Bibliotecas do mundo: 10 lugares com histórias imperdíveis para quem é apaixonado por livros!

Por: Renato Drummond Tapioca Neto

O amor por livros e Bibliotecas é algo que atravessa a história da humanidade, desde que a prática da escrita foi desenvolvida pelas antigas civilizações por volta do século III a.C. Os primeiros acervos surgiram na Mesopotâmia, com placas de argila que continham informações que davam conta desde o censo demográfico até as maravilhosas aventuras da epopeia de Gilgamesh. A prática logo ganhou aderência em toda antiguidade, com o Egito fornecendo o precioso papiro para as Bibliotecas públicas da Grécia e de Roma, onde as obras de Homero eram copiadas muitas e muitas vezes. Famosas foram as instituições construídas nesse período, como a lendária Biblioteca de Alexandria ou a de Celso. Por mais de mil anos, o segredo guardo naqueles acervos permaneceu confinado em mosteiros, escondido como se fosse algo perigoso, até que a prática renasceu por volta do século XV d.C. e com ela o costume da leitura ressurgiu. A partir de então, cada castelo e/ou palácios teria sua própria Biblioteca, contendo títulos encadernados em couro e decorados com metais e pedras preciosas. O conhecimento que tais lugares comportava foi suficiente para abalar as estruturas das sociedades de antes da Era das Revoluções e construir os alicerces para o mundo conforme o conhecemos hoje. Nessa matéria, trouxemos alguns desses locais fascinantes, que não só contam um pouco da história da humanidade, como também inspiram e nos fazem lembrar da importância do livro físico, num momento em que o formato digital tenta tomar o seu lugar.

Biblioteca de Alexandria

Ilustração de como seria a Grande Biblioteca de Alexandria.

A construção da Grande Biblioteca de Alexandria começou sob o reinado de Ptolomeu I (305-285 a.C.) e foi completada no de seu filho e sucessor, Ptolomeu II (285-246 a.C.), que fez muitos pedidos de livros a outros governantes e acadêmicos para enriquecer a coleção. Segundo os historiadores Oakes e Gahlin, “havia espaço [na biblioteca] para até 70.000 rolos de papiro”. Muitos dos livros foram comprados, embora outros meios também fossem utilizados para adquiri-los: “com o intuito de adquiri obras cobiçadas, todos os navios que entravam no porto eram vasculhados. Todo o livro encontrado era levado para a biblioteca, onde se decidia se seria devolvido, confiscado ou substituído por outra cópia”. Até hoje ninguém sabe ao certo quantos títulos eram abrigados na Biblioteca de Alexandria, contudo, é possível fazer uma estimativa de 500.000 obras. Diz-se que Marco Antônio e Cleópatra teriam doado 200.000 livros para a instituição.

Biblioteca de Celso

Fachada restaurada da Biblioteca de Celso.

Talvez a Biblioteca mais famosa da antiguidade tenha sido a de Alexandria, no Egito, que reunia o conhecimento de todas as regiões que faziam parte do mundo helenístico. Mas, assim como o fabuloso farol que existia na cidade, a Biblioteca passou por incêndios e outros desastres que fizeram com que apenas seu nome restasse na história. Todavia, existe outra instituição famosa desse período, cuja fachada fora recentemente restaurada. Trata-se das ruínas da Biblioteca de Celso, construída por volta do ano de 135 d.C., na antiga cidade grega de Éfeso (na Turquia) em homenagem ao senador romano Tibério Júlio Celso Polemeano. O prédio foi praticamente destruído por um terremoto ocorrido em 262, mas as pedras de sua fachada permaneceram quase intactas, o que permitiu sua reconstrução entre as décadas de 1960 e 1970. Atualmente, é um dos exemplos mais antigos de como seria uma Biblioteca no período clássico, quando esse tipo de construção começou a se tornar popular em Grécia e Roma. Um dos muitos costumes dessa época era que cada Cidade-Estado enviasse escribas para as localidades vizinhas, com a função de transcreverem para papiros as obras que não constavam nos acervos das bibliotecas.

Biblioteca Nacional da Áustria

O magnífico interior da Biblioteca Nacional da Áustria.

O interior da Biblioteca Nacional da Áustria, em Viena. Sua estrutura foi construída durante a Baixa Idade Média pelos Habsburgo, dentro do Palácio Imperial, o Hofburg. Ao longo dos séculos, ela foi passando por sutis transformações, em sintonia com o estilo arquitetônico em voga. A família imperial austríaca tinha uma verdadeira devoção pela erudição. Os Sacro-Imperadores guardaram em suas residências tudo o que havia de mais recente no mercado de livros, desde manuscritos com iluminuras pintadas a ouro, cujas capas eram decoradas com pedras preciosas, até títulos impressos, graças à invenção de Gutenberg. Esta, por sua vez, possibilitou a difusão do conhecimento ao restante do mundo numa escala nunca antes vista, tornando o livro acessível até mesmo para os extratos mais baixos da sociedade. A família imperial austríaca, por sua vez, patrocinava muitos escritores, cientistas e filósofos, cujas obras acabaram parando nas prateleiras da Biblioteca do Hofburg. Até o ano de 1920, o local costumava ser chamada de Biblioteca do Tribunal de Justiça e sua coleção comporta um acervo de mais de 7,4 milhões de obras, sendo um dos maiores de todo o país.

Biblioteca do castelo de Marienburg

Interior da Biblioteca do castelo de Marienburg.

