Por: Renato Drummond Tapioca Neto

Em 14 de janeiro de 1972, falecia o rei Frederico IX da Dinamarca, fazendo de sua primogênita, Margrethe, rainha reinante. Em mais de 500 anos de história daquele reino, ela se tornava a segunda mulher a assumir o trono, desde Margrethe I no século XV. Até então, nenhuma mulher voltara a usar a coroa por direito próprio, quando o rei Frederico conseguiu fazer uma mudança na sucessão da Coroa, permitindo que o trono passasse depois dele diretamente para a sua filha mais velha. Nascida em 16 de abril de 1940, ela tinha apenas 31 anos quando se tornou soberana. Conhecida por seu bom humor, vivacidade e sorriso gentil, Margrethe possui formação em Artes, tendo trabalhado como ilustradora de muitas obras famosas, incluindo a edição dinamarquesa de “O Hobbit”, de J. R. R. Tolkien. Mãe de dois filhos, os príncipes Frederico e Joachim, e viúva do príncipe Henrik, a monarca se tornou alvo de interesse popular nos últimos tempos, especialmente depois do falecimento de sua prima, a rainha Elizabeth II. Atualmente, ela possui quase 83 anos de idade e ocupa o trono dinamarquês há mais de cinco décadas, tendo completado seu Jubileu de Ouro em janeiro de 2022. Com a morte da soberana britânica, Margrethe agora é a única mulher viva a liderar uma monarquia na Europa. Nesta matéria, selecionamos algumas imagens que contam um pouco da fascinante história da princesa artista, que acabou se tornando rainha!

Em 18 de setembro de 2022, a rainha Margrethe II da Dinamarca, acompanhada de seu filho, Frederico, o príncipe herdeiro, fez uma aparição na galeria de Westminster Hall, em Londres, para prestar condolências ao caixão de sua prima, a rainha Elizabeth II do Reino Unido. Mais cedo naquele mesmo ano, as duas estiveram juntas no Serviço Religioso oferecido por ocasião do aniversário de 1 ano da morte do príncipe Philip. Era uma amiga bastante querida da soberana do Reino Unido e esteve ao seu lado em muitos momentos importantes. As duas rainhas eram muito próximas, sempre fazendo visitas uma à outra e comparecendo juntas a reuniões e eventos, tanto da Coroa Dinamarquesa, quanto da Coroa Inglesa. Enquanto as pessoas entravam e saíam do grande salão, a expressão no rosto de Margrethe era de desolação e tristeza. Quando ela ascendeu ao trono dinamarquês em 1972, Elizabeth era uma enorme referência para sua prima. A soberana descreveu a falecida rainha como “uma inspiração para todos nós”. As duas costumavam se tratar por seus respectivos apelidos de infância: “Daisy” e “Lilibet”. Atualmente com 82 anos e reinando por mais de 50, Margrethe II agora é a única mulher a liderar uma monarquia na Europa e a segunda monarca viva com o reinado mais longevo.

Elizabeth II já reinava há 20 anos em 1972 quando a segunda mulher na história da Dinamarca, outra Margrethe, ascendeu ao trono. Naquele período, a soberana do Reino Unido era o maior exemplo de liderança feminina na monarquia para a nova rainha dinamarquesa. A partir de então, os laços de amizade entre Elizabeth II e Margrethe II se estreitaram. Ambas eram descendentes da rainha Vitória e do rei Christian IX da Dinamarca. Esse parentesco que unia as duas Casas Reais colaborou para que ambas as monarcas desenvolvessem uma bela relação de amizade. A primeira vez em que a soberana dinamarquesa viu sua prima inglesa foi quando ela ainda era uma garota, 14 anos mais nova e na expectativa de um dia assumir o trono de seu pai. Em entrevista à ITV, em maio deste ano, Margrethe II disse:

[A rainha Elizabeth] tinha 26 anos quando se tornou rainha. Enquanto eu crescia, esperava que não fosse tão jovem quando meu pai morresse. Isso causou um enorme impacto em mim. O fato de que ela estava dedicando sua vida. Eu entendi o que aquilo significava. Isto é para sempre. Aquilo foi um ponto central em toda minha vida. E eu sei que ela enxerga dessa maneira também.

Em 2022, ambas as monarcas comemoraram seus Jubileus: Elizabeth II o de Platina (70 anos no trono) e Margrethe II o de Ouro (50 anos no trono). Foi então com enorme consternação que a soberana dinamarquesa recebeu a notícia da morte de sua prima, em meio às comemorações de seu próprio Jubileu. Margrethe cancelou sua agenda de compromissos para prestar seus respeitos à memória da mulher cuja amizade e dedicação ao cargo tanto lhe inspiraram.

Em outubro de 2022, a monarca surpreendeu a todos com uma decisão inesperada: a partir de 1 de janeiro de 2023, seus netos, filhos do príncipe Joachim, não mais receberão o tratamento de Altezas Reais e as deferências que acompanham o status. A medida também priva os jovens Nicolau, Félix, Henrique e Atena dos títulos de príncipes e princesa da Dinamarca. Segundo pronunciamento oficial:

Sua Majestade decidiu que a partir de 1 de janeiro de 2023, os descendentes de Sua Alteza Real Príncipe Joachim podem usar seus títulos como conde e condessa de Monpezat, enquanto seus títulos anteriores como príncipe e princesa desaparecem. Os descendentes do príncipe Joachim doravante serão tratados como Excelências. A decisão da rainha está de acordo com adaptações semelhantes que outras Casas Reais estão implementando de formas diferentes nos anos recentes.

Com efeito, esse fenômeno de “enxugar” os membros da realeza não é novo, em face da crise econômica que se abateu sobre os países da Europa regidos por monarquias. Medidas similares já foram adotadas na Suécia e na Espanha e se espera que o rei Charles III do Reino Unido também reduza a família real britânica apenas à sua esposa, filhos, noras, netos e netas. A partir de 2023, apenas os filhos do príncipe Frederico, herdeiro direto do trono dinamarquês, permanecerão com seus títulos de príncipes e os tratamentos concedidos a alguém com o status de Alteza Real. A decisão foi tomada pela rainha Margrethe, com o consentimento de seu filho mais novo, príncipe Joachim.

Em comunicado oficial expedido no dia 8 de fevereiro de 2023, a Casa Real da Dinamarca informou que a rainha Margrethe II será submetida a uma delicada cirurgia nas costas, em decorrência de suas dificuldades de locomoção, que vêm se agravado com o passar do tempo. O processo cirúrgico ocorreu na quarta-feira, dia 22 de fevereiro, no Ringshospitalet, uma unidade médica pública. Em 51 anos como soberana, Margrethe trabalhou muito para melhorar as instituições de seu país, facilitando o acesso da população a Hospitais, Instituições de Ensino e Transporte. Também demonstrou uma atitude mais assertiva que a maioria de outros soberanos de seu tempo em situações calamitosas, posicionando-se abertamente contra o que ela considerava injusto. Um exemplo recende é a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que a soberana classificou como “insana”. Após a cirurgia, Margrethe (que completa 83 anos em 16 de abril de 2023), permanecerá internada por um longo período de convalescença. Com efeito, isso significa que vários eventos com a presença da monarca serão prorrogados ou cancelados, ou então deixados por conta de outros membros da família real dinamarquesa. Esperamos que a sua recuperação seja rápida!