Por: Eleanor Bley Griffiths
Claire Foy gosta muito da rainha Elizabeth II. Afinal, ela vem tentando entrar na mente na soberana desde que foi escalada para interpretar a monarca na série da Netflix, ‘The Crown” – tarefa difícil, já que Elizabeth é uma pessoa muito privativa, desempenhando um papel muito público.
“Eu sinto que, uma vez que você olha para o caráter de alguém e o compreende de maneira mais profunda, então você é obrigado a ter um apego a ele”, disse a atriz ao Radio Times. “É provável que não de um modo totalmente baseado na realidade, mas eu me sindo muito, muito afeiçoada”.
Mas quão perto da realidade é o retrato de Elizabeth II em “The Crown”? Vamos dar uma olhada…
Como era a sua infância?
A versão infantil da princesa Elizabeth, interpretada por Verity Russel, é apresentada como uma criança séria e obediente – o que parece, para todos os efeitos, bastante preciso.
Elizabeth nasceu em 1926 e foi apelidada de “Lilibet” por seus parentes próximos, por causa da sua aparente incapacidade de pronunciar seu próprio nome quando pequena. Naquela época parecia improvável que ela seria rainha. Seu avô George V estava no trono, seu tio era o próximo na linha sucessória e seu pai (então príncipe Albert, duque de York) era o segundo filho do rei.
Ela e sua irmã mais nova, princesa Margaret, foram educadas em casa sob a supervisão de sua mãe e de sua governanta, Marion Crawford (“Crawfie”), que mais tarde publicou um relato não autorizado de seu tempo com as princesas. O livro revela uma criança afetuosa e amável, que amava cavalos e cães.
Mas, em seguida, a terceira na linha sucessória se tornou a segunda, e depois a primeira. Seu avô morreu em 1936, seu tio abditou mais tarde naquele ano e seu pai foi empurrado para o trono. Elizabeth era a herdeira presuntiva.
Consequentemente, recebeu educação privada sobre história constitucional do Vice-reitor da Escola de Eton – assim como em “The Crown”.
O que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial?
Apesar das sugestões de que as princesas fossem mandadas para o Canadá, até que a Guerra estourasse, a mãe de Elizabeth declarou: “as crianças não vão sem mim. Eu não vou embora sem o rei. E o rei nunca vai sair”.
Em vez disso, eles viveram entre os castelos de Balmoral, Sandringham House e Windsor. Neste último, as princesas encenavam pantomimas no natal para ajudar o Queen’s Woo Found e vestir as tropas.

Princesas Elizabeth e Margaret durante o período de Guerra, numa pantomima de Aladin.
Aos 18 anos, por sua própria solicitação, Elizabeth se juntou ao Serviço Territorial Auxiliar das Mulheres e vestiu macacões para treinar como motorista de caminhão e mecânica. É por isso que, em “The Crown”, ela afasta todos os homens que tentam consertar o seu carro quebrado – ela pode fazê-lo perfeitamente bem.
Fato curioso: a rainha é a única mulher da família real a ter entrado para as forças armadas.

Princesa Elizabeth treinando como mecânica durante a Segunda Guerra Mundial.
No dia da vitória europeia, as princesas Elizabeth e Margaret foram para as ruas de Londres, comemorar junto com a multidão. “Nós perguntamos a meus pais se poderíamos sair e ver por nós mesmas. Eu me recordo que estávamos aterrorizadas por sermos reconhecidas… Me lembro das linhas de pessoas desconhecidas, de braços dados e andando sob Whitehall, todos juntos numa maré de felicidade e alívio”, disse a rainha mais tarde.
Como ela conheceu – e casou – príncipe Philip?
Elizabeth se encontrou algumas vezes com o príncipe Philip da Grécia e da Dinamarca quando criança, mas só o conheceu melhor depois dos 13 anos, quando começaram a trocar cartas. Philip serviu na Marinha Real durante os anos de guerra.
Seu noivado foi anunciado oficialmente em 9 de julho de 1947, quando Elizabeth tinha 21 anos. Foi algo bastante controverso: Philip não tinha dinheiro e suas três irmãs haviam se casado com nazistas. Ele fora criado no exílio, sem uma casa ou um reino. Mas o casal foi resoluto e, assim, Philip renunciou aos seus títulos gregos e dinamarqueses, para se tornar o duque de Edimburgo, juntando-se à Igreja Anglicana.
O casamento real ocorreu em 20 de novembro de 1947, na Abadia de Westminster. Na fraca economia do pós-guerra, Elizabeth exigiu cupons de racionamento para pagar pelo material do seu vestido de noiva.
Como era sua tenra vida de casada?

