“O luto é o preço que pagamos pelo amor” – 10 frases inspiradoras ditas pela rainha Elizabeth II

Por: Renato Drummond Tapioca Neto

Em 1957, a rainha Elizabeth II, então com 5 anos de reinado, aparecia pela primeira vez dos lares de todos os súditos do Reino Unido, através da televisão. Criticada anteriormente como uma figura distante e, por vezes, dessintonizada com os tempos modernos, a rainha levou em consideração os argumentos do escritor e jornalista, Lorde Altrincham. Se a cerimônia de coroação foi o primeiro passo para a monarca entrar na Era da Televisão, sua tradicional mensagem de natal, transmitida todo dia 25 de dezembro, foi a consolidação dessa iniciativa. Conforme a própria ressaltou no seu discurso transmitido em 1957: “é inevitável que eu pareça uma figura distante para muitos de vocês, uma sucessora de reis e rainhas do passado… Mas, agora, pelo menos por alguns minutos, eu os convido para a paz da minha própria casa”. Assim, Elizabeth conseguiu estabelecer uma conexão mais estreita com o telespectador, oferecendo às famílias momentos de reflexão e frases de conforto: “Sempre foi fácil odiar e destruir. Construir e cuidar é muito mais difícil”, disse a soberana no texto do seu discurso. Ao longo de 70 anos de reinado, a rainha ofereceria muitos outros conselhos e palavras de conforto para aqueles que a assistiam e a ouviam ao redor de todo mundo. Nessa matéria, selecionamos dez frases de impacto, proferidas pela monarca.

“Não posso liderar vocês na batalha, não dou leis nem administro justiça, mas posso fazer algo mais: posso dar meu coração e minha devoção a essas ilhas antigas e a todos os povos da nossa comunidade de nações” (1957). A partir de então, em cada dia 25 de dezembro, a transmissão televisionada da mensagem de natal da rainha se tornou algo ansiosamente aguardado pelos telespectadores. Com a revolução da internet e das redes sociais, sua palavra pôde alcançar um número cada vez maior de pessoas. Para além do Natal, outros discursos da monarca se tornaram famosos, como a frase que ela endereçou às famílias das vítimas do atentado do dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos: “o luto é o preço que pagamos pelo amor”. Nos anos da pandemia de Covid-19, quando o mundo inteiro se encontrada confinado, ela disse que “Embora ainda tenhamos mais a suportar, dias melhores retornarão. Estaremos com nossos amigos novamente. Estaremos com nossas famílias novamente. Nos encontraremos novamente” (2020). Perto do final da vida, ela passou a refletir mais sobre a velhice e o privilégio de ter vivido por mais de nove décadas: “uma das características do envelhecimento é a maior consciência da mudança” (2007). Abaixo, seguem algumas das frases mais marcantes ditas pela rainha, convidando-nos para uma experiência de introspecção.

Retrato oficial da rainha Elizabeth II no Castelo de Windsor, tirado por ocasião do seu Jubileu de Platina, em 2022.

“Sempre foi fácil odiar e destruir. Construir e cuidar é muito mais difícil”.

– Rainha Elizabeth II, em seu primeiro discurso de Natal televisionado, em 1957.

Retrato oficial da princesa Elizabeth, duquesa de Edimburgo (futura rainha), em 1951.

“Foram as mulheres que inspiraram gentileza e cuidado no duro progresso da humanidade”.

– Rainha Elizabeth II em seu discurso de Natal, transmitido em 1966.

Fotografia da rainha, tirada no castelo de Windsor por Basia Hamilton, em 6 de maio de 2022.

“Não nos levemos muito à sério. Nenhum de nós tem o monopólio da sabedoria e devemos estar sempre prontos a ouvir e respeitar outros pontos de vista”.

– Rainha Elizabeth II, em discurso televisionado no Natal de 1991.

Rainha Elizabeth II, aos 96 anos, em 2022.

“O luto é o preço que pagamos pelo amor”.

– Rainha Elizabeth II, em discurso direcionado às famílias das vítimas do atentado de 11 de setembro de 2001.

