Por: Renato Drummond Tapioca Neto
Diana Spencer, princesa de Gales, é um dos maiores ícones do século XX. Ativista das causas sociais, ela protagonizou um verdadeiro drama com a família real britânica nas décadas de 1980 e 1990, devido à tensão no seu relacionamento com o príncipe Charles. A mídia dava constantes informações sobre o paradeiro da princesa e tudo o que ela usava era imediatamente copiado por pessoas de várias partes do mundo. Diana soube como poucas mulheres de seu tempo construir sua imagem através do ótimo relacionamento que ela tinha com fotógrafos, estilistas e celebridades. Falecida em um trágico acidente em Paris, no ano de 1997, ela deixou para trás dois filhos de 15 e 13 anos, além de milhares de admiradores a chorarem pela sua falta. Por ocasião de casamentos reais e batizados, sua memória é constantemente evocada pela mídia, que se recorda daquela noiva sorridente de 1981, entrando na nave da Catedral de São Paulo para se casar com o herdeiro da Coroa britânica. Atualmente, vários objetos, roupas e joias que pertenceram e/ou foram usadas por Diana podem ser vistas em exposições organizadas com o propósito de manter viva sua lembrança. Abaixo, selecionamos 10 itens relacionados à princesa, que contam um pouco dessa história.
1) BAÚ DE ESCOLA
Nascida em Sandringham, no dia 1 de julho de 1961, Diana Frances Spencer era a terceira filha de John Spencer, visconde de Althrop, e Frances Shand Kydd. A relação tumultuada entre seus pais culminou com o divórcio em 1969, quando Diana tinha 8 anos. A justiça determinou que a guarda dos quatro filhos fosse dada a John, que em 1975 se tornou conde de Spencer. Muitos biógrafos argumentam que as brigas testemunhadas por ela dentro de casa tiveram algumas sequelas no seu equilíbrio emocional. Quando criança, Diana frequentou uma escola primária para meninas, a Riddlesworth Hall, tendo se destacado desde cedo no seu talento para as artes, principalmente a música e a dança. Logo em seguida, ela foi matriculada na West Heath Girl’s School, em Kent, onde estudou por cinco anos. Dessa fase, sobreviveu um baú de madeira gravado com seu nome, onde a jovem estudante levava seus doces preferidos para a West Heath. A peça fez parte das exposição dos 20 anos da morte da princesa, ocorrida em 2017 no Palácio de Buckingham. Como não obteve resultados satisfatórios nos últimos exames, seu pai a enviou em 1977 para o Instituto Alpin Videmanette, na Suíça.
2) ANEL DE NOIVADO
Em fevereiro de 1981, lady Diana Spencer e Charles, príncipe de Gales, firmaram oficialmente um compromisso de noivado. Na ocasião, Charles selou o pedido com um belíssimo (e caro) anel de ouro branco 18 quilates, com 14 diamantes incrustados em volta de uma safira de Ceilão, cortada em formato oval. O design da joia, criada por Garrard, foi inspirado no famoso broche que pertenceu à rainha Vitória no século XIX, dado como presente de casamento à rainha por seu marido, o príncipe Albert. Uma curiosidade é que o anel não foi desenhado exclusivamente para Diana. A peça estava disponível na coleção de joias de Garrard e podia ser adquirido por qualquer pessoa que tivesse dinheiro disponível para tanto. A princesa o teria escolhido por trazer algumas semelhança com o anel de noivado de sua própria mãe, Frances. Após o divórcio com Charles, Diana reteve a joia entre suas posses e continuou a usa-la até a sua morte, em 1997. Seu filho mais novo, Harry, o guardou como lembrança. Tempos depois, trocou-o com o irmão por um relógio Cartier, que também fora propriedade da princesa. Em 2010, quando William propôs casamento a Kate Middleton, ele selou o compromisso com o mesmo anel.
3) A TIARA SPENCER
Criada originalmente no século XVIII, a tiara Spencer esteve entre as posses da família por várias gerações. Ao longo delas, a joia foi passando por transformações significativas nas mãos de diversos joalheiros. A armação de ouro com motivos florais é incrustada com diversos diamantes. Costumava ser utilizada por mulheres da família Spencer em celebrações de matrimônio, incluindo as irmãs de Diana. Durante seu casamento com Charles, a princesa deu continuidade à tradição de sua família e solicitou a tiara. Ela ainda a usaria em diversas ocasiões, por considera-la mais leve do que as outras que estavam à sua disposição.
4) VESTIDO DE CASAMENTO
Em 29 de julho de 1981, Diana e Charles se casaram em uma cerimônia solene ocorrida na Catedral de São Paulo. Um dos itens que mais desperta a curiosidade das pessoas nesse tipo de evento é o vestido de noiva. Desde que a rainha Vitória popularizou o uso do branco e de rendas na sua própria roupa de casamento em 1840, que a expectativa gerada em torno dos trajes reais se tornou muito grande. Para a ocasião, Diana pediu aos estilistas David e Elizabeth Emanuel para que criassem algo que “entraria na história”. A peça desenhada pelos estilistas era confeccionada em tafetá de seda fabricada por Stephen Walters e decorada com bordados feitos à mão, lantejoulas e 10.000 pérolas centralizadas em formato de coração. Diz-se que durante o processo de costura do vestido, as medidas da princesa caíram de 14 para 10, devido ao desenvolvimento da bulimia. A cauda do traje era tão longa (7,62m), que os estilistas ficaram apreensivos sobre como Diana conseguiria compactar tanto tecido na carruagem sem amassa-lo. Apesar disso, a peça, com suas mangas bufantes e gola cheia de babados, se tornou um sucesso na época. Muitas costureiras de várias partes do mundo tentaram reproduzir os detalhes do vestido de casamento da princesa para suas próprias clientes.
