Por: Renato Drummond Tapioca Neto
A cerimônia de coroação é um dos momentos mais importantes na história de qualquer monarca. Embora não seja considerada o ponto de partida de seu reinado, sem dúvidas ela representa o ato mais simbólico dele. Nos antigos regimes, acreditava-se que durante a investidura o soberano era finalmente tocado pelo divino ao ser ungido com os óleos sagrados e proclamado pelo arcebispo, diante da nobreza e do povo, como um enviado de Deus para governar. O costume remonta aos tempos do imperador Carlos Magno, com fortes doses de influência da cultura clássica romana. Nesse contexto, tão importante quanto a sagração do rei ou rainha em eram os símbolos do poder usados em tais ocasiões. A coroa, logicamente, talvez seja o mais expressivo deles, seguida pelo cetro e pelo orbe. Contudo, a indumentária também exercia um apelo bastante significativo. Tecidos como seda e veludo, brocados de ouro e prata, peles como marta e arminho e joias cintilantes não serviam apenas meros adereços. Sua composição era estrategicamente pensada para representar a figura do monarca como uma espécie de semideus. Sobre o pano, eram costurados emblemas que faziam referência tanto aos seus domínios territoriais quanto aos seus poderes seculares. Isso também se aplicava aos trajes usados pelas rainhas, fossem elas consortes ou soberanas por direito próprio.
Ao longo dos séculos, os vestidos usados pelas soberanas nas monarquias europeias tinham uma dupla funcionalidade: eles não apenas representavam seu status real, como também ajudavam a movimentar a manufatura de tecidos, lançando tendências que mais tarde poderiam ser copiadas por mulheres da aristocracia. Infelizmente, as vestes de coroação mais antigas de que dispomos remontam ao século XVIII, na Rússia. Com exceção do traje de corte da rainha Margrethe I da Dinamarca no século XIV, que se encontra preservado num museu em Copenhage, dispomos apenas de descrições e imagens feitas das vestes usadas pelas rainhas de períodos anteriores. Com base em algumas delas, foi possível recriar, por exemplo, o conjunto que a rainha Elizabeth I da Inglaterra usou quando foi coroada na Abadia de Westminster em 1559, ou o vestido da imperatriz Elisabeth da Áustria, feito para sua coroação como rainha consorte da Hungria. Por outro lado, algumas peças se encontram muito bem preservadas em museus, oferendo assim vislumbre do momento solene em que estas mulheres foram coroadas. Em cada uma delas, pode-se notar um forte apelo à cultura e às tradições de cada reino. Essa era uma forma de demonstrar a identificação da monarca para com seus súditos.
Logo após a cerimônia de coração, chegava o momento de posar para os retratos oficiais, produzindo assim uma imagem de imponência que perdurasse pela posteridade. Nessa matéria, selecionamos alguns dos vestidos de coroação mais sugestivos, que representam toda a ideia por trás da confecção de cada uma dessas peças, que ultrapassava a mera frivolidade, ao mesmo tempo em que serviam como uma espécie de parâmetro que distinguia o poder e a autoridade da figura da soberana daqueles que compunham a sua corte.
Recriação do robe de coroação da rainha Elizabeth I da Inglaterra

