Mary Stuart é sem dúvidas uma das rainhas mais controversas da história, tema de uma série de biografias e personagem de muitos romances e filmes. Poucas soberanas conseguiram exercer tanto fascínio entre o público quanto ela. Sua trajetória parece ter sido desenvolvida por algum roteirista de cinema ou dramaturgo: a narrativa da mulher que teve três coroas e as perdeu por causa de um amor impossível. Misture a essa fórmula intrigas, conspirações, morte e então temos um dos maiores dramas da Idade Moderna. É claro que a chamada ficção histórica teve um papel importante na elaboração desse enredo, adicionando fatos a situações inventadas, como um encontro secreto na floresta entre duas rainhas rivais. Chegando ao século XXI, a personagem continua a ser celebrada em séries de televisão, como Reign, e outras produções de sucesso, como Mary Queen of Scots. Apesar disso, a quantidade de publicações relevantes sobre a rainha da Escócia no Brasil ainda é muito pouca. Neste ano, a editora Wish lançou uma nova tradução do romance de Alexandre Dumas, que estava esgotado há décadas no nosso mercado editorial.
Alexandre Dumas foi um dos maiores romancistas do século XIX, autor de obras que até hoje fazem ferver o imaginário popular, tais como O Conde de Monte Cristo, Os Três Mosqueteiros, O Homem da Máscara de Ferro e A Rainha Margot. Ficcionalizando fases importantes da história da França com base em fontes e registros históricos, Dumas é caracterizado por suas tramas arrebatadoras, que exploram a natureza de suas personagens. Por meio das páginas de seus livros, o público entra em contato mais estreito com figuras como Catarina de Médici, Margarida de Valois, Ana d’Áustria e Maria Antonieta. Mary Stuart, apesar de ser uma de suas obras menos conhecidas, é tão interessante quanto suas irmãs. Publicada originalmente no Brasil pela extinta editora Vechi, o romance chega novamente às mãos do leitor e da leitora numa edição belíssima, ricamente ilustrada, traduzida por Cláudia Mello Belhassof (texto) e Andréia Manfrin Alves (poesias), com um prefácio assinado por Renato Drummond Neto, autor do blog e do livro Rainhas Trágicas. O romance ainda acompanha um belo marcador de texto e um cartão postal, reproduzindo o fictício encontro entre Mary e Eizabeth.
No seu romance biográfico, Alexandre Dumas reconta a história da trágica rainha da Escócia a partir de seu início promissor, quando a pequena Mary fora enviada à França para se casar com o delfim Francisco, passando pelo retorno da jovem monarca ao seu país natal, a perda do trono, o cativeiro inglês e, por fim, sua execução em 8 de fevereiro de 1587. Diferentemente de Friedrich Schiller, que reelabora quase completamente a história de Mary na sua peça Maria Stuart, de 1800, Dumas tenta se manter fiel, na medida do possível, aos registros históricos. Seu trabalho de ficcionista age principalmente em cima das lacunas não preenchidas pelos fatos, criando assim uma narrativa bastante verossímil, sem abandonar o toque de aventura que caracteriza seus outros romances. Publicada originalmente em 1840, a obra fazia parte de uma coleção de oito volumes composta pelo autor, chamada Crimes Célebres.
Um aspecto que certamente chamará a atenção do leitor e da leitora nas páginas do romance é o relacionamento entre a rainha da Escócia e sua prima, Elizabeth I da Inglaterra. Alexandre Dumas, como muitos escritores antes e depois dele, não resiste em exagerar na disputa entre as duas soberanas. De uma lado temos a bela e feminina Mary. Do outro a fria e calculista Elizabeth. A tensão entre essas personagens da o tom de conspiração ao romance, tornando-o bastante arrebatador. Os séculos nãos fizeram perder o lustre dessas duas figuras, imortalizando-as numa série de obras que até hoje fazem ferver o imaginário popular. Com toda certeza, Mary e Elizabeth migraram do reino da história para o da ficção, onde continuam a duelar num campo simbólico arduamente preenchido por admiradores e entusiastas. Para quem ama narrativas de paixão e aventura, tendo como pano de fundo as intrigas da corte, então Mary Stuart, de Alexandre Dumas, pode ser um prato cheio!
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