolveu saber mais a respeito da verdadeira identidade dos seus pais biológicos. Sendo assim, ela iniciou uma investigação sobre suas origens. O resultado das buscas a deixou mais do que surpresa. Afinal de contas, ela era neta de reis africanos e, portanto, membro da realeza. Sarah descobriu em 2004 que sua mãe era uma mulher chamada Lenny, que havia morrido vítima de câncer 12 anos antes e que seu pai era ninguém menos que Joseph Konia Kposowa, da família real Mende. Seu avô era o chefe supremo de Bumpe em Serra Leoa, o que fazia dela uma princesa. Depois de conhecer seu pai verdadeiro, Joseph, ele lhe contou que, na época de seu nascimento, tanto ele quando sua mãe eram estudantes universitários e que, desesperados com a revelação da gravidez, a colocaram para adoção por se considerarem muito jovens e imaturos para cuidar de uma bebê. Sarah então perdoou o pai biológico pelo erro cometido durante a juventude e, depois disso, foi acolhida no seio da família real de Serra Leoa e oficialmente reconhecida como uma princesa Bumpe. Hoje em dia, ela é uma atriz, modelo, pedagoga e escritora norte-americana.
SYLVIA NAGGINDA, RAINHA DE BUGANDA

Fotografia da rainha Sylvia de Buganda!
Em 9 de novembro de 2022, a rainha Sylvia Nagginda de Buganda (um dos reinos dentro de Uganda, na África), completa 58 anos de vida! Nascida em 1964 em Londres, no Reino Unido, Sylvia era filha de Mulumba Luswata de Nkumba com Rebecca Nakintu Musoke. Sendo assim, ela pertencia a duas das famílias mais importantes da região de Uganda. Não obstante, Sylvia recebeu uma educação formal tanto em sua terra natal, onde aprendeu seus costumes e tradições, como na Inglaterra e nos Estados Unidos. Na América do Norte, por sua vez, ela frequentou a City University of New York, na qual recebeu o diploma de bacharel em Artes e depois obteve o grau de mestre em Artes com extensão em Comunicação pelo Instituto de Tecnologia de Nova York. Uma vez formada, ela começou a trabalhar como Consultora Oficial de Informação Pública e Consultora de Pesquisa na Sede das Nações Unidas, em Nova York. Depois de passar 18 anos de sua vida nos Estados Unidos, Sylvia retornou para Uganda, onde começou um relacionamento com o rei Muwenda Mutebi II de Buganda. Os dois se casaram em 1999 e atualmente são pais da princesa Katrina Sarah Ssangalyambogo, nascida em 2004. Em seu papel como rainha consorte, Sylvia é uma árdua defensora da educação para as mulheres e para crianças em situação de carência, formecendo bolsas de estudo. Ela também é uma das fundadoras da associação African Queens and Women Cultural Leaders Network, que tem por objetivo a “melhoria de vida de mulheres e crianças na África”.
KEISHA OMILANA, PRINCESA DA NIGÉRIA

Retrato de Keisha Omilana, princesa da Nigéria.
Nascida em Inglewood, na Califórnia (EUA), Keisha era uma jovem negra batalhando em busca do sonho de se tornar uma Top Model. Tendo se formado em Design de Moda em Chicago, ela se mudou para Nova York, onde iniciou a sua carreira como modelo, trabalhando posteriormente para marcas como L’Oreal, Maybelline, Revlon, Cover Girl e, principalmente, Pantene. Num certo dia do ano de 2004, enquanto estava parada em frente ao W Hotel, um homem de aparência e porte distinto se aproximou. “Eu podia sentir essa presença me fitando, olho para cima e vejo este belo cavalheiro parado lá”, disse Keisha à revista Insider. “E ninguém fica parado em Nova York. Todos estão a caminho de algum lugar, se movimentado, andando. Ele veio até mim e disse: ‘Você é a mulher mais linda que já vi em toda a minha vida. Me daria a honra de ter o seu número? Adoraria sair com você”. O que Keisha talvez não imaginasse naquele dia, transcorrido há mais mais de 16 anos, é que estava se encontrando pela primeira vez com seu futuro marido. E adivinhem só: ele era um príncipe! A história poderia ter sido inspirada pelo roteiro do filme Um príncipe em Nova York. Mas aqui o enredo foi totalmente real! Os dois namoraram por quase dois anos até Keisha descobrir a origem de seu parceiro. Atualmente, o casal possui dois filhos, o príncipe Adediran, de 15 anos, e a princesa Adediora, de 8.
Referências Bibliográficas:
ALEXANDER, Harriet. Nigerian prince rented out an entire New York City restaurant for his first date with his now-wife, who had no idea he was a royal. 2020. – Acesso em 11 de janeiro de 2021.
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ANOBA, Ibrahim. African Heroes of Freedom: Queen Mother Yaa Asantewaa of Ejisu. – Acesso em 04 de junho de 2020.
ESSENCE. Black Princess Diaries: Meet Keisha Omilana. 2011. – Acesso em 11 de janeiro de 2021.
EL-ZAHER, Sumaya. Amina the Warrior Queen of Zaria. 2020. – Acesso em 03 de junho de 2020.
HEYWOOD, Linda M. Jinga de Angola: a rainha guerreira da África. Tradução de Pedro Maia Soares. São Paulo: Todavia, 2019.
HOBSBAWM, Eric J. A era dos extremos: o breve século XX. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
Monitor. Sylvia Nagginda: The girl who became queen. – Acesso em 24 de Janeiro de 2023.
SILVÉRIO, Roberto Valter (Coord.). História Geral da África: pré-história ao século XVI. Brasília: UNESCO, 2013.
SILVÉRIO, Valter Roberto (Org.). Historia geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, 2013.