5) RETRATOS DE FAMÍLIA
Em 5 de novembro de 1981 foi oficialmente anunciado que Diana esperava seu primeiro filho com Charles. A expectativa em torno do nascimento do herdeiro real era muito grande. Fotos da princesa grávida, exibindo seu barrigão num biquini podiam ser visualizadas em várias revistas do mês de fevereiro 1982. Em 21 de junho daquele ano, nasceu o príncipe William, nome escolhido pela própria mãe. Dois anos depois, em 15 de setembro de 1984, ela deu à luz Harry. A princesa podia ser vista na companhia das crianças em muitos lugares, além de tomar cuidados pessoais com a escolha das roupas que iriam usar, seus horários e deveres oficiais. Diana também planejava seus passeios e podia ser vista indo busca-los na escola, usando roupas simples e um sorriso no rosto. No palácio de Kensington, muitas fotografias da princesa com os filhos podiam ser vistas em porta-retratos, dispostos sobre a mobília, como a escrivaninha de Diana.
6) COLEÇÃO DE FITAS K7
Ao longo de sua vida, Diana fez amizade com muitos estilistas, músicos, cantores e outros membros da indústria do entretenimento. A princesa podia ser vista na companhia de artistas de sucesso da época, tais como Elton John, que se tornou um grande amigo seu e chegou a lhe dedicar algumas músicas, como Candle in the Wind, tocada no seu funeral. Uma maleta contendo várias fitas K7 gravadas por Diana foi exibida em 2017, no palácio de Buckingham, durante uma exposição em memória dos 20 anos de sua morte. O conteúdo das fitas varia de George Michael a Pavarotti. A seleção também possuí álbuns de Rod Stewart, Diana Ross, Celine Dion e Lionel Richie, cuja música Hello era uma das favoritas da princesa. Dire Straits e Duran Duran também estavam entre as suas bandas mais ouvidas. Em alguns dos itens dentro da maleta pode se ver o nome de Diana escrito a próprio punho.
7) O VESTIDO ELVIS
Diana foi uma mulher conhecida por seu estilo e elegância. Qualquer peça de roupa usada pela princesa logo era copiada por muitas mulheres, em todas as partes do mundo. Estilistas se atracavam para ver quem entre os seus teria uma criação vestida por ela. Uma das peças mais icônicas do guarda-roupas de Diana, sem dúvidas, foi o “vestido Elvis”, nome atribuído por causa da gola alta do bolero, que lembra as jaquetas do famoso rei do rock. Desenhado pela estilista Catherine Walker, Diana o usou pela primeira vez em 1989 para uma visita oficial a Hong Kong e depois no Britsh Fashion Awards, além de ter posado com ele para as lentes de diversos fotógrafos. Tempos depois, Walker relembrou: “sempre que eu via a princesa neste vestido, não podia deixar de sentir que ninguém mais poderia usa-lo”. Em 1997, Diana vendeu este e mais 78 trajes de sua coleção para um leilão de caridade realizado pela Christie’s, que arrecadou mais de 3 milhões de libras para instituições que lutavam contra a AIDS e o câncer.
8) PENTES E ESCOVAS
O estilo do penteado de Diana também se tornou inconfundível. Seus cabelos loiros e curtos, ornamentado com belas tiaras da coleção real, acabaram se transformaram na sua marca registrada. No Palácio de Kensington, o visitante pode observar muitos dos objetos de toilette da princesa, incluindo frascos de perfume, pentes e escovas de cabelo. Na foto acima, podemos ver sobre a penteadeira da princesa alguns destes itens, incluindo um espelho de mão, dispostos entre suas duas tiaras.
9) ESCRIVANINHA
Outra peça que chamou a atenção dos visitante na exposição do palácio de Buckingham foi a escrivaninha de Diana, trazida diretamente do palácio de Kensington, onde ela e Charles viveram durante boa parte da sua vida de casados. A peça foi disposta para parecer que sua dona havia saído dali há poucos instantes, deixando cadernos e porta-retratos arrumados em cima. A princesa também mantinha um diário pessoal, costume adotado por muitos membros da família real, no qual ela anotava fatos do dia-a-dia, bem como as tensões de seu relacionamento com Charles. O casamento, que a princípio foi descrito como um conto de fadas, logo se transformou em um tormento para os seus envolvidos. Enquanto o príncipe passava a maior parte do tempo comprometido com seus deveres e na companhia de amigos, Diana permanecia cada vez mais isolada e solitária. Em meados da década de 1980, após o nascimento de William e Harry, os dois viviam praticamente em casas separadas. Ele em Highgrove House e ela em Kensington. Em 1992, os dois se separaram.
10) CARTAS PESSOAIS
Um conjunto de cartas trocadas por Diana com sua colega, Margaret Hodge. foram leiloadas por um valor estimado em 20.000 libras. A primeira das missivas, datada de 14 de setembro de 1981, contém detalhes sobre a lua de mel de Diana e Charles. Ela diz que estava se sentindo mais “gordinha”. A letra da princesa era grande e arredondada. Nas seguintes, ela passa informações sobre aniversários de casamento e o nascimentos dos filhos. A história de Diana, desde seu casamento com o príncipe Charles até sua trágica morte em 31 de agosto de 1997, foi documentada por uma série de cartas escritas pela própria princesa, materiais de revista, gravações e filmagens. Durante seus últimos anos de vida, o cotidiano de Diana foi atormentado por inúmeros fotógrafos, que lhe perseguiam em todos os cantos, para adquirir fontes destinadas a preencher as páginas dos periódicos de fofoca.
Referências Bibliográficas:
BROWN, Tina. Diana: crônicas íntimas. Tradução de Iva Sofia Gonçalves e Maria Inês Duque Estrada. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.