Por: Renato Drummond Tapioca Neto
Catherine, princesa de Gales, é reconhecida como uma das mulheres mais elegantes da realeza e do mundo. Tudo o que ela usa rapidamente vira tendência e arranca elogios nas redes sociais. Além disso, suas escolhas de roupas em eventos oficiais carregam uma importante mensagem política e ajudam a movimentar a indústria. Desta vez, não foi diferente. Na terça, dia 08 de Julho de 2025 a princesa se juntou ao seu marido, o príncipe William, para dar as boas-vindas ao presidente da França, Emmanuel Macron, e sua esposa, a Sra. Brigitte. O casal foi até a base aérea da R.A.F. (Força Aérea Real), em Northholt, recepcionar os convidados em nome do rei Charles III e da rainha Camilla. Essa, por sua vez, é a primeira visita oficial para o Banquete de Estado de um líder da União Europeia à Inglaterra, desde o Brexit, em 2020. Os dois países, porém, possuem uma longa história de conflitos, que perpassa pela Guerra dos 100 anos no século XV, pela guerra dos Sete Anos (que custou à França a perda do Canadá para o Reino Unido), a Guerra de Independência dos Estados Unidos (com franceses lutando ao lado dos americanos contra os ingleseses) e, não menos importante, as guerras napoleônicas.



Por outro lado, ambas as nações também possuem laços diplomáticos que acabaram estreitando suas ligações a partir do século XIX. Basta nos lembrarmos da magnífica recepção que a rainha Vitória fez a Napoleão III e à imperatriz Eugénia de Montijo, 170 anos antes, em 1855. Reino Unido Unido França também foram aliados em duas Guerras mundiais e, desde então, colocaram suas divergências medievais de lado. Isso ficou muito claro hoje com a recepção feita pelo herdeiro do trono ao presidente da República Francesa. Após as saudações oficiais e devidos cumprimentos, os dois casais seguiram de carruagem até o castelo de Windsor, onde o rei e a rainha consorte os esperava para um passeio pela área do edifício. Esta também se trata da primeira visita de um Chefe de Estado francês ao Castelo em mais de uma década. William e Kate seguiram o presidente e a primeira-dama por uma visita guiada à Royal Collection, que se trata de um dos maiores acervos particulares do mundo.
Com efeito, muito do acervo da Royal Colection, diga-se de passagem, se deve ao árduo trabalho de catalogação da rainha Mary de Teck no incio do século passado. Litogravuras da rainha Vitória recebendo Napoleão III em 1855 foram apresentadas pelo rei ao presidente Macron e à primeira-dama. O casal também visitou a Abadia de Westminster. Para a ocasião, a princesa de Gales debutou com um conjunto da Christian Dior, composto por um terno desenhando por Grazia Chiuri (a primeira mulher a liderar a maison francesa). A peça, por sua vez, foi baseada em outra de 1947, desenhada pelo próprio Dior. Os cabelos de Kate estavam presos por um chapéu Jess Collet e uma saia de tule ton sur ton. Toda a composição foi definida nos tons de rosa cipreste, ressaltando a feminilidade e elegância da futura rainha do Reino Unido. Em 1951, a princesa Margaret já havia exibido um belíssimo vestido da grife, quando posou para as lentes de Cecil Beaton, por ocasião do seu aniversário de 21 anos. A partir de então, a Dior entrou definitivamente no guarda-roupas real.



Contudo, um dos detalhes que não passou despercebido foi o par de brincos de pérolas da princesa Diana e o colar de três fios de pérolas, que havia pertencido à rainha Elizabeth II. A princesa Diana costumava combinar o brincos com a Cambridge Lover’s Knot Tiara da rainha Maey. Duas pérolas em formato de gota pendem de uma armação de ouro branco com diamantes. Assim como muitas das joias de Diana, o design dos brincos se destaca pela sua versatilidade, podendo algumas de suas partes serem removidas de acordo com o gosto da usuária. Desde então, Kate usou a joia em inúmeros eventos. Já o colar de pérolas da rainha, ela herdou depois do falecimento de Elizabeth II, em 2022, sendo frequentemente vista com eles. A princesa estava toda sorridente e aparentando ótima saúde ao lado do marido. Ela e William ainda compareceram ao banquete, oferecido no Grande Salão do Castelo de Windsor pela noite.
No ano passado, Catherine não estava presente ao Banquete por razões de saúde. Trata-se, portanto, de um retorno triunfal ao dever, desde que os médicos confirmaram que ela estava curada do câncer. Acompanhada do marido, o príncipe William, a princesa apareceu deslumbrante com um vestido longo com capa, desenhado pela estilista Sarah Burton para a grife Civenchy. A cor, por sua vez, pode ser interpretada como um tributo à bandeira francesa. Tradicionalmente, o vermelho simboliza os ideias de Liberdade, Igualdade e Fraternidade da Revolução, além da coragem e do sangue derramado pelos franceses no processo revolucionário. Em ocasiões como essa, a princesa de Gales sempre optou por uma cor que representasse o país, cujo líder estivesse em visita oficial ao Reino Unido. É irônico que a princesa tenha optado por uma cor que, no contexto político, simboliza o triunfo do povo sobre a monarquia. Talvez esta seja mais uma demonstração das adaptações dos protocolos reais aos tempos modernos e ao regime democrático de governo.