Fotografia da rainha Elizabeth II, tirada no dia 11 de junho de 2021, durante a recepção dos líderes do G7 no Eden Project, na Cornualha.

“Uma das características do envelhecimento é a maior consciência da mudança”.

– Rainha Elizabeth II, em discurso de Natal transmitido em 2007.

“Quando a vida parece difícil, os corajosos não desistem e aceitam a derrota; em vez disso, estão ainda mais determinados a lutar por um futuro melhor”.

– Trecho do discurso de Natal da rainha Elizabeth II, transmitido em 2008.

Rainha Elizabeth II, aos 96 anos, em 2022.

“A verdadeira medida de todas as nossas ações é quanto tempo dura o bem nelas”.

– Rainha Elizabeth II, em discurso no banquete de Estado da França, em 2014.

Fotografia da fainha no Castelo de Windsor, tirada em maio de 2022, por Ranald Mackechnie.

“Vale a pena lembrar que muitas vezes são os pequenos passos, não os saltos gigantes, que trazem a mudança mais duradoura”.

– Rainha Elizabeth II, trecho do discurso de Natal de 2019.

Elizabeth II e o Papa Francisco, durante a visita da monarca ao Vaticano no dia 03 de abril de 2014.

“Devemos nos confortar com o fato de que, embora ainda tenhamos mais a suportar, dias melhores retornarão. Estaremos com nossos amigos novamente. Estaremos com nossas famílias novamente. Nos encontraremos novamente”.

– Trecho do discurso da rainha Elizabeth II sobre a pandemia de COVID-19, transmitido no dia 5 de abril de 2020.

Fotografia da rainha Elizabeth II aos 96 anos, em 2022.

“Não há sentido lamentar a passagem do tempo. Envelhecer é um dos fatos da vida. E tem suas próprias recompensas. Uma das alegrias de viver uma vida longa é observar outrora seus filhos, depois os netos.”

– Depoimento da falecida rainha Elizabeth II, divulgado em 2022, poucos meses antes de sua morte, no documentário da BBC: “Elizabeth: The Unsee Queen”.

Com efeito, é importante ressaltar que muitos desses discursos não foram escritos pela mão da rainha, sem ajuda de seus secretários particulares. Seu primeiro discurso oficial como herdeira presuntiva do trono, em 1947, quando ela disse: “Eu declaro diante de todos vocês, que minha vida, seja ela longa ou curta, será inteiramente devotada ao seu serviço”, possivelmente não era de autoria da jovem princesa de 21 anos e sim do secretário de seu pai, Alan “Tommy” Lascelles. Contudo, as palavras ficaram tão intrinsecamente ligadas a Elizabeth II, que as repetiu em inúmeras ocasiões, que muito acreditam que elas saíram de sua lavra. Nada do que a rainha dizia em público deixava de passar pelo crivo de seus secretários e assessores antes. Por outro lado, os textos capturam perfeitamente a essência da personalidade da monarca e seus sentimentos para com os destinatários das mensagens. O último dos discursos de Natal da rainha foi transmitido no ano de 2021, com uma belíssima reflexão nobre morte e renascimento. Em 2022, ela disse que “Não há sentindo em lamentar a passagem do tempo. Envelhecer é um dos fatos da vida”. No dia 08 de setembro daquele ano, a rainha partiu para a imortalidade, deixando atrás de si um legado duradouro, que ainda permanecerá vivo até o crepúsculo dos tempos.

Bibliografia Consultada:

KELLEY, Kitty. Os Windsor: radiografia da família real britânica. Tradução de Lina Marques et. al. Sintra, Portugal: Editorial Inquérito, 1997.

MARR, Andrew. A real Elizabeth: uma visão inteligente e intimista de uma monarca em pleno século 21. Tradução de Elisa Duarte Teixeira. São Paulo: Editora Europa, 2012.

MEYER-STABLEY, Bertrand. Isabel II: a família real no palácio de Buckingham. Tradução de Pedro Bernardo e Ruy Oliveira. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2002.

MORTON, Andrew: Diana – sua verdadeira história em suas próprias palavras. Tradução de A. B. Pinheiros de Lemos e Lourdes Sette. 2ª ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2013.

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