Recriação dos trajes de coroação da rainha Elizabeth I, para o filme “Elizabeth” (1998).
Retrato da coroação da rainha Elizabeth I, pintado no final do século XVI a partir de um original (hoje perdido), datado de 1559. Ao lado, a atriz Cate Blanchett interpretando esse momento no filme “Elizabeth”, de 1998. Cate veste uma recriação perfeita dos trajes da rainha na cena. Elizabeth usa o mesmo robe e estola forrados com pele de arminho que foram usados por sua irmã, Maria I Tudor, na sua própria coroação. O vestido em amarelo ouro foi bordado com o mesmo padrão floral do manto. A monarca também está ricamente coberta com joias adornadas com pérolas naturais em formato de gota, rubis e topázios. Seus cabelos ruivos caem delicadamente atrás do manto, enquanto a Coroa lhe adorna a fronte. Com uma das mãos ela segura um orbe, que representa seus domínios sobre Inglaterra, Irlanda e Gales, enquanto com a outra mão ela segura o cetro real, símbolo de seu poder e direto de governar.
Os robes da coroação da rainha Vitória, em 1838
Para a sua coroação, no dia 28 de junho de 1838, a rainha Vitória usou três robes diferentes, hoje ainda preservados na Coleção Real. Primeiramente, ela usou um traje amarrado à cintura por um cordão com borda de ouro, cujo corte frontal permitia visualizar a anágua de cetim branco adornada com enfeites dourados, que recaia em dobras fartas, formando assim uma longa cauda. Completava o traje da jovem rainha um manto de veludo carmesim, debruado com renda dourada e forrado com pele de arminho. Após ser ungida com os óleos sagrados, Vitória se retirou para a capela de Santo Eduardo, o “pequeno e escuro oratório, situado bem atrás do altar da Abadia”, onde deveria se paramentar para a cerimônia da coroação. Removendo o manto vermelho e o diadema, ela vestiu “um traje singular, de uma espécie de linho com renda” coberto por um manto forrado com seda carmesim e renda dourada, bordado a fios de ouro e prata. Foi usando esse manto que Vitória recebeu a coroa e se sentou no trono de Eduardo, o Confessor, conforme podemos ver nas pinturas. Depois disso, a rainha substituiu o traje por uma roupa de linho e uma túnica dourada atada à cintura, com a qual recebeu as homenagens dos súditos, que iam lhe beijar a mão. Veja as imagens abaixo, oriundas da Royal Collection Trust.

Acervo: Royal Collection Trust
Primeiro dos robes que a rainha Vitória usou no dia de sua coroa, com o qual ela chegou na Abadia de Westminster, em 28 de junho de 1838. A peça é coberta por uma túnica de veludo carmesim, com brocado dourado, forrada em seu interior com pele de arminho. Não obstante, uma estola com o mesmo material também encobre a região dos ombros do traje. Ele é atado na cintura por dois cordões, que prendem o manto a um vestido de seda branca com franjas de ouro costuradas na barra da saia. Vitória voltaria a usar esse conjunto para o magnífico retrato que Winterhalter lhe pintou em 1859, quando ela completou 40 anos de idade. Na cabeça, o belíssimo diadema de diamantes, ou diadema de Estado, usado por todas as soberanas britânicas até a rainha Elizabeth II.

Acervo: Royal Collection Trust
Durante o serviço religioso da coroação, a rainha Vitória trocou o magnífico robe de veludo carmesim por outro de brocado dourado, bordado com várias rosas Tudor inglesas, o cardo escocês, o alho-poró galês e o trevo da Irlanda, ou seja, as flores que simbolizam as quatro nações que compõem o Reino Unido. O interior, por sua vez, é forrado com seda vermelha. Por baixo do manto, Vitória usou um simples vestido de musselina branca. Foi usando esses trajes que ela foi solenemente coroada soberana reinante do Reino Unido e fez os votos tradicionais de proteger a fé, servir à Coroa e aos seus súditos.

Acervo: Royal Collection Trust
Depois de coroada, a rainha Vitória fez uma terceira troca de robe. Dessa vez, um mais simples, se comparado aos dois anteriores, com o qual ela recebeu o juramento dos pares do reino. A peça é confeccionada em brocado dourado, com interior forrado em seda carmesim. Por baixo, um simples vestido de musselina branca, atado na cintura por dois cordões, possivelmente os mesmos usados no primeiro e no segundo manto.
Mary de Teck: a matriarca da dinastia Windsor

Traje usado por Mary de Teck, a matriarca da dinastia Windsor, na coroação de seu marido.
Vestido usado pela rainha Mary de Teck, na coroação do rei George V, em 22 de junho de 1911. O traje, criado pela Reville and Rossiter, uma casa de alta-costura londrina, é composto em cetim de seda creme, com forro próprio, decote quadrado e mangas 3/4 com acabamento em renda e forro de chiffon. A peça é fortemente bordada e frisada por toda parte. O trabalho de bordado com fios de ouro foi feito pela Princess Louise Needlework School (na Sloane Street). É possível observar um padrão com rosas inglesas, o cardo escocês, o trevo irlandês, a estrela da Índia, o lótus da Índia e as folhas e bolotas do carvalho inglês. O vestido também possui um padrão de ondas na bainha, que mergulha nas costas para formar uma cauda.
Elizabeth Bowes-Lyon e a elegância dos anos 1930