Kate estava deslumbrante no evento, esbanjando seu charme e simpatia inigualáveis. Um sorriso no rosto traduzia seu estado de espírito ao lado do marido. Combinado com o vestido, a princesa escolheu a icônica Cambridge Lover’s Knot Tiara da rainha Mary de Teck. A peça foi encomendada em 1913 à joalheiria Garrard e é composta por arcos de diamantes com pérolas naturais pendentes em formato de gota, agrupadas sobre uma armação de ouro branco. Na sua versão original, a tiara também possuía pérolas no topo dos arcos, até que a própria rainha Mary mandou reformar a peça, substituindo as antigas pérola invertidas por diamantes redondos. A joia foi sucessivamente usada pela rainha Elizabeth II, que a deu para usufruto de Diana e acabou se tornando uma marca registrada da falecida de princesa de Gales. Tornaram-se particularmente famosas suas aparições com a peça usando o belíssimo vestido Elvis, que combinava corpete e bolero costurado com pérolas artificiais. Diana também a usou em sua primeira e única visita ao Brasil, em 1991.
Com o divórcio do príncipe Charles, a tiara então ficou à disposição de outros membros da família real. Agora, é a nova princesa de Gales quem detém o usufruto da peça. Kate não era vista com essa joia há dois anos, desde o último banquete de Estado em que participou no Castelo de Windsor, no ano de 2023. Combinando com a tiara, ela tirou dos cofres reais o par de brincos de diamantes da finada rainha Elizabeth II. Na mão direita, a pulseira com três fios de pérolas de sua falecida sogra. A princesa cruzou o grande salão do castelo usando a faixa de Dama da Grande Cruz da Real Ordem Vitoriana e os laços com as Ordens de Elizabeth II e de Charles III. Outros membros da família real também se juntaram ao rei e à rainha na recepção, como a princesa Anne, o príncipe Edward, duque de Edimburgo e sua esposa, a duquesa Sophie. “Prontos para o que promete ser um maravilhoso banquete de Estado em Windsor”, escreveram o príncipe e a princesa de Gales nos seus perfis em redes sociais.



Aos poucos, a princesa vai retomando seus deveres oficiais, cuidando do corpo com uma dieta balanceada, exercícios físicos e Ioga. No último dia 2 de julho de 2025, ela fez uma visita ao Jardim do Bem-estar, no Colchester Hospital (Essex, Inglaterra). A visita foi acompanhada pelo plantio de mudas de árvores e arbustos e de conversa com pacientes, médicos e enfermeiros. A princesa foi vista com um semblante radiante no rosto e aparentando ótima saúde. No seu perfil oficial no Instagram, a princesa disse: “Grata a todos os que ajudaram a criar este espaço especial para o bem-estar, e a todos aqueles que trabalham e se voluntariam aqui para apoiar os pacientes. Obrigado àqueles que generosamente compartilharam suas histórias de recuperação”. No último ano, enquanto passava por um tratamento de quimioterapia contra o câncer, ela ressaltou como a natureza a ajudou a atravessar esse momento difícil. Agora, Kate faz o possível para confortar aqueles que, assim como ela, passam por esse momento delicado.
Referências Bibliográficas:
BROWN, Tina. Os arquivos do Palácio: por dentro da Casa de Windsor: a verdade e a voragem. Tradução de Denise Bottmann e Berilo Vargas. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
HARTE, Rosie. The royal wardobre: a very fashionable history of the monarchy. UK: Headline Publishing Group, 2023.
JONES, Caroline. Kate Middleton: estilo e elegância do maior ícone da realeza. Tradução de Lúcia Beatriz Primo. São Paulo: Prata Editora, 2013.













