Artista desenvolve versões criativas de como as rainhas do passado se pareceriam nos tempos de hoje!

Por: Renato Drummond Tapioca Neto

A história é repleta de personagens fascinantes, que ainda hoje fazem ferver o imaginário popular. Reis e rainhas, príncipes e princesas, cavaleiros e donzelas aprisionas não existem apenas nos contos de fada. Mas, vistos assim nas páginas dos livros, tem-se a impressão de que foram petrificados pelo tempo e expostos em alguma vitrine para o olhar contemplativo do leitor. No entanto, aquelas pessoas compartilharam o mesmo mundo que o nosso, embora numa época e espaços diferentes. Assim como muitos de nós, esses personagens se apaixonaram, sentiram raivas e frustrações, lutaram por seus ideias e tiveram uma vida extraordinária, que mais tarde foi apropriada pela literatura e pela ficção. Por outro lado, como seria imagina-los vivendo nos dias de hoje, adaptados aos modos e costumes de um período bastante diferente daquele em que existiram? Foi pensando nisso que a designer Becca Saladin, da página no Instagram Royalty Now, fundada em 2019, resolveu usar seu toque de condão e dar uma nova roupagem, mais glamorosa, para retratos e escultaras de algumas das figuras mais populares da história. Selecionamos nesse post as versões de Saladin para as soberanas icônicas que servem de inspiração para o nosso blog.

Hatshepsut (1459 a.C)

Com a morte de seu marido, o rei Tutmés II, Hatshepsut passou a governar por seu enteado, que na época ainda era uma criança. Porém, quando este atingiu a maioridade, ela se recusou a ceder o poder e teve o apoio dos súditos. Seu reinado foi de um caráter inédito, pois até então só homens tinham ocupado o trono do Egito e agora uma mulher se tornava faraó. Nos 22 anos em que esteve à frente do Estado, promoveu a construção de grandes templos edificantes e levantou a economia do país. Após sua morte, foi finalmente sucedida por Tutmés III, que fez o possível para destruir a memória da madrasta.

Nefertiti (1370 a.C.)

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Releitura do busto de Nefertiti, esculpido por Tutemés em 1345 a.C.

O busto de 3400 anos da famosa rainha do Egito, esposa do faraó Aquenáton, ganhou uma versão super moderna, com direito ao preenchimento do olho esquerdo que, segundo a lenda, teria sido deixado propositalmente incompleto pelo escultor, para que a beleza da rainha não causasse inveja às deusas. Muitas são as características que chamam a nossa atenção ao contemplar a imagem esculpida da rainha, como a grande coroa, o pescoço longo e delgado, sustentando um cabeça com traços faciais muito agradáveis de se ver.

Cleópatra VII (69 a.C. – 30 a.C.)

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Releitura do busto de Cleópatra VII

Uma das rainhas mais famosas da antiguidade, Cleópatra VII, ou simplesmente Cleópatra, ganhou notoriedade por seu envolvimento com dois dos homens mais poderosos de seu tempo, Júlio César e Marco Antônio. Além de ter sido a última governante do Egito, ela também foi uma mulher inteligentíssima, sendo fluente em vários idiomas. Para a versão de Cleópatra, Saladin usou como referência um suposto busto da soberana, adicionando ao seu modelo um tom de pele cor de oliva, a despeito das teorias de que Cleópatra tenha sido uma mulher de pele negra.

Agripina Menor (15 d.C. – 59 d.C.)

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Releitura da cabeça esculpida de Agripina Menor

Uma das mulheres mais poderosas de Roma, e também uma das mais controversas, a imperatriz Júlia Agripina Menor, mãe do imperador Nero, também ganhou uma versão contemporânea, feita a partir da cabeça esculpida da soberana.

Isabel I de Castela (1451 – 1504)

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Releitura de Isabel de Castela, baseada em detalhe da tela atribuída a Gerard David (c. 1520).

A primeira grande soberana da idade moderna, Isabel de Castela foi também a precursora do que alguns estudiosos consideram como monarquia de gênero, uma vez que em seu governo ela desafiou uma série de tabus referentes à participação da mulher na política. O sucesso do reinado de Isabel contribuiu assim para diminuir o receio que muitos reinos tinham de passar a coroa para as mãos de uma princesa, supostamente sujeita às vontades do marido. A despeito das muitas teorias que consideravam a mulher e a política como duas esferas incompatíveis, o século XVI foi quase todo dominado pelo governo feminino, seja na Inglaterra, com Maria I e Elizabeth I; na Escócia, com Mary I Stuart; na França, com Catarina de Médici; ou até mesmo nos Países Baixos, com a arquiduquesa Margarida de Habsburgo.

