Pétalas de violetas cristalizadas: o doce favorito da imperatriz Elisabeth “Sissi” da Áustria!

Por: Renato Drummond Tapioca Neto

Em 22 de abril de 1868, quase um ano depois de ser coroada rainha da Hungria ao lado de seu marido, a imperatriz Elisabeth deu à luz sua última criança nascida do casamento com Francisco José, a arquiduquesa Maria Valéria. Mas, diferentemente dos outros filhos, que lhes foram tomados pela sogra e educados longe de seus olhos, Sissi se agarrou à filha caçula como a um porto seguro. Nessa fase de sua vida, com 30 anos, ela começou a desenvolver uma série de complexos com relação à sua própria aparência, especialmente com o peso.

A imperatriz Elisabeth, por Franz Xaver Winterhalter.

Após o parto de quatro filhos, a soberana de forma alguma pretendia assumir a figura da matrona, como a famosa imperatriz Maria Teresa, a Grande. Em vez disso, ela adotou dietas rigorosas, para manter o talhe de sílfide. Com cerca de 1,72m de altura, seu peso variava entre 45 e 50 kg e sua cintura media 50 cm (ficando ainda mais delgada com o uso de espartilhos). Sua dieta se baseava principalmente no consumo de líquidos e ela fazia longas caminhadas por dia, a ponto de levar suas damas de companhia à exaustão. Para absorver a proteína da carne, em vez de mastigar o alimento e o engolir, ela sorvia apenas seu caldo. Assim, Sissi foi ficando cada vez mais magra, despertando a preocupação de médicos e familiares.

Com efeito, acredita-se que a imperatriz possa ter desenvolvido algum distúrbio alimentar, como bulimia ou anorexia, embora nada disso possa ser comprovado. A falta de uma alimentação balanceada, aliada a exercícios físicos cansativos, como cavalgadas, trapézio e natação, levavam seu corpo à exaustão. Não raro, ela era tomada por vertigens e sensação de fadiga. Contudo, havia uma iguaria da culinária vienense à qual ela não resistia: pétalas de violeta açucaradas! A soberana não perdia a oportunidade de consumir o doce produzido pela Confeitaria Gerstner, chegando ao ponto de substituir suas refeições por ele. Dizem que ele possui um gosto azedinho no início, atenuado pelo sabor do açúcar, e vai ficando levemente amargo no final.

Violetas açucaradas, vendidas pela Confeitaria Gerstner.

Fundada no ano de 1847, a confeitaria fornecia bolos e demais doces finos para a corte imperial, incluindo as pétalas de violeta cobertas com cristais de açúcar. Curiosamente, a confeitaria ainda existe e produz o doce para quem quiser experimentá-lo. As violetas açucaradas vêm dentro de uma caixinha redonda forrada em veludo lilás, com um retrato da imperatriz Elisabeth reproduzido na tampa. O amor de Sissi por doces como esse acabou por prejudicar sua dentição. Quando ela sorria, geralmente encobria os lábios com um leque, para esconder parte da dentição que já estava visivelmente estragada.

Referências Bibliográficas:

CORTI, Egon Conte. A imperatriz Elisabete (Sissi). Tradução de Mário e Celestino da Silva. Rio de Janeiro: Casa Editora Vecchi, S/A.

HAMANN, Brigitte. The reluctant empress: a biography of empress Elisabeth of Austria. 4ª ed. New York: Ullstein, 1997.

MARATÓ, Cristina. Reinas Malditas: emperatriz Sissi, María Antonieta, Eugenia de Montijo, Alejandra Romanov y otras reinas marcadas por la tragedia. España: Debolsillo, 2014.

REZZUTTI, Paulo; WITTE, Cláudia Thomé. Sissi e o último brilho de uma dinastia: uma história não contada dos Habsburgo. São Paulo: LeYa Brasil, 2022.

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