Por dentro de Osborne House: a belíssima residência de verão da rainha Vitória!

Em 1845, Vitória e Albert estavam no auge da sua felicidade conjugal. Já eram pais de 4 filhos, incluindo o herdeiro do trono, Bertie. Nos meses de verão, quando a família tirava alguns dias de férias, eles geralmente viajavam para a Ilha de Wight (localizada em Southampton, na costa sul da Inglaterra), onde se sentiam mais à vontade e sem todo o protocolo do palácio de Buckingham. Quando criança, a rainha adorava visitar o local, com suas praias ensoladas, que fizeram o príncipe Albert se recordar da baía de Nápoles. Ali, o jovem casal ergueu pela primeira vez seu próprio lar: Osborne House, desenhada por Albert em parceria com o arquiteto Thomas Cubitt em estilo italiano, semelhante aos palácios da família Médici. Terminada em 1851, Vitória descreveu sua construção como um “pequeno paraíso perfeito”, no qual ela e seus filhos podiam se deleitar e aproveitar de uma atmosfera mais aconchegante do que aquela oferecida pela cinzenta Londres. Restaurada de acordo com seu antigo esplendor, a casa de verão da rainha-imperatriz pode ser visitada pelo público, tal como sua primeira proprietária a havia deixado, antes de morrer em 22 de janeiro de 1901.

Para Vitória e Albert, a ilha de Wight fornecia um cenário idílico para a criação de seus filhos, com suas trilhas de passeio repletas de arbustos floridos e ramagens pendentes, nas quais os coelhos podiam ser vistos saltitando e os rouxinóis cantando do cimo das árvores. Na casa clara, projetada pelo príncipe consorte, quase todos os aposentos tinham vista para o mar. Dese a fachada ao interior, tudo foi decorado em estilo italiano, incluindo as porcelanas até os objetos de arte. Thomas Cubitt projetou os jardins, cuidou do plantio das árvores e do sistema de esgoto, enquanto Albert providenciou um depósito de gelo e uma lagoa artificial, para se usada em caso de incêndio. Além disso, nas cercanias da propriedade foi montado um chalé decorado com mosaicos e, para as crianças, uma piscina flutuante ancorada ao mar.

A Sala Principal

desenho da casa da rainha

A propriedade, listada como Grau II, foi projetada com móveis ornamentados e belas artes. A sala segue um esquema de cores amarelo, com sofás e poltronas de cetim duquesa e cortinas combinando. Existem tetos altos e grandiosos, com vários pedestais de mármore, além de ser decorado com intrincados entalhes de ouro.

Exposta nela, existe nela uma pintura que apresenta três mulheres sentadas sob uma folhagem verdejante, banhadas aqui e ali pela luz do sol da tarde. “A um exame mais próximo, vê-se o formato das costas de um homem sob as saias da mulher sorridente reclinada, e da barra da saia despontam dois pés adicionais” (BAIRD, 2018, p. 206). Conhecida por La Siesta, essa pintura de Franz Xaver Winterharter se constitui na primeira tela adquirida pela rainha. Nas palavras de sua biógrafa, Julia Baird, “é divertido pensar numa maliciosa Vitória rido com Albert diante da cena, travessamente mostrando o quadro aos visitantes, sem indicar a presença do homem ali escondido” (2018, p. 206).

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Na outra extremidade da sala, há um piano de cauda antigo de madeira com dois bancos. Uma estante de livros fica em um canto, e há várias pinturas e fotografias penduradas em molduras douradas nas paredes.

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Há uma mesa de centro circular na sala, com tampo de vidro. Dois enormes lustres de joias ampliam sua estética majestosa.

O Camarim

enfeite da casa da rainha

O camarim da rainha Vitória era pintado de rosa claro. Há tapetes florais em marrom e creme e móveis de madeira, incluindo uma penteadeira posicionada em frente a uma grande janela de guilhotina com cortinas florais, um banquinho combinando e uma cômoda em um canto. Vitória posicionou um grande espelho acima de uma lareira branca

A Sala de Estar

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A sala de estar da rainha Vitória e do príncipe Albert tem os mesmos tapetes do camarim. As paredes são pintadas de amarelo canário e há três janelas de guilhotina do chão ao teto com cortinas florais em creme e vermelhas. A soberana manteve várias pinturas e artefatos dispostos em uma longa mesa de madeira e uma mesa circular separada. “As escrivaninhas eram decoradas com retratos emoldurados da família e moldes de pezinhos e mãozinhas de bebês: mãos rechonchudas com a palma vincada, cotovelos com covinhas, rostos lisos e macios”, acrescenta Julia Baird (2018, p. 206). Os pais registravam em Osborne House cada momento da infância dos filhos.

A Segunda Sala de Estar

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A rainha Vitória e o príncipe Albert também tinham uma segunda sala de estar dentro da Osborne House. Esta apresenta paredes verde-oliva com tapetes florais vermelhos e uma pequena mesa circular ao meio, com duas cadeiras verdes posicionadas de cada lado.

O Quarto

quarto da casa da rainha

O quarto da rainha Vitória possui uma cama de dossel com cortinas florais de cada lado, uma cabeceira verde e uma estrutura de madeira; uma chaise longue floral fica na extremidade da cama. Há também duas poltronas florais combinando e uma lareira branca de um lado.  

Ao final do verão, a família real se retirava para a Escócia, na região montanhosa das Terras Altas. Mesmo após a morte do príncipe consorte, a rainha Vitória considerava seu retiro de verão em Osborne House como algo sagrado e apenas em raras ocasiões se permitia adiar um dia ou dois de viagem para receber algum Chefe de Estado em Buckingham. Após a morte da soberana. a casa maior foi transformada em um museu particular para a família real, com todos os seus aposentos mantidos de forma intacta. O rei Edward VII, porém, cedeu parte do domicílio para o Royal Navy College. Atualmente, se encontra aberto para visitação do público.

Fontes:

BAIRD, Julia. Vitória, a rainha: a biografia íntima da mulher que comandou um império. Tradução de Denise Bottman. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018.

WILKINS, Bridie. Inside Queen Victoria’s jaw-dropping home – complete with private beach. 2020. – Acesso em 20 de agosto de 2020.

4 comentários sobre “Por dentro de Osborne House: a belíssima residência de verão da rainha Vitória!

    • “Osborne House está, actualmente, sob os cuidados do English Heritage, encontrando-se aberta ao público da primavera até o outono. O antigo pavilhão de cricket do Naval College foi convertido numa cabana de férias em 2004, podendo ser reservado por membros do público.”Quando foi criado, em 1983, a English Heritage era o nome operacional de um órgão público não-departamental do Governo do Reino Unido, oficialmente designado por Historic Buildings and Monuments Commission (Comissão para os Edifícos e Monumentos Históricos) para a Inglaterra, que administrava o sistema nacional de protecção do legado e geria diversas propriedades históricas.[2] Foi criada para juntar as funções dos organismos existentes que emergiram após um longo período do envolvimento do Estado na protecção do legado. Em 1999, a organização fundiu-se com a Royal Commission on the Historical Monuments of England e a National Monuments Record, unindo os recursos para uma melhor identificação e pesquisa dos bens históricos da Inglaterra.

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  1. Eu discordo da tese que o quadro apresenta uma figura masculina camuflada sobre as saias da moça central. Basta dar um zoom nos pés que supostamente seriam masculinos descobrimos um pé e uma canela visivelmente feminina, além do sapato, do modelo que hoje chamamos de mule, em veludo vermelho, aberto no calcanhar e com um pequeno salto. Definitivamente trata-se de uma ilusão de ótica!

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