“Spencer” é o nome do novo filme dedicado à saudosa Lady Di. Estrelado por Kristen Stewart (conhecida por sua atuação na saga “Crepúsculo” e em “As Panteras), o drama retrata a trajetória da princesa Diana em um ponto crucial de sua vida, quando seu casamento estava por um fio e a personagem já não mais suportava as pressões sofridas no seio da realeza. Distribuído pela Neon Films, “Spencer” é uma obra do conceituado diretor chileno Pablo Larraín, responsável por películas de sucesso como “Jackie” (2016). A trama se passa durante o Natal de 1991, quando a família real se reúne no Palácio de Sandringham para as comemorações festivas. Cansada de todo aquele universo de etiquetas e protocolos, a personagem mergulha num fluxo de consciência, que perpassa por cenas de sua infância, juventude até a situação insustentável de sua união com o príncipe Charles (interpretado pelo ator Jack Farthing). Reconhecendo-se como uma mulher infeliz, Diana/Kristen começa a questionar a manutenção daquele matrimônio de fachada. São essas algumas das impressões transmitidas a partir da análise do primeiro teaser trailer da obra, cuja data de estreia está fixada para o dia 5 de novembro de 2021, durante a temporada do Oscar.
Nos últimos anos, a princesa Diana tematizou uma gama variada de produções midiáticas. Em 2013, ela foi interpretada por Naomi Watts no filme “Diana”, do diretor Oliver Hirschbiegel. O roteiro se baseava na biografia escrita por Kate Snell, “Diana. O Último Amor de Uma Princesa” (publicado no Brasil pela editora Prata), que aborda os dois últimos anos de vida de Lady Di, quando ela se envolveu em um relacionamento com o cirurgião paquistanês, dr. Hasnat khan. De lá para cá, muita coisa foi produzida acerca da princesa de Gales. Quando o trágico acidente que lhe ceifou a vida completou 20 anos em 2017, um número muito vasto de filmes, séries e documentários foram lançados, prestando assim um valioso tributo à sua memória (incluindo um belíssimo depoimento de seus filhos, compartilhando as lembranças mais afetivas que tinham do tempo passado em sua companhia). No ano passado, quando estreou a quarta temporada de “The Crown”, a mãe dos príncipes William e Harry estampou novamente manchetes de tabloides sensacionalistas, trazendo à tona escândalos há muito esquecidos e/ou superados pelo jornalismo. Emma Corrin, que interpretou a personagem na produção da Netflix, ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Série Dramática.

Comparação entre a atriz Kristen Stewart, em “Spencer”, com a princesa Diana.

Outra foto comparativa da atriz com a princesa. A recriação das roupas de Lady Di em “Spencer” ficaram muito caprichadas.
A escolha de Kristen Stewart para o papel da princesa Diana divergiu muitas opiniões. Conhecida por suas participações em filmes mais voltados para o público jovem, alguns telespectadores a consideram uma atriz pouco dinâmica e de expressões limitadas. Por outro lado, sua caracterização em “Spencer” ficou impecável. Embora não se pareça fisicamente com a falecida Lady Di, o figurino e a maquiagem estão muito bem elaborados. Kristen está quase irreconhecível por baixo das roupas da personagem. Nas cenas apresentadas pelo trailer, é possível observar também alguns momentos de tensão, com a princesa andando em um vestido glamoroso para a ceia de Natal no Palácio de Sandringham. Em seguida, algumas cenas de flashback, nas quais podemos observar a pequena Diana Spencer rodopiando com um tou tou de bailarina pelo salão de piso em mármore preto e branco de Althorp. A sequência segue o ritmo circular da dança, com Diana, já adulta, extravasando seus sentimentos contidos por meio de atitudes intempestivas. Num momento, ela surge bem composta nos jardins de Sandringham; no segundo, aparece correndo desenfreadamente como se estivesse a fugir de sua sina. Uma explosão interessante de contrastes entre o decoro da realeza e o desvio da norma.

A personagem vai viver momentos de tensão durante a trama.

O primeiro trailer de “Spencer” atinge seu clímax num diálogo travado entre Diana e a personagem de Sally Hawkins. “Eles sabem de tudo”, diz Sally, enquanto a princesa responde: “Não sabem”.
Infelizmente, as locações para as gravações das cenas não foram feitas nos Palácios britânicos pelos quais Diana passou, como Sandringham, Kensington, Althorp, Balmoral, Highgrove, entre outros. As filmagens começaram a ser rodadas no castelo de Kronberg, na Alemanha, no castelo de Marquardt, em Potsdam, e no castelo de Nordkirchen. Os ambientes foram adaptados para lembrar o interior das residências reais. A narrativa parece ter início com a chegada da personagem para o Natal em família, com um grupo de paparazzis disparando flashs de forma intermitente. O assédio da impressa deve ser outro ponto forte a ser explorado pelo roteiro. A partir de então, a trama deve se desenvolver a partir das reminiscências da personagem, algo muito parecido com o enredo de “Jackie”, no qual a primeira-dama dos Estados Unidos rememora os acontecimentos de sua vida durante a histórica entrevista que ela concedeu ao jornalista Theodore H. White, da revista Life, sobre o assassinato do presidente John F. Kennedy. O primeiro trailer de “Spencer” atinge seu clímax num diálogo travado entre Diana e a personagem de Sally Hawkins. “Eles sabem de tudo”, diz Sally, enquanto a princesa responde: “Não sabem”. Estariam elas discutindo sobre a separação do casal?

Pôster de “Spencer”, dirigido pelo chileno Pablo Larraín e distribuído pela Neon Films.
Em 1991, Diana colaborou clandestinamente com o jornalista Andrew Morton para a escrita de um livro que desmascarava para o público de leitores a farsa do casamento real, com testemunho de amigos escolhidos pela própria princesa. A biografia de Morton, lançada em 1992, foi um marco divisor de águas na história de Lady Di e do reinado de Elizabeth II, pois até então nenhum escritor havia exposto a intimidade da família real como Andrew havia feito. A nível de curiosidade, uma atriz foi escalada para interpretar Ana Bolena no filme, a escocesa Amy Manson. Possivelmente, o roteiro deve elaborar algum tipo de paralelo entre a história da segunda esposa de Henrique VIII – decapitada em 1536 por crimes como traição e adultério – com a situação vivenciada por Diana. Tendo buscado o amor que não encontrou em Charles nos braços de outros homens, como o capitão James Hewitt, a personagem comete uma ação que, séculos antes, foi usada como justificativa para executar uma rainha inglesa. Mas, qualquer que seja a premissa, acredito que uma ótima produção está vindo por aí. Com uma fotografia esplêndida, figurinos caprichados e cenários esplendorosos, o longa-metragem pode ser uma agradável surpresa até mesmo para os olhos daqueles mais incrédulos.
Para maiores informações, acesse página do filme no site do IMDB (clique aqui)!
Ótimo texto amei
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