Elizabeth Woodville (1437-1492)

No dia 9 de abril de 1483 falecia o rei Eduardo IV da Inglaterra, pouco antes de completar seu aniversário de 42 anos. Morreu repentinamente, deixando sua esposa, a rainha Elizabeth Woodville, numa situação bastante delicada. Quem governaria o reino durante a menoridade do rei Eduardo V, de apenas 12 anos? O tio do rapaz, Ricardo de Gloucester, foi apontado como regente, enquanto preparativos eram feitos para a coroação do rei-menino. Instalado na Torre de Londres, ao herdeiro da Coroa se juntou seu irmão mais novo, Richard, duque de York, sob pretexto de que o jovem monarca estava se sentindo bastante solitário. Em meados de junho, porém, o regente decidiu se apoderar da trono, argumentando que seus sobrinhos eram ilegítimos, devido a uma possível irregularidade no casamento dos seus pais, uma vez que Eduardo IV estaria noivo quando se casou com Elizabeth.

Ana Bolena (1501? – 1536)

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Releitura de Ana Bolena, baseada em retrato pintado por artista desconhecido (final do século XVI).

Segundo Becca Saladin, Ana Bolena foi sua primeira inspiração para começar a repaginar retratos e esculturas de algumas das maiores personalidades do passado. Em entrevista ou My Modern Met, ela disse que:

Coloquei nela uma roupa moderna, pintei os cílios, sobrancelhas e fiz a maquiagem. Fiquei empolgada com o que vi. Ela se tornou muito mais identificável comigo depois dessa criação. Depois disso, comecei a fazer mais das minhas figuras favoritas e comecei o Instagram como uma maneira de compartilhar meu trabalho com outros amantes da história.

A segunda esposa de Henrique VIII da Inglaterra é uma das figuras históricas favoritas da artista, já tendo ganhado mais de uma versão idealizada por ela. A designer conta que a elaboração de cada uma de suas artes requer muito tempo e pesquisa, pois nem todos os detalhes necessários estão disponíveis nos livros de história, como, por exemplo, no caso de Cleópatra. Para tanto, ela dá asas à sua imaginação e apresenta para nós a sua leitura de como tais soberanas se pareceriam, caso vivessem nos dias de hoje.

As Seis Esposas de Henrique VIII

“Divorciada, decapitada, morreu… Divorciada, decapitada, sobreviveu”. É com esse versinho que a cultura popular se recordar da ordem de sucessão das esposas de Henrique VIII: Catarina de Aragão, Ana Bolena, Jane Seymour, Ana de Cleves, Catarina Howard e Catarina Parr, respectivamente. O trabalho de Becca Saladin foi elaborado tendo como base os mais famosos retratos destas rainhas. O resultado final ficou tão bacana, que faz lembrar das grandes atrizes que já desfilaram pelo tapete vermelho do Oscar.

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Releitura do retrato de Catarina de Aragão, pintado por Michel Sittow (c. 1504)

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Releitura do retrato de Ana Bolena, pintado por artista desconhecido (final do século XVI).

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Releitura do retrato de Jane Seymour, pintado por Hans Holbein, o Jovem (1538).

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Releitura do retrato de Ana de Cleves, pintado por Hans Holbein, o Jovem (1539).

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Releitura do retrato de uma jovem, que se acredita tratar-se de Catarina Howard, do ateliê de Hans Holbein, o Jovem (c. 1540).

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Relteitura do retrato de Catarina Parr, pintado por artista desconhecido (séc. XVI).

Maria I da Inglaterra (1516 – 1558)

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Releitura do retrato da rainha Maria I da Inglaterra, pintado por Antonis Mor (1554).

Primeira rainha reinante da Inglaterra e rainha consorte da Espanha, Maria I Tudor era filha de Henrique VIII e Catarina de Aragão. Com o rompimento entre Igreja da Inglaterra e o papado no ano de 1534, ela perdeu seu status de princesa, sendo readmitida na linha de sucessão apenas dez anos depois. Após a morte de seu meio-irmão, Eduardo VI, ela ascendeu ao trono inglês, governando o país numa de suas fases mais instáveis, provocada pelo processo de reforma religiosa iniciada por seu pai. Reinou por cinco anos, deixando a coroa para sua meia-irmã, Elizabeth I. Na versão de Saladin para Maria I, destaca-se os cabelos acobreados da soberana, sua expressão austera e queixo firme.

Elizabeth I (1533-1603)

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Releitura do famoso The Rainbow Portrait, retratando a rainha Elizabeth I da Inglaterra, atribuído a Isaac Oliver (1600-1602).

Releitura do “Darnley Portraitde Elizabeth I, pintado em 1575, por artista desconhecido.

A filha de Henrique VIII com Ana Bolena foi a última monarca de sua dinastia. Tendo governando a Inglaterra por um período de aproximadamente 45 anos, durante o seu reinando a literatura e a arte nacional ganharam um grande impulso, produzindo nomes como o de William Shakespeare. No plano político, Elizabeth concentrou os poderes da coroa e procurou estabilizar as disputas religiosas que perturbaram os reinados de seus irmãos. Ao morrer, em 1603, foi sucedida por James VI da Escócia, o filho de Mary Stuart. Na sua versão para Elizabeth I, Becca deu destaque ao tom de pele alvo, aos olhos de pálpebras pesadas e aos cabelos acobreados da soberana, que eram sua marca registrada em retratos oficiais.

Mary Stuart (1542 – 1587)

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Releitura do retrato de Mary Stuart, segundo obra de François Clouet (c. 1560).