Vestido e robe utilizados pela rainha Elizabeth Bowes-Lyon na coroação de seu marido. Ao lado, os trajes usados pelas filhas do casal na mesma ocasião.
Vestido e manto usados na coroação do rei George VI, em 12 de maio de 1937, por sua esposa, a rainha Elizabeth Bowes-Lyon. Confeccionado pela modista preferida da consorte real, Madame Handley-Seymour, a peça costurada em tecido marfim é bordada com fios dourados em emblemas florais, que representam os países do Império Britânico, ou seja, rosas Tudor inglesas, o cardo escocês, o alho-poró galês e o trevo da Irlanda. O manto de cor púrpura (a cor da realeza), por sua vez, é forrado com pele de arminho e bordado com os mesmos emblemas, incluindo o monograma coroado da soberana (“ER”, de Elizabeth Regina, ou Rainha em latim). Ao lado do traje, estão dispostas as peças de vestuário que as princesas Elizabeth (atual soberana) e Margaret usaram no mesmo dia.
O vestido da rainha Elizabeth II: o poder dos símbolos!

O manto da coroação foi trabalhado por nada menos que doze costureiras selecionadas da Royal School of Needlework, que usaram nada menos que 18 tipos de fios de ouro para bordar os padrões entrelaçados de espigas de trigo e ramos de oliveira na orla, que simbolizam prosperidade e paz. Ao todo, o robe demorou cerca de 3.500 horas para ficar pronto, entre março e maio de 1953 e possui seis metros e meio de comprimento.
Ocorrida no dia 2 de junho de 1953, a coroação de Elizabeth II foi sem dúvidas o evento mais importante no reinado da soberana. À medida que o dia ia se aproximando, ela treinava os ritos da complicada cerimônia no salão de bailes do Palácio de Buckingham, usando um lençol para substituir o manto de quase dois metros e a Coroa, para se acostumar com seu peso. O evento, ocorrido na Abadia de Westminster, foi transmitido para o mundo todo, arrecadando milhões de libras para a receita do Estado. O vestido que a soberana utilizou (focalizado em seus mínimos detalhes pela câmera), por sua vez, foi desenhando pelo estilista Norman Hartnell. A peça é bordada com emblemas florais que representam os países da Comunidade de Nações, tais como a rosa Tudor inglesa, o cardo escocês, o alho-poró galês, a folha de bordo canadense, a flor de acácia australiana, a flor de lótus do Ceilão e a da Índia, a samambaia prateada da Nova Zelândia, a proeta da África do Sul, entre outras. O vestido não deixa de ser uma representação simbólica da União das antigas nações que uma vez fizeram parte do Império Britânico. As que ainda permaneciam atadas ao Reino Unido, foram conquistando paulatinamente sua emancipação ao longo do reinado da soberana. Verdadeira obra-prima, o traje ficou em exposição no castelo de Windsor até o dia 7 de julho de 2022, em comemoração ao Jubileu de Platina da monarca.
Vestido da coroação de Sissi como rainha da Hungria

Fotografia oficial de Elisabeth “Sissi” da Áustria, como rainha da Hungria. Coloriação: Klimbim.
Fotografia oficial da imperatriz Elisabeth “Sissi” da Áustria como rainha da Hungria. Tanto em fotos quanto em telas, ela aparece utilizando um vestido em seda branca com corpete de veludo escuro, costurado na frente com fios de pérolas. A peça foi desenhada por ninguém menos que Charles Frederick Worth, considerado o “pai da alta costura” e um dos estilistas favoritos de soberanas como Sissi e Eugénia de Montijo. Até hoje, alguns especialistas se debatem sobre a cor exata do vestido, uma vez que o modelo original não sobreviveu e as fotografias do período não permitem discernir corretamente se a seda seria branca, marfim ou azul-bebê. O acabamento da peça segue a moda tradicional húngara do século XV, com uma espécie de avental franzido na saia. Ao longo dos anos, cada pintor atribuiu uma característica extra à roupa, de modo que as réplicas existentes em museus são releituras aproximadas e não fidedignas.
O imponente traje de Luísa Ulrica da Prússia, rainha da Suécia

