Por: Renato Drummond Tapioca Neto
Maria Antonieta, desde os tempos em que revolucionava o vestuário de seu tempo em Versalhes, tornara-se um verdadeiro ícone que, por sua vez, só vem crescendo ao longo dos séculos. Com suas roupas expressivas, ela popularizou o pouf (penteado que chegava até a 1 metro de altura) e se tornou a rainha do rococó. Desde então, ela serve de inspiração para todo tipo de produtos sejam eles sapatos, roupas, relógios, ou mesmo perfumes. Segundo a historiadora da moda Caroline Weber:
“Sob esse aspecto, poderíamos dizer que ela mesma estabeleceu os parâmetros para a lenda que se associaria ao seu nome na morte – e pelos quais a moda, talvez mais fielmente que qualquer outro meio, ainda a evoca. Pois se a cultura contemporânea reconheceu em geral suas frivolidades chiques apenas para ignorar a significação política subjacente a elas, alguns dos principais estilistas atuais pintaram, de maneira bastante apropriada, um quadro mais nuançado…” (WEBER, 2008, pag. 326).
Citar aqui as inúmeras referências a Maria Antonieta na moda atual seria quase impossível. Estilistas como Marc Jacobs e John Galliano não se cansam de se render ao esplendor da última rainha da França. Inclusive artistas da música pop, como Madonna e Lady Gaga, prestaram homenagens a ela.

Na foto da esquerda, Katy Perry se veste de Maria Antonieta para promover sua fragrância “Killer Queen”; na foto da direita, a cantora Beyoncé no comercial para sua turnê “The Mrs. Carter Show”. Parecidas?
Mais recentemente, a estrela teen Katy Parry utilizou-se de Maria Antonieta para promover seu novo perfume Killer Queen. Com uma peruca branca altíssima, a cantora aparece no comercial da fragrância rodeada por serviçais que a vestem como se ela fosse uma boneca; atam-lhe o corpete, maquiam-na, lhes calçam os sapatos, até que no final ela, num acesso de histeria, se liberta de toda aquela etiqueta (algo que a rainha da França também fizera em seus tempos em Versalhes) e atravessa um salão repleto por uma corte decadente, com um suposto Luís XVI a jogar cartas, chegando finalmente à sala do trono e se impondo como a soberana do palácio. É um comercial bastante interessante e provocativo, mas há quem tenha desgostado um pouco. Alguns críticos, por exemplo, acharam que Katy estava a copiar a cantora Beyoncé, que nas fotos promocionais de sua nova turnê, “The Mrs. Carter Show”, se veste de maneira bastante semelhante (embora eu pessoalmente acredite que a mulher de Jay Z, na verdade, faça uma alusão à rainha Elizabeth I da Inglaterra). Entretanto, qualquer tentativa de relembrar a importância de Maria Antonieta é válida, desde que não distorçam sua imagem para fins puramente comerciais como o fizeram tantas outras empresas, interessadas apenas em vender e nada mais.
Confira abaixo comercial da fragrância Killer Queen, com direção de Jonas Akerlund:
Sites de Referência: Vagalume
Bibliografia Consultada:
WEBER, Caroline. Rainha da Moda: como Maria Antonieta se vestiu para a revolução. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. – Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
Concordo com você, Renato, quando diz que Beyoncé provavelmente fez uma homenagem à Elizabeth I, isso fica claro pelo estilo das roupas que não são nem um pouco rococó, mas sim elizabetanas. Eu até gostei do comercial, mas sempre implico um pouco quando estrelas como Beyoncé e Katy Perry fazem referências históricas, sempre acabo achando muito caricatas e acabam passando uma imagem errada da História para pessoas menos “experientes” no assunto, como muitos adolescentes que são fãs das cantoras citadas. E eu sei do que estou falando, já que quase sofro bullying na escola por ser exageradamente fã das figuras históricas femininas mais proeminentes (like Ana Bolena, Lucrezia Borgia, Maria Antonieta, Elizabeth I, Elizabeth Woodville, Margaret D’Anjou, etc). Já cansei de me meter em discussões sérias com pessoas que insistem em chamar minha diva Ana Bolena de vadia =/
Falando em escola, minha professora de História me dá total apoio no meu fanatismo por “heroínas trágicas da História” e ela sabe que sou fascinado por “famme fatales” cuja imagem fora afetada pela “sujeira machista”, que insiste em simplificá-las como santas ou prostitutas. Enfim, essa minha professora passou então um trabalho inspirado em mim sobre construção da imagem da mulher do século XIX a partir dos contos de fada, onde devemos acabar com o esteriótipo e com os padrões que tais estórias “impõe” recontando-as com características pós-modernas por meio de vídeos, cenas teatrais ou um blog/jornal…. Demais, né?? Como eu sou ator, é claro que farei cenas! Só fiquei triste por não poder “linkar” Ana Bolena no trabalho.
Enzo Novello, fã declarado do seu trabalho =D
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Olá, Enzo.
Fico muito feliz por gostar de meu trabalho. Escrevo sobre história com o maior prazer, principalmente quando se trata da vida de heroínas trágicas. Infelizmente, ainda existem muitos preconceitos ligados aos nomes de tais personagens, devido à ignorância de alguns. Todos têm o direito de gostar ou não de algo, mas se for criticar, pelo menos que se faça uma crítica inteligente e não baseada em estereótipos, como acontece muitas vezes com a Ana Bolena, que, para muitos, era uma meretriz. Penso que tal mentalidade se deve à falta de conhecimento no assunto e, nesse caso, ficar perdendo tempo com pessoas assim não é uma atitude sábia, uma vez que a partir de uma discussão como essa, não será produzido algo de construtivo.
Também lhe dou todo o apoio em seu interesse por essas figuras femininas, que tanto contribuíram para a cultura popular, apesar de alguns desconsiderarem esse valor. Pode contar comigo. Abraço, Renato!
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