Príncipe Philip e a princesa Elizabeth, junto com os filhos, Chales e Ana, em 1951.
Elizabeth deu à luz seu primeiro filho, príncipe Charles, um ano depois do casamento. A princesa Ana nasceu em 1950. A jovem família se mudou para Clarence House, em Londres, embora passasse algum tempo em Malta, colônia da Coroa Britânica, onde Philip foi patenteado como oficial da Marinha Real.
Contudo, já havia mostras de que a saúde do rei estava em declínio. Durante o ano de 1951, Elizabeth frequentemente aparecia no lugar do pai em eventos públicos, viajando pelo Canadá. Seu secretário particular, Martin Charteris, teria levado um projeto de declaração de ascensão, apenas para o caso de o rei morrer enquanto a princesa estava no exterior.
Como ela ouviu falar da morte do rei?
A forma com a qual Elizabeth descobriu sobre a morte de seu pai em “The Crown” nos parece demasiado dramática para ser verídica – mas é.
No início de 1952, Elizabeth e Philip estavam em turnê pela Austrália e Nova Zelândia via Quênia. Enquanto o rei dava seus últimos suspiros no seu retiro rural, em Sandringham House, a princesa e seu marido passavam a noite no Hotel Treetops, no Quênia, observando o nascer do sol sobre a selva. No momento em que o rei deveria já estar morto, Elizabeth vira uma águia magnífica pairando sobre sua cabeça.
No entanto, ela não devia saber nada a respeito até mais tarde. Elizabeth deixou o hotel e voltou para Sagana Lodge com Philip, enquanto telegramas codificados chegavam de Londres e ninguém conseguia entender porque o homem com a chave do armário contendo instruções tinha partido naquele dia. Charteris ouviu as notícias de um editor de jornal queniano e finalmente conseguiu a mensagem para a nova rainha.
Jim Corbett, um caçador e guarda-costas de Elizabeth no Quênia, escreveu no diário de bordo dos visitantes no Hotel Treetops: “Pela primeira vez na história do mundo, uma menina entrou um dia numa árvore, uma princesa, e, depois de ter o que ela descreveu como sua experiência mais emocionante, ela desceu da árvore no dia seguinte como uma rainha”.
Como ela lidou com o fato de se tornar rainha?
A coroação estava cheia de simbolismo, e não menos quando se tratava do vestido da rainha. Ela foi bordado com os emblemas florais de países de Commonweath of Nations (Comunidade de Nações): rosa Tudor inglesa, alho-porro galesa, acácia australiana, folha de bordo canadense, sambambaia de prata da Nova Zelândia, protea da África do Sul, flores de Lotus, representando a Índia e o Ceilão, e trigo, algodão e juta para o Paquistão. Apesar da coleção eclética de símbolos, realmente parecia algo bastante bom.
O roteirista de “The Crown”, Peter Morgan, aborda muitos dos desafios dos primeiros anos de Elizabeth como monarca: a esperança da irmã, Margaret, de se casar com o homem divorciado, Peter Townsend; problemas com seu marido sobre se a casa real deveria permanecer a casa de Windsor, em vez de Mountbatten (Windsor Ganhou), e a tensão de embarcar numa tour ao redor do mundo em 1953, por 13 países, com uma série implacável de aparições públicas.
No entanto, é muito difícil de saber como ela lidou em privado com as exigências de cargos públicos. Da forma como Foy a interpreta, a rainha se torna mais reservada e controlada quando ela se instala em seu papel.
Uma coisa certamente permaneceu a mesma: ela continuou a amar cavalos e cães. Desde o início do seu reinado, ela possuiu mais de 30 corgis, e foi indulgente em corridas de cavalos.
Como era seu relacionamento com Winston Chrichill?
Em “The Crown”, Churchill está inicialmente preocupado com a possibilidade de a rainha não estar à altura do seu trabalho, e ele freqüentemente se debate com Elizabeth antes de aprender a respeitá-la.
A Rainha se reúne com seu primeiro-ministro uma vez por semana, mas suas conversas são estritamente confidenciais e nenhum registro é mantido.
No entanto, é relatado que ela e Churchill teriam desenvolvido uma relação particularmente estreita, especialmente dado ao amor de ambos por cavalos e sua história ao trabalhar com o monarca anterior, o rei George VI. Perguntada muitos anos depois sobre com qual Primeiro Ministro ela tinha mais gostado de se reunir, ela teria respondido: “Winston, é claro, porque era sempre tão divertido”.

