Camilla, a nova rainha consorte do Reino Unido, descende de Mary Stuart e Isabel de Castela!

Por: Renato Drummond Tapioca Neto

Em 8 de fevereiro de 1587, o machado do carrasco ceifava a vida de Mary Stuart, a rainha deposta dos Escoceses, aos 42 anos. Tinha ela na ocasião apenas um filho, que a sucedeu no trono quando tinha somente 1 ano, o rei James VI. Com a morte da rainha Elizabeth I, em 1603, ele se tornou também rei James I da Inglaterra, Irlanda e País de Gales. Embora só possamos falar na existência do Reino Unido a partir de 1707, com o Tratado de União assinado durante o reinado da rainha Anne, a Grã-Bretanha já era regida há pelo menos um século por uma família real, os Stuart, que foram sucedidos no trono em 1714 pelos herdeiros de Sofia de Hanôver, bisneta de Mary. Mas, através do rei James VI e I e de seus filhos, Charles I e Elizabeth da Boêmia, a descendência de Mary Stuart se espalhou por muitas casas reinantes do continente europeu, devido aos chamados casamentos dinásticos. Entre as suas tataranetas mais famosas, encontramos Maria Antonieta, a imperatriz Dona Leopoldina, a rainha Vitória, a rainha Elizabeth II e a princesa Diana. Contudo, Camilla, a nova rainha consorte do Reino Unido, também pode refazer sua árvore genealógica até a trágica rainha da Escócia, chegando também a outra soberana famosa: Isabel I de Castela!

Camilla, a nova rainha consorte, descende diretamente de Mary Stuart através de um filho bastardo do rei Charles II.

Sendo assim, a filha de Rosalind e do Major Bruce Shand possui ancestrais em comum com seu atual marido. A linhagem passou de Mary para seu filho, James VI da Escócia e I da Inglaterra. Seu neto, o rei Charles II, casado com a infanta portuguesa D. Catarina de Bragança, teve vários filhos bastardos, entres eles Charles Lennox, I duque de Richmond, de quem Camilla descende diretamente. Isso faz da atual rainha consorte uma prima distante tanto de seu marido, quanto da falecida princesa Diana. A linhagem passou da seguinte forma:

Mary Stuart (1542-1587), casada com Henry, Lorde Darnley.

|

James VI da Escócia e I da Inglaterra (1566-1625), casado com Anne da Dinamarca.

|

Charles I (1600-1649), casado com Henrietta Maria da França.

|

Charles II (1630-1685), relação extraconjugal com Louise de Kérouaille.

|

Charles Lennox, I duque de Richmond (1672-1723), casado com Anne Brudenell.

|

Anne Lennox, condessa de Albermarle (1703-1789), casada com William Keppel, II conde de Albermarle.

|

George Keppel, III conde de Albermarle (1724-1772), casado com Anne Miller.

|

William Keppel, IV conde de Albermarle (1772-1849), casado com Elizabeth Southwell.

|

George Keppel, VI conde de Albermarle (1799-1891), casado com Susan Trotter.

|

William Keppel, VII conde de Albermarle (1832-1894), casado com Sophia MacNab.

|

George Keppel (1865-1947), casado com Alice Edmonstone.

|

Sonia Rosemary Keppel (1900-1986), casada com Roland Calvert Cubitt, III Barão Ashcombe.

|

Rosalind Cubitt (1921-1994), casada com o Major Bruce Shand.

|

Rainha Camilla (nascida em 1947), casada com o rei Charles III.

Como podemos observar, a atual rainha consorte descende de uma longa linhagem de reis, duques, condes e barões. Sua ascendência também remonta aos monarcas da dinastia Tudor, como o rei Henrique VII (bisavô de Mary Stuart), e aos reis Plantageneta, como o rei Edward IV. O mais curioso é que, nessa árvore genealógica simplificada, encontramos os três reis Charles que reinaram sobre a Inglaterra. Por outro lado, Camilla não era considerada uma nobre até receber o título de duquesa de Cornwall em 2005, graças ao seu casamento com o herdeiro do trono. Seu pai, o Major Bruce Shand, não fazia parte da nobreza, diferentemente de sua mãe, Rosalind, que era filha do barão Ashcombe.