A trágica soberana da Escócia, decapitada a mando de sua prima Elizabeth I, após ter sido julgada e condenada por crime de traição, ganhou uma versão bem romântica e suave pelas mãos de Becca Saladin. No seu tempo de vida, Mary Stuart foi considera uma das princesas mais bonitas da Europa, embora muitas de suas características faciais talvez não fossem valorizadas pelos critérios de beleza modernos. A designer então adaptou o rosto de Mary para os padrões estéticos contemporâneos, dando-lhe uma expressão de serenidade.

Jinga de Angola (1582-1663)

Nascida no ano de 1582, Ngola Ana Nzinga Mbandi, também conhecida na cultura popular brasileira pelo apelido de Ginga, foi rainha reinante (Ngola) do reinos de Ndongo e de Matamba, situados na atual região da Angola. Ficou famosa pelas lutas de resistência contra o avanço da colonização portuguesa em seus reinos. “Hábil guerreira, estrategista política e militar, Nzinga foi uma líder carismática, uma rainha que passou a vida combatendo e morreu sem nunca ter sido capturada” (BRACKS). Faleceu em 1663, aos 80 anos. Seu corpo foi sepultado de acordo com os ritos católicos. O povo de Matamba passou a venera-la como a “rainha imortal, a insubmissa, aquela que jamais se entregou, Sua fama, inclusive, atravessou o Atlântico. No Brasil, seu nome é constantemente invocado em rodas de capoeira, em congadas e maracatus, enaltecida como “guerreira que engana os adversários, inimiga da corte cristã, venerável ancestral de Angola”.

Catarina II da Rússia, a Grande (1729-1796)

Em janeiro de 1725, quando Pedro, o Grande, morreu, deixou a esposa como sucessora, fazendo dela a primeira mulher a governar aquele vasto território, considerado bárbaro pelas outras nações europeias. Ainda que Voltaire, que não a conheceu, tenha dito que ela fosse tão extraordinária quanto o marido, o reinando da primeira Catarina foi curto, de modo que não podemos avaliar com precisão a eficiência de sua gestão. O fato é que sua época foi marcada por uma série de golpes de Estado que colocaram no trono vários governantes, entre os quais as czarinas Ana Ivanovna e Isabel I. O mais famoso desses golpes, porém, ocorreu no ano de 1762 e foi protagonizado por uma mulher nascida dois anos depois da morte da esposa de Pedro I. Seu nome era Sofia Frederica Augusta, princesa de Anhalt-Zerbst, mas a história se lembraria dela como Catarina, a Grande.

Maria Antonieta (1755 – 1793)

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Releitura do retrato de Maria Antonieta, pintado por artista desconhecido.

Uma das mulheres mais controversas da história, Maria Antonieta até hoje rende assunto para debates acadêmicos gerados em torno de sua figura, ora pelas suas inovações no mundo da moda, ora pelo papel que desempenhou na Revolução Francesa, ou mesmo pelo seu trágico desfecho. A última rainha da França já serviu de inspiração para muitos outros artistas, estilistas e decoradores, que constantemente reinventam seu modo de vida, transformando-a numa personagem com um profundo apelo contemporâneo. Na versão de Saladin, Antonieta aparece com uma basta cabeleira loira e ondulada, que serve de moldura para um rosto que fita o observador com seus claros e curiosos.

Rainha Vitória (1819-1901)

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Releitura do retrato da rainha Vitória I do Reino Unido, pintado por Franz Xaver Winterhalter (1859).

Símbolo de uma Era, Vitória I do Reino Unido foi a figura de proa de um dos momentos mais conflituosos da história mundial, marcado pela Segunda Revolução Industrial e pelo imperialismo britânico na Ásia e na África. Na maioria das suas fotografias, ou em retratos pintados, a rainha quase sempre aparece com uma expressão austera e gestos imponentes. Tudo meticulosamente pensado para representar a grandeza do império britânico, associada à imagem da monarca. Contudo, na versão de Becca Saladin, uma Vitória mais jovem e cândida chama a atenção do observador, principalmente pelo contrate que oferece com a figura enlutada que geralmente aparece nos livros.

Elisabete da Baviera (1837-1898)

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Releitura do retrato da Imperatriz Sissi, pintado por Georg Martin Ignaz Raab (1867).

Para fechar essa matéria, escolhemos a belíssima versão que Saladin fez da imperatriz da Áustria, Elisabete, mais conhecida pelo carinhoso apelido de Sissi. Apesar dos inúmeros retratos da soberana, pintados pelo taleto inigualável de Franz Xaver Winterhalter, a esposa do imperador Francisco José I da Áustria era uma mulher muito tímida e teve uma vida bastante complicada, embora ocupasse uma posição social elevada. Muito admirada por sua beleza, Sissi também era uma mulher depressiva, que desenvolveu bulimia e, por fim, foi assassinada por um anarquista italiano em 10 de setembro de 1898.

Atualizado em 5 de agosto de 2020.

Fontes:

Awesome Inventions – Acesso em 12 de fevereiro de 2020

Marie Claire – Acesso em 12 de fevereiro de 2020.

Royalty Now – Acesso em 12 de fevereiro de 2020

 

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