Por: Elsa Caramelo
Em 16 de setembro de 1837, nasceu o primeiro filho da rainha D. Maria II e do Rei D. Fernando II de Portugal, o príncipe D. Pedro (futuro D. Pedro V). O pequeno príncipe recebeu em batismo o nome de Pedro, em homenagem do avô, o falecido D. Pedro IV, e do tio, o imperador D. Pedro II do Brasil, que foi escolhido como padrinho da criança.

D. Pedro V de Portugal, pintado por F. Winterhalter, em junho de 1854, na Inglaterra, durante a primeira Grand Tour que fez.
D. Maria II sentiu as primeiras dores por volta das 21h00 e o menino nasceu às 23h30 O parto foi rápido e tudo correu bem. O nascimento foi anunciado para toda a população de Lisboa com 101 tiros de canhão, disparados do Castelo de São Jorge. Era a primeira vez que a metrópole assistia a um nascimento de um herdeiro do trono desde 1798, no século XVIII, com o nascimento do avô, D. Pedro, futuro Rei de Portugal e Primeiro Imperador do Brasil, ocorrido há quase 40 anos. Sua mãe, D. Maria II, nascera quando a corte portuguesa estava no Brasil, no Rio de Janeiro. Por isso foi dada uma festa por todo o país, com a noticia do primeiro Bragança, herdeiro do trono, nascido em território português no século XIX.

Retratos em miniatura de D. Fernando e D. Maria, encomendados em 1852 pela rainha Vitória.
D. Fernando, então com 20 anos de idade (completaria 21 no mês seguinte), escreveu ao tio Ernesto (pai do príncipe Albert) o seguinte: “O evento feliz, feliz, indizível, porque ansiávamos, finalmente aconteceu. O que eu senti, neste dia tão esperado, a 16, os sentimentos que despertaram em mim, o tipo de adivinhá-lo melhor do que eu posso descrevê-lo. Desta vez tudo se tornou realidade, até o nosso desejo de que fosse um rapaz. O pequeno não é só um menino, mas um homem muito forte e grande, que quase nunca chora e para uma criança de dois dias de idade comporta-se de forma admirável”. Numa carta à prima Vitória, rainha da Inglaterra, D. Fernando escreveu: “A minha felicidade é indizível”.

D. João VI, D. Pedro I do Brasil e D. Pedro II do Brasil. Respectivamente, bisavô, avô e tio de D. Pedro V de Portugal.
Este Pedro V é um vulto histórico muito curioso, sempre me interessou muito, e foi especialmente eloquente conhecer sua relação com a ex -imperatriz Amélia. Muito caráter dela ficou visível nesta época em que ela borboleteava pela côrte dele . Pedro V parece-me muito similar ao pai no modo de ser, sem as paixões carnais de D. Fernando, era frio e refinado, de muito boa aparência , tal qual sua irmã Antónia, que era belíssima. Se Pedro Augusto de Saxe tivesse sucedido Pedro II , seria algo similar a Pedro V. Enfim…nada sei sobre D. Augusto, irmão mais novo de Pedro V, é outra esfinge enigmática.
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