Por: Renato Drummond Tapioca Neto
A dinastia Romanov, casa imperial que governou a Rússia por mais de 300 anos (de 1613 até 1917), produziu alguns dos maiores governantes que a Europa já conheceu, tais como Pedro I, Catarina II e Alexandre II. O último membro dessa longa linhagem de imperadores, por sua vez, permanece sujeito de debates nada enaltecedores dentro da historiografia. Nicolau II herdou a coroa em 1894 após a morte de seu pai, o czar Alexandre III e, junto com sua esposa, a princesa alemã Alexandra Feodorovna, governam um país sacudido por tumultos e greves, que culminaram com a Primeira Guerra Mundial e logo depois com a Revolução que pôs termo ao governo dos czares. Uma rara gravação, feita no aniversário de Nicolau em 1910, registra sua voz enquanto o monarca assistia a uma parada militar, comandada pelo General-Tenente, barão von Eck Eduard Vladimirovich. Escute no vídeo abaixo:
A seguir, traduzimos as falas do vídeo, identificando o momento exato em que podemos ouvir Nicolau:
01 a 04 seg. General-Tenente Edward V. Eck:
“Escute (inaudível)! Irmãos! Eu bebo à saúde do nosso querido Soberano Líder, o Imperador Nicolau Alexandrovich! Viva!”39 – 41 seg. Vozes das crianças:
“Hurray Hurray!”05 seg. – 1 minuto. 02 seg. A orquestra toca o hino nacional do Império Russo
1 minuto. 03 seg. – 1 minuto. 12 seg. General-Tenente Edward V. Eck:
“Para a marcha cerimonial – rifle no ombro! Marcha rápida!”1 minuto. 13 seg. – 1 minuto. 48 seg. A orquestra tocou uma marcha militar de Kroup “Saudade”.
1 minuto. 49 seg. – 1 minuto. 53 seg. Imperador Nicolau Alexandrovich:
“Irmãos! Obrigado pelo desfile completo!”2 minutos. 08 seg. – 2 minutos. 13 seg. Imperador Nicholas Alexandrovich:
“Obrigado, irmãos, por um excelente aprendizado!”
Ao subir ao trono da Rússia, em 1894, Nicolau se queixou bastante da difícil tarefa que era governar aquele país de proporções continentais. Durante a adolescência, seu pai, Alexandre III, contrariando o precedente imperial, pouco educou seu filho no universo da política ou deixou que ele tomasse participação das reuniões de Estado com os ministros do império. O resultado disso foi um soberano inapto para a função, que acreditava na manutenção da autocracia como forma legítima de governo e que estava pouco disposto a fazer concessões de direitos à população, quando estas eram mais necessárias. Somado a isso, uma crise familiar, provocada pela hemofilia do herdeiro, o czarevich Alexei, fez com que Nicolau e sua esposa tomassem todas as medidas que julgassem necessárias para manter escondida dos olhos do mundo a doença do filho, como se aproximas do charlatão Rasputin, espécie de monge que se dizia ter o poder de curar as dores do príncipe com orações.
Nicolau II e sua família morreram na madrugada de 17 de julho de 1918, fuzilados pelos bolcheviques de Ecaterimburgo. Até hoje, o debate sobre se as mortes da família imperial foram necessárias ou não divide o público, o que demonstra o interesse e o clima de especulação que envolve a vida daquelas pessoas. Algo que, com o passar do tempo, apenas cresceu.
Trabalho de recuperação fantástico gravação nítida,impressionante.E o soberano foi um homem lindo……
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