A belíssima biblioteca do século XIX no castelo de Marienburg, na Alemanha, com seu teto abobadado. Sua arquitetura é uma deliciosa mistura de gótico com neoclássico. As paredes, em formato octogonal, são preenchidas em cada um dos lados com nichos de madeira contendo estantes de madeira repletas de prateleiras, bustos, entre outros objetos. A Biblioteca ainda conta com mesas de leitura e uma belíssima coluna central, que serve de sustentáculo para toda a estrutura. Conforme podemos observar na imagem, o imaginário oitocentista tinha uma verdadeira fixação pelo romântico e pelo classicismo, algo que fica evidente nas obras produzidas nesse período.

Biblioteca Particular de Maria Antonieta

Fotografia da biblioteca pessoal de Maria Antonieta, no Palácio de Versalhes. Todos os livros são encadernados em couro marroquino, com o monograma da rainha na capa.

Um dos maiores mitos associados à imagem de Maria Antonieta consiste no seu suposto desinteresse pela prática da leitura. A imagem da rainha frívola, apaixonada por joias, festas e jogos de azar se enraizou mais no imaginário coletivo do que a de uma soberana que se interessava por História e Literatura. No entanto, Antonieta adorava ler e possuía uma Biblioteca Particular no Palácio de Versalhes repleta de milhares de livros encadernados em couro marroquino e estampados com o monograma da soberana. Entre os seus autores preferidos estava Beaumarchais, de As bodas de Fígaro, uma peça que a própria rainha interpretou no seu teatro no Petit Trianon. Inclusive, podemos ver na lista de gastos da rainha o pagamento de salários para seu próprio bibliotecário e para sua leitora particular, que lhe mantinha informada dos últimos lançamentos no mercado editorial e não raro participava de leituras coletivas com a rainha. Infelizmente, com a Revolução Francesa, muito da coleção de livros de Maria Antonieta se dissipou. Por isso, temos a impressão de que sua coleção particular não tinha tantos volumes, quando na verdade era uma das maiores de toda Versalhes.

Livraria Lello & Irmão (ou Livraria Chardron)

Escadarias principais da Livraria Lello & Irmão.

A belíssima Livraria Lello & Irmão (ou Livraria Chardron), localizada no Centro Histórico da cidade do Porto, em Portugal. Situada na Rua das Carmelitas, 144, nas proximidades da Torre dos Clérigos, a Lello & Irmão (além de Editora) é considerada como uma das mais belas livrarias do mundo. Atualmente, ela atrai milhões de escritores e turistas em todo mundo. Só em 2018, o prédio recebeu mais de um milhão de visitantes. O escritor espanhol Enrique Vila-Matas, correspondente do periódico britânico “The Guardian” e da editora australiana de guias para viagens “Lovely Planet”, por exemplo, é um de seus assíduos frequentadores. Curiosamente, suas escadarias, saguões e demais ambientes serviram de inspiração para a criação dos cenários da franquia “Harry Potter”. Seu estilo arquitetônico remete ao gosto em voga no início do século XX. Em virtude de seu valor histórico e artístico, ela acabou se tornando em uma importante fonte de renda local.

Biblioteca Jurídica de Munique

A aconchegante Biblioteca Jurídica de Munique, na Alemanha.

A Biblioteca Jurídica de Munique é um dos mais belos acervos de livros na Alemanha. Sua arquitetura estilo Art Déco é extremamente convidativa não apenas para os amantes de livros e estudiosos, como também para turistas em busca de um registro fotográfico na belíssima escadaria em espiral, ou então em um dos corredores do andar superior, repletos de estantes.

Biblioteca do Palácio de Liria

Biblioteca do Palácio de Liria onde se encontram algumas das cartas de Eugénia de Montijo.

O acervo da Fundação Casa de Alba, no Palácio de Liria, na Espanha, chefiada por Carlos Fitz-James Stuart, atual duque de Alba, possuí uma vasta coleção relativa à última imperatriz dos Franceses. Ela contempla tanto retratos, quanto cartas pessoais trocadas pela soberana com parentes e chefes de Estado, além de objetos de uso pessoal. é um dos mais importantes da Europa e contempla uma galeria com mais de 400 obras de arte, além de tapeçarias, peças decorativas e uma vasta compilação de documentos, que perfazem cerca de 18.000 volumes. Assim sendo, Eugénia merece ser lembrada como uma das mais importantes influencers do século XIX. Ela não só definiu o espírito de uma época, como também foi parte atuante de seus principais acontecimentos políticos. A soberana apoiou as pesquisa de Louis Pasteur e organizou diversas amostras científicas na França. Em sua homenagem, um asteroide no arquipélago no mar do Japão foi batizado de Eugénia e o Palais Royal foi reformado por seu marido em forma de “E”. Não obstante, Eugénia foi uma árdua defensora do direito ao voto feminino, apoiando movimento das sufragistas na Inglaterra.

Real Gabinete Português de Leitura

Interior do estonteante Real Gabinete Português de Leitura.

O imponente Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro. Fundado no século XIX, o prédio contempla um dos maiores acervos de livros e cultura lusófona no Brasil.

Livraria Dujiangyan Zhongshuge

Interior da belíssima e moderna Livraria Dujiangyan Zhongshuge.

A mais bela e imponente livraria da China, construída em Chengdu, com mais de 80.000 títulos em seu catálogo. Chamada de Dujiangyan Zhongshuge, a livraria foi construída pela firma de arquitetura X+Living. Sua estrutura interior possui um céu espelhado, que reflete as estantes de design moderno e o chão de piso escuro, criando assim um efeito espetacular aos olhos do visitante. No centro do espaço, colunas de estantes ocupam o lugar de destaque, com prateleiras e escadarias iluminadas. Curiosamente, elas foram projetadas de acordo com a topografia da região.

MATÉRIA EM CONSTRUÇÃO…

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