Entrevista exclusiva com Helen Rappaport, autora de “Os Últimos Dias dos Romanov” e “As Irmãs Romanov”!

Por: Giovanna Rodrigues

Após o sucesso estrondoso de Nicolau e Alexandra, obra do historiador americano Robert K. Massie, a vida dos últimos Romanov foi adaptada para inúmeras produções cinematográficas e obras literárias. Entre os títulos mais prestigiados acerca da família imperial, podemos destacar Os Últimos Dias dos Romanov, que retrata as últimas semanas da família em Ecaterimburgo e As Irmãs Romanov, que busca dar uma visão mais aprofundada sobre as personalidades das filhas do último czar. Ambas as obras são da historiadora britânica Helen Rappaport. Especialista em história russa, a autora já publicou cerca de 14 livros que abordam diferentes períodos, tais como: No Place for Ladies, sobre a História das Mulheres; Magnificent Obsession, que se passa no reinado da rainha Vitória; Em Meio à Revolução, sobre a Rússia revolucionária; e Conspirator: Lenin in Exile. Por último, a trilogia sobre a última família imperial: os já mencionados Os Últimos dias dos Romanov, As Irmãs Romanov e The Race to Save The Romanovs (ainda não lançado no Brasil). Tento isso em vista, entrei em contato com a escritora Helen Rappaport e fiz algumas perguntas acerca de Nicolau II e sua família. Ela, por sua vez, me retornou gentilmente com respostas claras e diretas:

Giovanna Rodrigues:  Helen, qual foi seu primeiro contato com a Rússia e os Romanov? E o que te inspirou a escrever livros sobre personagens e momentos históricos dessa nação?

Helen Rappaport: Eu comecei a me interessar pela Rússia quando era adolescente, quando descobri a escrita de Tchecov e Tolstói e depois aprendi a língua. Há muito tempo sou cativada pela música, arte e cultura russas e sempre achei sua história tão absorvente e fascinante. Mas eu não estava muito interessada nos Romanov no início e não comecei a fazer nenhuma pesquisa séria sobre eles até cerca de 2007. Assim que comecei a pesquisar sua história em detalhes, fiquei intrigada com eles como uma família e queria saber mais sobre sua vida, nos bastidores.

Giovanna Rodrigues: Por muitas décadas, a última família imperial russa foi vista com “maus olhos”, incluindo centenas de teorias e superstições absurdas sobre ela. Mas quem realmente foram os últimos Romanov? Como era sua vida privada?

Helen Rappaport: Receio não poder responder em algumas frases! A família tem sido submetida a muitas críticas, bem como a teorias de conspiração malucas que eles não merecem. Se você quiser saber como era a vida privada deles, está tudo no meu livro As Irmãs Romanov. Mas, basicamente que Romanovs – ou seja, A família imperial russa – era uma família muito modesta e sem ostentação, que não gostava mais do que estar em casa juntos, longe de toda a grandeza e cerimônia.

As irmãs Romanov – Helen Rappaport

Giovanna Rodrigues:  No seu livro As Irmãs Romanov, são apresentadas as vidas das quatro filhas de Nicolau II: Olga, Tatiana, Maria e Anastásia, desde o nascimento até ao seu trágico fim. Até hoje elas são vistas como garotas lindas e inocentes. Mas por que, infelizmente, eles foram tão negligenciados e até esquecidas ao longo da história?

Helen Rappaport: É inevitável que a vida das quatro modestas irmãs tenha sido esquecida na maioria das histórias da Rússia. O drama da história sempre foi sobre seus pais – e a tragédia de seu irmão hemofílico. As garotas sempre foram vistas como enfadonhas e desinteressantes, um coletivo anônimo que apenas parecia bonito, mas que não tinha nenhum interesse intrínseco. Queria mostrar em meu livro como eles eram diferentes uns dos outros e que todos tinham personalidades e qualidades fascinantes que mereciam ser mais apreciadas.

Giovanna Rodrigues: Muito se fala sobre Lênin e sua responsabilidade pelo destino dos Romanov. Neste âmbito, há muitas polêmicas. Qual foi a real participação de Lênin em relação à execução dos Romanov?

Helen Rappaport: Sinceramente, não sabemos ao certo a extensão do envolvimento de Lênin, porque ele foi protegido de qualquer responsabilidade no assassinato da família, e quaisquer documentos relacionados a ele nunca tiveram seu nome inscritos. Mas, acredito que a ordem para os matar veio diretamente de Lênin. Eu não posso provar isso, e ninguém pode!

Giovanna Rodrigues: Helen, pode nos dizer um pouco sobre seus dois últimos livros: Em Meio à Revolução e The Race to Save The Romanovs?

Helen Rappaport: Infelizmente, não posso entrar em detalhes sobre eles – você pode encontrar material sobre eles no meu site e em análises na web. Mas, basicamente, em Em Meio à Revolução eu queria apresentar um ponto de vista diferente – mostrar como os estrangeiros, principalmente britânicos e americanos, em Petrogrado, viram a revolução estourar e mapearam aquele ano muito turbulento de 1917 na Rússia. Em The Race to Save The Romanovs, senti que ninguém havia explicado adequadamente como era impossível salvar os Romanov e tirá-los da Rússia. Foi um fracasso coletivo de todos os seus parentes europeus, não apenas do rei George; mas também em termos de logística e geografia, não acredito que alguém pudesse tê-los tirado da Sibéria e eu queria explicar como isso teria sido difícil.

Giovanna Rodrigues: Após a queda do comunismo, a Igreja Ortodoxa Russa floresceu novamente, junto com os Romanov, agora como portadores da Santa Paixão. Qual a sua opinião sobre o retorno dos Romanov à Rússia e ao mundo?

Helen Rappaport: Eu não acho que os Romanov “foram embora” alguma vez. Embora Stalin tenha suprimido todo estudo e discussão sobre os Romanov, as pessoas comuns nunca os esqueceram, assim como não se esqueceram ou abandonaram sua fé religiosa. Durante o comunismo, muitos russos ortodoxos ainda pensavam no czar assassinado e em sua família como a representação de sua fé e, quando a prática religiosa ressurgiu após a queda do comunismo, houve uma crescente reverência pelos Romanov.

Os últimos dias dos Romanov – Helen Rappaport

Giovanna Rodrigues: Durante a dinastia Romanov, houve grandes czares, incluindo Pedro, o Grande, e Catarina, a Grande. Nicolau II sempre foi visto como um governante fraco e incapaz, mas como pai era amoroso e gentil. Quem realmente foi o último czar como governante, marido e pai?

Helen Rappaport: Eu explico tudo isso em As Irmãs Romanov. No livro, eu estava muito mais interessada em explorar Nicolau como pai do que como monarca. Ele foi, sem dúvida, o pai mais amoroso, atencioso e dedicado que qualquer criança poderia desejar, e isso para mim é sua grande virtude.

Giovanna Rodrigues: Por fim Helen, você tem uma mensagem para seus leitores brasileiros?

Helen Rappaport: Estou muito feliz e grata por ter seguidores no Brasil e tantos leitores adoráveis ​​lá. E estou especialmente satisfeita em ver que meu livro Em Meio à Revolução acaba de ser traduzido para o português. Na verdade, recebi um pacote de minha editora Objetiva ontem!

Conheça o site oficial de Helen Rappaport, clicando aqui

– Giovanna Rodrigues cursa o 3° ano do ensino médio no IFSP- campus São Roque.

– Matéria revisada por Renato Drummond Tapioca Neto

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