Em 1588, com alguma ajuda dos ventos e da perícia dos corsários ingleses, a rainha Elizabeth I conseguiu vencer a assim chamada “invencível armada” espanhola, montada contra a soberana protestante das ilhas britânicas pelo seu inimigo, o rei Felipe II. Para comemorar sua vitória, a monarca ordenou a execução de pelo menos três retratos, idênticos, nos quais ela aparece numa pose previamente estudada: o corpo em perfil mira o horizonte, enquanto a mão direita descansa sobre o globo, cobrindo a área geográfica da Europa; a rainha está ricamente vestida, em traje decorado com pedrarias, pérolas e laços; o rosto não apresenta qualquer sinal que demonstre a idade da soberana, que já tinha 55 anos quando da pintura dos retratos, o que dá às telas um aspecto bastante atemporal; atrás de si, duas cenas foram retratadas: do seu lado direito, os navios ingleses navegam sobre águas tranquilas, enquanto do lado esquerdo a armada espanhola é destruída pelo mau tempo. Pela primeira vez em 430 anos, esses três icônicos artefatos serão expostos juntos, na Queen’s House, em Greenwich (Londres).

Allison Goudie, curadora de arte do Royal Museums Greenwich, vê os três retratos sobreviventes da Armada da rainha Elizabeth I.
Acredita-se que o autor destes três quadros tenha sido George Gower, que começou a trabalhar para Elizabeth I em 1581. Nos conhecidos retratos da Armada, Gower criou para a rainha da Inglaterra uma alegoria repleta de símbolos expressassem a sua soberania. A mão direita sob o globo representa sua proeminência diante da derrota da Espanha, então a maior potência do continente, enquanto a mão esquerda aparece inclinada para baixo, representando o declínio do inimigo. A concepção da tela pode, assim, ser interpretada a partir da dualidade entre o direito e o esquerdo, marcado pela contraposição de outros elementos, como a coroa e o trono. Existem outros quadros, supostamente pintados por George Gower, retratando Elizabeth em pose semelhante e com o mesmo vestido, embora com variações significativas. As telas ficarão em exibição na exposição Faces of a Queen: The Armada Portraits of Elizabeth I (Faces de uma rainha: os retratos da armada de Elizabeth I), inaugurada dia 13 de fevereiro, com duração até o dia 31 de agosto.
“Estamos absolutamente felizes em poder reunir esses três retratos em exibição pública pela primeira vez”, disse a Dra. Allison Goudie, curadora de arte do Royal Museums Greenwich. “Será emocionante ver os três juntos, e mal podemos esperar para compartilhar esse momento histórico com nossos visitantes na Queen’s House. Esta é realmente uma oportunidade muito rara e especial de ficar cara a cara com Elizabeth de que eu nunca gostei antes”. A localização da exposição fica no mesmo terreno onde antes se erguia o Palácio de Greenwich, também conhecido como Palácio de Placentia, que foi o local de nascimento dos próprios monarcas Tudor: Elizabeth I (1533–1603), bem como seu pai, Henrique VIII (1491-1547) e Maria I (1516-1558).

Uma das três versões do retrato do armada, que estão em exibição.
Para tornar essa exposição possível, a National Portrait Gallery emprestou seus retratos de Elizabeth, enquanto o Royal Museum de Greenwich conseguiu o seu próprio retrato, após uma grande campanha pública, feita através do Art Fund – uma instituição de caridade britânica que arrecada dinheiro para financiar a obtenção de obras de arte para o Reino Unido – o que resultou em 8.000 doações no valor de 1,5 milhão de libras esterlinas (US $ 1,95 milhão). A Heritage Lottery, em seguida, concedeu uma doação de US $ 9,66 milhões, permitindo assim a aquisição deste retrato da Armada de Elizabeth I. Esses três retratos são as únicas versões sobreviventes de 1588 existentes e também são os únicos que incluem cenas da Armada Espanhola no pano de fundo das pinturas.
Antes da instalação da exposição Faces of a Queen: The Armada Portraits of Elizabeth I , os retratos históricos estavam sempre no mesmo local, para pesquisa e conservação, mas nunca publicamente. A National Portrait Gallery, localizada em Londres, concedeu empréstimos para que esta exposição se concretizasse, assim como o duque e a duquesa de Bedford, que estão emprestando um retrato da armada de sua coleção particular, completando assim a santa trindade dos retratos da rainha Elizabeth I que estão sendo exibidos.
Fonte:
Muito poderosa essa rainha! Será que aqui conseguiriamos lotar nossos museus?
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Por 8 dias não vou poder ver essa exposição…
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