Elizabeth II com seus filhos, príncipes Charles e Ana, encontra o Primeiro Ministro, Winston Churchill, em 1953.
A Rainha escreveu o seguinte a Churchill, quando de sua renúncia ao cargo de PM, em 1955: “Eu não preciso te dizer … quão severamente continuarei a sentir falta de seus conselhos e encorajamento. Seria inútil fingir que qualquer sucessor jamais seria capaz de ocupar o lugar de meu primeiro primeiro-ministro”. Porém, mais tarde ela também o chamou de “obstinado”.
O que acontece depois?
A primeira temporada de “The Crown” vai até a renúncia de de Churchill, em 1955. Mas há uma abundância de fatos para a segunda. conforme foi sugerido pelo problemático aparecimento de Abdel Nasser. Em 1956, esse drama conduziu à crise de Suez, quando a Grã-Bretanha e a França invadiram o Egito em uma tentativa mal-sucedida de capturar o canal de Suez.
Sir Anthony Eden renunciou, e a Rainha foi forçada a decidir quem deveria formar um governo. Ela escolheu Harold Macmillan – uma decisão não muito popular. Mais tarde, ela também seria forçada a nomear outro primeiro-ministro, em 1963, Alec Douglas-Home, e a se envolver na escolha de um governo de um Parlamento suspenso, em 1974 – então havia muito drama político para a rainha Elizabeth.
A rainha teve mais dois filhos em 1959 e em 1963: o príncipe Andrew e o príncipe Edward, respectivamente.

A rainha com seu marido e filhos, em 1972.
Ela manteve um intenso regime de viagem, visitando países como Gana, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Chipre, Índia, Paquistão, Nepal e Irã, mas durante os anos 60 e 70, muitos países ganharam independência da Grã-Bretanha, enquanto aços com o antigo Império enfraquecido.
Sendo assim, onde está o potencial dramático no resto do reinado da rainha?
Elizabeth foi discreta no centro da política global desde que a coroa foi colocada primeiramente em sua cabeça. À medida que a série da Netflix avançar, será que ver o brutal ditador comunista Nicolae Ceausescu em sua visita de Estado ao Reino Unido, organizada por uma relutante rainha? Ou o primeiro-ministro canadense, Pierre Trudeau, trotando atrás da rainha em 1977, mostrando desprezo pelo protocolo do palácio? Ou quando ela foi baleada em 1981 por um suposto assassino adolescente?
Peter Morgan também poderia buscar inspiração desde o momento em que acordou no Palácio de Buckingham e encontrou um intruso (Michael Fagan), que entrou no seu quarto. Ele poderia explorar o relacionamento do palácio com a imprensa sensacionalista, pois eles perderam sua reverência para com a realeza, bem como seu relacionamento com a primeira-ministra, Margaret Thatcher.

A rainha Elizabeth II e Margaret Thatcher em Zambia (1979).
A rainha teve uma ano terrível em 1992, (seu “annus horribilis”). O príncipe Andrew se separou de sua esposa. Sara; a princesa Ana se divorciou do capitão Mark Phillips; houve um grande incêndio no castelo de Windsor; O príncipe Charles se separou formalmente da princesa Diana. 1997 foi outro ano ruim, quando Diana foi morta em um acidente de carro em Paris e as pessoas sentiram que a rainha não reagiu com o nível adequado de tristeza.
Mas, ao longo de tudo isso, o republicanismo permaneceu uma força fraca na Grã-Bretanha. Embora muitas críticas tenham sido feitas à família real, a própria Elizabeth continua a ser pessoalmente popular – e agora, no ano de seu 90º aniversário, “The Crown” despertou um renovado interesse pela vida privada da rainha.
Tradução e revisão de Renato Drummond Tapioca Neto, de artigo originalmente publicado no site Radio Times
Eu acho essa mulher fantástica. O fato dela ser tão reservada é uma coisa tão forte, levando em consideração a forma como ela virou herdeira e rainha. Claro que foi uma pessoa com erros e acertos, mas mais de 60 anos de reinado não é pra qualquer um. Queria muito que William e Kate tivessem uma menina primeiro kkkk adoraria mais uma mulher no trono britânico. E estou louca para ver essa série da Netfix.
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Amei seu comentário. Compartilho da mesma opinião.
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Já assisti todo seriado,quero dizer as duas temporadas.muito bom.
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Amei assistir as duas series “The Crown” em Netflix Fantásticas. Passei a admirar ainda mais essa mulher.
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Tem gente que despreza a monarquia britânica, eu continua a admirar a rainha Elizabeth, afinal, a imagem de idealidade que a família real representa, cria na grã bretanha mais que um sentimento nacional, cria também a sensação de pertencimento a tradições antigas e valorização de sua história.
Falando agora da Rainha em específico, não deve ser fácil lidar com tudo isso, afinal, quantos famosos se suicidam ou adoecem por ter fama, muitos inclusive com fama passageira, quantas pessoas reclamam de privacidade e se expõem para ser apreciadas? Sobre Elizabeth II, tudo que sabemos dela, pelo menos a maioria, é por que foi permitido, afinal a força que ela tem para lidar com toda a pressão de ter uma vida boa ao troco de holofotes e responsabilidades, é de tirar o chapéu.
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Nao sei a fonte da informação ou um erro de tradução, mas a rainha Elizabeth II nunca foi baleada.
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