Devido a uma série de valores retrógrados, Camilla não era considerada uma moça elegível para se casar com o príncipe de Gales, quando os dois se conheceram em 1973. Além de sequer fazer parte da chamada pequena nobreza ou da gentry, ela era uma moça com uma vida sexual ativa e com um histórico de antigos namorados que macularam sua reputação aos olhos moralistas do Palácio de Buckingham. O tio-avô de Charles, Louis de Mountbatten, havia aconselhado o filho da rainha Elizabeth II a procurar uma moça de nascimento nobre, que fosse bela e cândida, a exemplo da rainha-mãe, Elizabeth Bowes-Lyon. Casada com Bertie, duque de York (futuro rei George VI), em 1923, ela foi a primeira mulher que se beneficiou da alteração nas leis que regulamentavam os casamentos reais, permitindo aos príncipes da Casa Real se casarem com filhas de nobres do reino. Assim sendo, quando a bela e adorável Lady Diana Spencer, de 19 anos, apareceu em cena no ano de 1980, o príncipe Philip e a rainha-mãe praticamente empurraram Charles para aquela união. Esperava-se que a filha do conde Spencer fosse uma mulher submissa, que fizesse vista grossa para as infidelidades do marido, algo que não combinava com o perfil de Lady Di. Porém, ela e Camilla compartilhavam ancestrais em comum.

Através do rei Charles II, Camilla, assim como a falecida princesa Diana, descende de Isabel I de Castela.

Embora os Spencer vivessem há mais tempo na Inglaterra do que os herdeiros de Sofia de Hanôver (de George I a Elizabeth II), Diana, tal como Camilla, descendia dos Stuart através de uma via bastarda: Henry Fitzroy, filho de Barbara Villiers, outra das amantes do rei Charles II. O mais interessante é que, por meio desse ancestral em comum, podemos chegar até a rainha Isabel I de Castela, uma vez que a mãe de Charles II, a princesa Henrietta Maria da França, era bisneta do imperador Fernando I do Sacro-Império que, por sua vez, era neto de Isabel e Fernando. Veja abaixo:

Isabel I de Castela (1451-1504), casada com Fernando II de Aragão (1452-1516)

|

Joana I de Castela (1478-1555), casada com o arquiduque Felipe da Áustria, rei consorte de Castela

|

Fernando I do Sacro-Império (1503-1564), casado com Ana da Boêmia e da Hungria

|

Joana da Áustria (1547-1578), casada com Francisco I de Médici

|

Maria de Médici (1575-1642), casada com Henrique IV da França

|

Henrietta Maria da França (1609-1669), casada com Charles I da Inglaterra

Com efeito, o destino às vezes gosta de pregar algumas peças. Em 1603, o filho da rainha decapitada da Escócia ascendeu ao trono da Inglaterra após a morte da executora de sua mãe, dando assim prosseguimento à linhagem Stuart. Tanto, que hoje em dia é muito difícil encontrar um membro remanescente da nobreza europeia que não consiga retraçar suas origens até Mary. Outra pantomima irônica é a ascensão de Camilla ao posto de rainha consorte. Bisneta de uma amante real, Alice Edmonstone, mais conhecida como Alice Keppel (que manteve um caso extraconjugal com o príncipe de Gales e futuro rei Edward VII por quase duas décadas), ela agora está prestes a ser coroada na mesma cerimônia que seu marido, o rei Charles III, na Abadia de Westminster, em 6 de maio de 2023.

*Contribua para manter o site Rainhas Trágicas na rede, doando qualquer valor na nossa campanha: (clique aqui), ou para o Pix 05263065566. Sua ajuda é muito importante!

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s