Polícia francesa recupera objetos de Maria Antonieta, que haviam sido roubados em 1987!

Por: Renato Drummond Tapioca Neto

Em novembro de 1987, o Château de Thoiry, localizado na região oeste de Paris, fora invadido por ladrões armados. Entre os muitos objetos saqueados de dentro das paredes do edifício renascentista, estavam seis fuzis oferecidos pelo rei George III do Reino Unido para Luís XVI e um par de jarro e bacia, confeccionados em porcelana de Sèvres, que Maria Antonieta havia dado de presente para a duquesa de Tourzel, governanta de seus filhos. 37 anos depois do furto, as peças foram identificadas pela polícia, graças à ajuda de um especialista em antiguidades, e retornaram para sua antiga residência.

Louise-Élisabeth de Croÿ de Tourzel havia sido nomeada governanta dos príncipes reais após a demissão da duquesa de Polignac. Ela acompanhou o casal de monarcas em sua malfadada tentativa de fuga da França, disfarçada como uma baronesa russa, em junho de 1791. Uma vez reconhecidos e capturados no distrito de Varennes, a comitiva real seguiu de volta para sua prisão, no Palácio das Tulherias. A duquesa permaneceu ao lado da família real até o ano seguinte, quando Luís XVI, Maria Antonieta e seus filhos foram feitos prisioneiros na Torre do Templo.

Maria Antonieta deu o jarro e a bacia a Louise-Élisabeth de Croÿ de Tourzel, uma parente distante do proprietário do castelo. Fotografia: DR

Após o período da restauração monárquica, a duquesa escreveu suas Memórias, que atualmente se constituem em um valioso relato sobre os últimos anos da rainha da França. Ela chegou a se reencontrar com Maria Teresa Carlota, Madame Royale, quando esta foi desposada por seu primo. Assim sendo, o jarro e a bacia, de um vívido azul celeste, com gravações em dourado e ilustrações pintadas à mão, se constituem em um testemunho do carinho e da confiança que Maria Antonieta tinha pela duquesa. No século XVIII (e ainda hoje), artigos em porcelana de Sèvres estão entre os mais caros do gênero.

Paul de La Panouse, de 80 anos, estava no Château de Thoiry quando a propriedade foi invadida pelos ladrões, há 37 anos. O grupo de bandidos vinha assaltando mansões no distrito de Yvelines, antes de se dirigir para Thoiry. Paul conta que a perda dos objetos roubados lhe causou noites e noites de insônia. Depois de tantos anos, ele havia até perdido as esperanças de encontrar os itens novamente. Inclusive, ele chegou a oferecer na época uma recompensa de 100.000 francos (cerca de 10.000 libras esterlinas) por qualquer informação que levasse ao paradeiro das peças roubadas.

Um detalhe de um retrato de Maria Antonieta pela pintora francesa Élisabeth Louise Vigée Le Brun. Fotografia: Artokoloro/Alamy

Quando a polícia entrou em contato com ele, dizendo que o jarro e a bacia haviam sido identificados, sua reação foi de felicidade: “Eles disseram que os encontraram. Foi tão, tão emocionante”, disse ao jornal Le Parisien. “Apenas cerca de 20 peças de porcelana foram pintadas com esse azul”. Segundo Hubert Percie du Sert, chefe do OCBC, um departamento de polícia especializado que investiga o tráfico de objetos culturais: “Um especialista entrou em contato conosco expressando suas dúvidas sobre as peças que lhe foram oferecidas. Imediatamente procuramos em nosso banco de dados, e eles apareceram como roubados em 1987”.

Assim que recebeu as imagens dos objetos, Hubert as combinou com as fotografias mantidas nos registros policiais. Finalmente as peças foram reconhecidas. “O proprietário os havia comprado de boa-fé e desconhecia sua procedência. Quando soube que tinham sido roubados, devolveu-os imediatamente”, relatou o investigador. Agora, os presentes que Maria Antonieta dera à sua querida amiga no século XVIII retornaram para o belíssimo Château de Thoiry, atualmente muito famoso por seu magnífico jardim zoológico.

Fonte:

The Guardian – Acesso em 22 de Abril de 2024.

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