Animação em 3D recria a coroação de Elizabeth I, em 1559!

Por: Renato Drummond Tapioca Neto

Em 15 de janeiro de 1559, um domingo, a última herdeira de Henrique VIII (1491-1547), Elizabeth Tudor, fruto da união do rei com Ana Bolena, era coroada rainha da Inglaterra. Declarada ilegítima em 1536, devido à anulação do casamento de seus pais e a terrível execução de sua mãe naquele mesmo ano, ela passou por vários desafios até chegar ao trono. Foi considerada suspeita de traição no reinado de sua irmã, Maria I, e por fim reconhecida por ela como herdeira. Elizabeth subiu ao poder em 1558 e a cerimônia de coroação era um passo decisivo para qualquer monarca. A jovem saiu acompanhada de um grande cortejo pelas ruas de Londres até a abadia de Westminster, onde foi sagrada rainha da Inglaterra, Irlanda e rainha de jure da França. Esse acontecimento já foi recriado em algumas produções televisivas, como as series “Elizabeth R” (1971) e “The Virgin Queen” (2005), além de filmes como “Elizabeth” (1998). Em 2014, a Glynola Productions apresentou uma animação em 3D, recriando o momento em que a soberana penetra a nave da igreja e é então coroada. Confira:

O vídeo apresenta um início bastante romantizado, com Elizabeth observado os retratos de seus pais e depois seguindo para a nave da Igreja, onde Oglethorpe, bispo de Carlisle, aguardava-a para realizar a cerimônia. Existem alguns equívocos no vídeo, como os retratos de Henrique VIII e Ana Bolena, fruto de uma licença poética da equipe de produção; Elizabeth também caminha sob o tapete vermelho sem um cortejo de damas, como aconteceu. Além disso, o trono no qual ela se senta não é o de Eduardo, o Confessor, e sim outro. Diferentemente também de como mostra o vídeo, naquela data o tempo não se mostrava amistoso: caíra neve no sábado de procissão. Quando os sinos tocaram, os curiosos se aproximaram da torre para verem a ponte levadiça tocar o chão, dando passagem por sua porta abobadada ao cortejo real. Na animação, Elizabeth I segue sozinha no cortejo, o que foi um erro. De acordo com Jacques Chastenet:

À frente cavalgavam timbaleiros e tocadores de trombeta, seguidos de arautos e passavantes de tabardos esquartelados com os leopardos da Inglaterra e os lírios da França. Depois vem uma cavalgada compreendendo algumas centenas de escudeiros e de senhores – gorros emplumados, barbas frisadas, golas bem pregueadas, cadeias de ouro, gibões bordados e rebordados, capas curtas, calções recortados, longas espadas batendo nos flancos das montadas ricamente caparazonadas. Os últimos a aparecer são os chefes das grandes casas feudais; trazem a regalia, insígnias monárquicas que vão servir para a coroação: a coroa de Alfredo, O Grande, a cap of maintenance, o globo, o cetro com a cruz, o cetro com a pomba, a espada do Estado, a espada da Justiça temporal, a espada da Justiça Espiritual, a espada da Misericórdia, o anel místico, as esporas de ouro (CHASTENET, 1976, pag.12).

Atrás dessa primeira parte do cortejo, havia o duque de Norfolk, conde-marechal hereditário e primo da rainha, levando na mão o seu bastão de comando. Então há o que Chastenet define de espaço entre uma dupla fileira de homens armados de roupas carmesins, do qual surge a liteira real, uma espécie de plataforma forrada de tecido dourado e puxada por quatro mulas, que sustenta o trono onde senta a rainha.

Chama a atenção, porém, a recriação das vestes da soberana, também usadas por sua irmã Maria 5 anos antes, na sua própria coroação: um vestido de brocado de ouro, incrustado de topázios, jacintos e granadas em todas as costuras; em suas orelhas pediam duas pérolas leitosas; no pescoço, vinha apertado um colar de gemas preciosas e uma gola extensa tecida a fios de ouro. A recriação do cenário da Abadia de Westminster também foi muito bem feita, assim como a escolha da trilha sonora usada: “La Volta”, de Mark Abdilla; “Nimred”, de All Angels; e “Te Joseph”, cantada pelos monges da Abadia de Notre Dame. Uma vez coroada, Elizabeth I seguiu para o palácio de Westminster, onde houve o baile e o banquete para a corte. Outro vídeo, da mesma produtora, também recria esse momento. Confira:

Havia ali pratos e bebidas de todos os gostos, que variavam de pesadas peças de caça a cisnes inteiros e empadas gigantescas, de vinhos da França e Espanha à amarga cerveja que jorrava de fontes. A rainha não demonstrava o mínimo de cansaço, até mesmo permitindo-se caçoar de certos detalhes da cerimônia, como por exemplo, o óleo da sagração, que a seu ver era gordurento e mau cheiroso. No vídeo, os cortesãos dançam em homenagem à nova rainha, celebrando a sua acensão. Os vídeos apresentam vários erros de pesquisa, conforme expomos nesse breve post, mas foram muito bem feitos e primaram pela riqueza de detalhes visuais. Para mais informações sobre a coroação de Elizabeth I, clique aqui!

Fonte: You Tube

2 comentários sobre “Animação em 3D recria a coroação de Elizabeth I, em 1559!

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