Traje usado pela rainha Luísa Ulrica da Prússia na coroação de seu marido, o rei da Suécia.
Vestido usado pela rainha Luísa Ulrica da Prússia, durante a coroação do seu marido, o rei Adolfo Frederico da Suécia, em 1751. A peça é ricamente adornada com brocado dourado sobre tecido prateado e segue fielmente a moda em voga nas cortes europeias, com longas anáguas e corpete ajustado em formato de “V”. Seu decote arredondado possui alças em formato de asas, com mangas pendentes confeccionadas em tecido de renda frisada. Na imagem em destaque, o traje foi colocado em frente ao trono real, para criar um simulacro dos retratos oficiais pintados de Luísa, usando esse vestido.
Catarina II da Rússia e o apogeu dos Romanov

Traje usado por Catarina II, a Grande, na sua coroação.
Vestido usado por Catarina II da Rússia, a Grande, no dia de sua coroação, em 22 de setembro de 1762. O traje em brocado prateado sobre longas anáguas, é inteiramente bordado com as águias bifurcadas do brasão dos Romanov, com delicadas rendas flamengas nas mangas e no busto. De todos os vestidos usados por soberanas da Rússia, fossem elas imperatrizes reinantes ou consorte, o traje de Cataria sem dúvida se sobressai como o exemplo mais magnífico do esplendor da família imperial em sua melhor fase. Não obstante, sua coroação pode ser considerada como a mais suntuosa em toda a história daquele país. Uma nova coroa fora especialmente encomendada para essa ocasião, incluindo outros itens para compor a regalia real, como um orbe e um cetro. Os objetos, por sua vez, acabariam sendo utilizados por todos os monarcas que sucederam Catarina, a Grande, o trono russo. Mas, nenhum deles usou um traje confeccionado com tanto simbolismo e majestade quanto o dela, enfatizando a grandeza da monarquia Romanov. Atualmente, a peça se encontra exposta no museu do Kremlin, em Moscou. Verdadeiro tesouro!
A elegância de Maria Feodorovna

Vestido e manto usados por Maria Feodorovna na coroação do czar Alexandre III.
Vestido de brocado prateado que pertenceu à czarina Maria Feodorovna (nascida princesa Dagmar da Dinamarca). A soberana usou a peça por baixo de um manto forrado com pele e estola de arminho, com a águia bifurcada dos Romanov bordada no tecido amarelo ouro. A combinação imponente foi envergada pela imperatriz durante a coroação de seu marido, o czar Alexandre III da Rússia, em 27 de maio de 1883, de acordo com a tela pintada no mesmo ano por Aleksandr Petrovič Sokolov. Conforme podemos observar, houve um grane avanço na moda russa em cem anos, desde os tempos de Catarina II, a Grande. As largas anáguas deram lugar a armações mais sutis de crinolina, que destacavam melhor o talhe de sílfide das soberanas consortes da Rússia. As mangas do vestido também eram mais compridas, com uma abertura frontal que se estendia do pulso até o ombro, permitindo assim um vislumbre do braço da monarca. Atualmente, os trajes da coração da czarina se encontram em exposição no Museu do Kremlin.
Alexandra Feodorovna e o ocaso de uma dinastia

Traje usado pela czarina Alexandra Feodorovna, na coroação do czar Nicolau II.
Detalhe do vestido de brocado prateado, que a czarina Alexandra Feodorovna usou no dia em que seu marido, Nicolau II, foi coroado czar de Todas as Rússias, em 30 de maio de 1896. Ao lado, um retrato da soberana usando o vestido, pintado por Konstantin Makovsky no mesmo ano do evento. Um manto forrado com pele de arminho, contendo a águia bifurcada dos Romanov bordada através do tecido amarelo (semelhante ao de Maria Feodorovna), complementam o conjunto. A peça utilizada pela czarina foi confeccionada na fábrica dos irmãos Sapozhnikov. Inicialmente, o tecido havia sido enviado para a oficina de Olga Bulbenkova em São Petersburgo, onde fora cortado de acordo com as medidas da imperatriz. Em seguida, ele foi enviado ao Convento Ivanovsky de Moscou, para ser inteiramente bordado com fios de prata e pérolas, dispostas em padrões baseados nos afrescos do Mosteiro Novospassky. Uma vez encerrado esse processo, as peças separadas foram devolvidas para a montagem final e o resultado do conjunto representava uma mistura perfeita de religiosidade e suntuosidade majestática. Dois elementos tão marcantes no código de vestimenta de Alexandra. Embora a família imperial tenha sido assassinada em 1918, muitos dos seus pertences permaneceram preservados, especialmente suas roupas, que hoje podem ser vistas no Museu do Kremlin ou no Hermitage.
D. Maria II e a elegância de uma monarca

