Por: Renato Drummond Tapioca Neto
Desde o início do seu reinado, anualmente a rainha Elizabeth II direciona uma mensagem de Natal para as famílias que fazem parte da Comunidade de Nações. Esses discursos, que primeiramente eram transmitidos via rádio, passaram a ser televisionados para os lares ingleses e se constituem em um dos momentos mais esperados pelos britânicos durante o dia 25 de dezembro. A televisão (e agora a internet) contribuiu para que a Coroa criasse um vínculo mais íntimo com seus súditos e a rainha sempre convida o telespectador a fazer uma reflexão sobre o ano que se passou, as dificuldades superadas, os problemas que estão sendo enfrentados no momento e reitera sua esperança em dias melhores. “Natal pode ser difícil”, disse ela para milhões de pessoas que perderam alguém querido em 2021 para a pandemia de Coronavírus. Na sua mesa, um retrato seu com o falecido marido, o príncipe Philip (morto em 9 de abril, aos 99 anos), tirada em 2007, quando os dois completaram seis décadas juntos. Essa é a primeira vez que a monarca passa a data festiva sem a companhia da pessoa que esteve ao seu lado por mais de 73 anos.
Na sua primeira mensagem de Natal desde a morte do príncipe Philip, a rainha Elizabeth demonstrou preocupação enquanto a pandemia e a quarentena entram em seu terceiro ano. Milhões de pessoas no mundo inteiro morreram para o Coronavírus em 2021 e para sua nova variante, Ômicron, que atingiu muitos indivíduos no Reino Unido. Planos precisaram ser refeitos e a família real, que costumava se reunir no Palácio de Sandringham para comemoração das festividades, cancelou os preparativos para a data e a anual recepção feita aos moradores locais. Por recomendação médica, a rainha, que precisou ser internada alguns dias antes por motivos de precaução e cancelou alguns compromissos públicos, permaneceu em reclusão no Castelo de Windsor. Sentada em sua escrivaninha na sala de desenhos de Windsor, usando um vestido vermelho monocromático, com um colar de pérolas de três voltas e um broche de safira (a mesma joia que ela utilizou nas fotos oficiais de noivado e das bodas de casamento), a rainha também prestou um tributo ao pai de seus filhos neste sábado.

Usando um vestido vermelho monocromático, com um colar de pérolas de três voltas e um broche de safira (a mesmas joia que ela utilizou nas fotos oficiais de noivado e das bodas de casamento), a rainha também prestou um tributo ao pai de seus filhos neste sábado.
“Embora seja uma época de grande felicidade e alegria para muitos, o Natal pode ser difícil para aqueles que perderam entes queridos”, disse a rainha. “Este ano, especialmente, eu entendo o porquê”. Referindo-se ao príncipe Philip, a rainha disse que “obteve grande conforto com o calor e o afeto das muitas homenagens à sua vida e trabalho – de todo o país, da Comunidade Britânica e do mundo”. “Mas a vida, é claro, consiste em separações finais, bem como em primeiros encontros”, disse ela, “e por mais que eu e minha família sintamos saudades dele, sei que ele gostaria que aproveitássemos o Natal”. O consorte da rainha lutava contra graves problemas cardíacos há mais de 10 anos e, depois de se submeter a uma delicada cirurgia no mês de março deste ano no hospital King Edward VII, seu corpo frágil não resistiu e ele acabou falecendo no Castelo de Windsor, onde vivia em reclusão com a esposa desde o início da pandemia em 2020, dois meses antes do seu aniversário de 100 anos. O funeral ocorreu na Capela de São Jorge, apenas para 30 membros da família real.
A mensagem de Natal do monarca reinante foi uma tradição iniciada pelo avô da soberana, rei George V (fundador da dinastia de Windsor), em 1932, visando oferecer conforto aos lares britânicos em tempos de paz ou de guerra. No cenário atual, em tempos de pandemia também. “Embora a Covid signifique novamente que não possamos comemorar tão bem quanto gostaríamos, ainda podemos desfrutar das muitas tradições felizes”, disse a rainha. “Seja através do canto de canções natalinas, desde que a melodia seja bem conhecida; decorando a árvore; dando e recebendo presentes; ou assistindo a um filme favorito, em que já saibamos o final”. Essa mensagem foi gravada na semana passada, pouco depois da soberana cancelar as tradicionais comemorações no Palácio de Sandringham, em Norfolk, por recomendação médica. O Palácio de Buckingham disse que a decisão reflete uma “abordagem de precaução”. Espera-se que o príncipe Charles e sua esposa, Camilla, duquesa da Cornualha, se juntem à soberana neste dia 25.

Fotografia da rainha Elizabeth II e do príncipe Philip, tirada em 2007, quando os dois comemoraram 60 anos de casamento. A imagem aparece no porta-retratos na escrivaninha da soberana, durante seu discurso de Natal.
Em um ano marcado por várias cisões familiares, como a perda do marido, os desentendimentos gerados pela polêmica entrevista do príncipe Harry e sua esposa, Meghan Markle, ao programa de Oprah Winfrey (precedida pelo anúncio formal de afastamento do duque e da duquesa de Sussex dos seus ofícios na realeza), os escândalos envolvendo o nome do príncipe Andrew (retraído da vida pública desde 2019), ouvir o discurso natalino da rainha Elizabeth II traz um pouco de conforto para aqueles que também enfrentaram problemas dentro de seus próprios lares, agravados pela perda de um ente muito querido. Ela se apresenta para os telespectadores sem cetro e sem coroa, com uma expressão austera na face, para falar da dor coletiva da perda, mas também sobre o sentimento de união e de solidariedade que devem existir entre as pessoas, especialmente em tempo como esse. Acreditando que o dia 25 de dezembro possa exercer propriedades curativas para quem acredita na magia da data, ela disse: “Mesmo com uma risada familiar faltando este ano, haverá alegria no Natal”.
Falando por si e por sua família, a monarca ponderou: “temos a chance de relembrar e ver novamente a maravilha da época festiva através dos olhos de nossos filhos pequenos, de quem tivemos o prazer de receber mais quatro este ano”, falou a rainha Elizabeth, referindo-se aos seus novos bisnetos, entre os quais se inclui a pequena Lilibet Diana, filha do duque e da duquesa de Sussex, batizada em sua homenagem à monarca e à falecida princesa de Gales. Ela manifestou esperança por dias melhores, ressaltando que a chegada das crianças “ensinam a todos nós uma lição – assim como a história do Natal – que no nascimento de uma criança, há um novo amanhecer com infinito potencial”. Pensado em 2022, quando ela completará seu Jubileu de Platina (70 anos de reinado), a rainha disse que a celebração será “uma oportunidade para as pessoas, em todos os lugares, desfrutarem de um sentimento de união”, bem como “uma chance de agradecer pelas enormes mudanças dos últimos 70 anos – sociais, científicas e culturais – e também para olhar para a frente com confiança”.
Fontes: NBC News e The New York Times – Acesso em 25 de dezembro de 2021.
Feliz Natal, minha querida !! Que as bençãos celestiais estejam em seu lar sempre!!
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Eu entendo essa dor da perca , também estou vivendo esse ano…Rainha amada, Deus te abençoe e proteja com saúde e fé!!!!
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Achei muito bonito e sensível o tema da mensagem natalina da Rainha Elizabeth II. DEUS a abençoe sempre e dê forças, sabedoria pra cumprir nobremente, sua missão !❤️🙏🏻
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