Possível vestido de D. Maria II de Portugal.
Vestido que supostamente teria pertencido à rainha Dona Maria II de Portugal, primogênita de D. Pedro I do Brasil com a Imperatriz Dona Leopoldina. A peça, confeccionada em cetim escuro com bordado dourado, é datada de 1845. Encontra-se atualmente exposta no County Museum of Art, de Los Angeles (EUA). Embora provavelmente não se trate do traje que D. Maria usou em sua aclamação como rainha de Portugal, a riqueza de detalhes da peça deixa qualquer observador absorvido. Os padrões bordados em linha dourada sobre tecido escuro oferecem ao traje uma beleza ímpar!
Elegância tropical: os trajes de gala da imperatriz Teresa Cristina!

Vestido que Dona Teresa Cristina costumava utilizar em ocasiões solenes como imperatriz do Brasil.
Quando Teresa Cristina das Duas Sicílias se casou com seu primo, D. Pedro II, ele já havia sido coroado há dois anos. Portanto, a terceira imperatriz do Brasil não havia tomado participação no evento. Contudo, os trajes de gala da imperatriz oferecem um vislumbre do tipo de vestimenta que as soberanas consortes do Brasil costumavam usar nesse tipo de ocasião solene. A peça (hoje no acervo do Museu Imperial de Petrópolis), é composta por saia e corpete, com os quais a soberana pode ser vista em muitas telas pintadas nas décadas de 1840 a 1860, como na obra de Victor Meirelles, datada de 1864 (imagem à direita). A saia do vestido é bordado com fios dourados em padrões que lembram ramos de café. Por baixo dela, era adicionada uma crinolina, para lhe dar volume. Pregueado à saia, era afixada uma cauda de veludo verde, na tonalidade da cor da bandeira, com ramos de café igualmente bordados com fios dourados e prateados. Já o corpete, por sua vez, apresenta um conjunto de rendas na região do busto e das mangas. Elas ressaltavam o tom marfim do traje (amarelecido com o tempo) e deixavam em evidência o colo da soberana, que podia ser enfeitado com as joias imperiais. Para finalizar, uma faixa era colocada de forma transversal entre o ombro e a cintura.
A rainha Maud da Noruega e a beleza do período eduardiano!

Vestido usado por Maud de Gales em sua coroação como rainha consorte da Noruega, em 22 de junho de 1906.
Assim como suas primas Maria da Romênia, Vitória Eugénia da Espanha e Alexandra Feodorovna da Rússia, Maud foi uma das netas da rainha Vitória que tiveram um papel importante na política matrimonial estabelecida entre as casas dinásticas europeias. Em última análise, as rivalidades mantidas por essas famílias reais insuflaram as chamas do que mais tarde seria a Primeira Grande Guerra Mundial, em 1914. Embora ela nunca tenha deixado de se considerar britânica, a nova rainha se esforçou ao máximo para se adaptar aos costumes e hábitos da Noruega, comungando de suas tradições folclóricas e participando de atividades filantrópicas. Apesar de o teatro da corte lhe parecer por demais enfadonho, Maud desempenhou o jogo de cena com protagonismo, usando a moda e o brilho das joias a seu favor. Um exemplo disso pode ser obtido a partir dos registros da coroação dos novos monarcas, cuja pompa e circunstância foram únicas em toda a história daquele país. Maud estava ricamente vestida em um traje de tecido dourado, similar ao que sua mãe usara em sua própria coroação, ocorrida no dia 9 de agosto de 1902. A cintura delgada e o talhe de sílfide da esposa do rei Haakon VII podiam ficar ainda mais acentuados com o uso de espartilhos.
Referências Bibliográficas:
COSTA, Antonio Luiz M. C. Títulos de nobreza e hierarquias: um guia sobre a linguagem das graduações sociais na história. São Paulo: Draco, 2006.
Russia Beyond The Headlines. Lavish coronation robes of Russia’s monarchs. – Acesso em 21 de novembro de 2022.
Acervos:
County Museum of Art – Acesso em 21 de novembro de 2022
Museu Imperial de Petrópolis – Acesso em 21 de novembro de 2022
Royal Collection Trust – Acesso em 21 de novembro de 2022
Adorei esta publicação. Olhando esses vestidos viajei no tempo e a imaginação criou asas. Obrigada, Renato!
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