Incrível: 10 reconstruções faciais de personagens da História que você deveria conhecer!

Uma das (poucas) formas que muitos de nós podem se relacionar com o vasto escopo da história, é através do ângulo visual. As reconstruções baseadas em pesquisas certamente produzem certa vantagem, ao oferecerem o que podemos chamar de espécies de “vislumbres” no passado. Com efeito, as reconstruções faciais de personalidades históricas reais podem satisfazer nossa curiosidade inerente àquelas pessoas, cujo contato inicial se deu através de livros e reproduções de quadros. Sendo assim, que tal dar uma olhada em dez reconstruções faciais de personagens do passado, que você talvez não conheça? Antes disso, é preciso esclarecer que estas reconstruções não devem ser julgadas como sendo inteiramente exatas no que diz respeito à historicidade, e sim vistas como uma interpretação possível, baseadas em pesquisas arqueológicas. Dessa forma, algumas personalidades históricas serão apresentadas aqui até com mais de uma reconstrução de seus rostos individuais. Confira:

1) “Ava” (c. 1.800 a.C.)

O sítio de Achavanich (ou Achadh a ‘Mhanaich, em gaélico), localizado na ponta do norte da Escócia, possui um conjunto de mistérios, como o famoso arranjo em forma de cavalo feito de uma matriz de pedras. Mas os pesquisadores deram um toque “humano” a esse enigma da Era de Bronze, reconstruindo o rosto de uma mulher cujos restos foram descobertos no local, em 1987. Batizada de Ava, a jovem tinha  entre 18-22 anos no momento de sua morte. Seus restos mortais foram datados de aproximadamente 3.700 anos atrás.


Com relação ao incrível projeto, o trabalho resultante é criação do artista forense Hew Morrison, um graduado da Universidade de Dundee. Auxiliado pelo projeto de pesquisa abrangente sobre Ava, gerenciado pelo arqueólogo Maya Hoole, Morrison foi capaz de obter um monte de detalhes sobre a história antropológica desse espécime humano da idade do Bronze. Outras características de seu rosto foram avaliadas a partir de vários parâmetros de dados, variando de um gráfico de profundidade de média de tecido moderno, a uma fórmula antropológica para calcular a profundidade da mandíbula inferior ausente.

2) O guerreiro micênico (c. 1.500 a.C.)

Anunciado pelo Ministério de Cultura Grega como “o túmulo mais importante já descoberto em 65 anos na Grécia continental”, o túmulo guerreiro micênico (Mycenaean ‘Griffin Warrior’), de 3500 anos, foi encontrado em Pylos em outubro de 2015. Continha mais de 1.400 objetos de valor. Pesquisadores da Universidade de Witwatersrand, em Johanesburgo, haviam tornado este incrível escopo antigo ainda mais “romântico”, com a reconstrução do rosto do presumível famoso guerreiro masculino, feito com a ajuda de uma descrição de um antigo selo descoberto dentro do túmulo.

Quanto ao objetos preciosos, o túmulo, com 5 pés de profundidade, 4 pés de largura e 8 pés de comprimento, possuía uma variedade de vasos feitos de metais como ouro maciço, prata e bronze. Além disso, encontrou-se pingentes, colares e os anéis de ouro, juntamente com contas de cornalina, ametista, jaspe e ágata. Mas, curiosamente, os arqueólogos não encontraram nenhuma evidência de vasos cerâmicos convencionais – quase como se o uso de cerâmica regular na decoração do túmulo fosse abaixo do status do guerreiro.

3) Tutankhamun (1341 – 1323 a.C.)

Em 2005, um grupo de artistas forenses e antropólogos físicos, liderados pelo famoso egiptólogo Zahi Hawass, havia criado o famoso busto rei menino dos tempos antigos. Os exames de tomografia computadorizada em 3D da múmia do jovem faraó renderam uma impressionante quantidade de 1.700 imagens digitais, em corte transversal, que foram então utilizados para técnicas de perícia de última geração, normalmente preservadas para casos de crimes violentos de alto perfil. De acordo com Hawass:

Na minha opinião, a forma do rosto e do crânio são notavelmente semelhantes a uma famosa imagem de Tutancâmon quando criança, onde ele é mostrado como o deus do sol ao amanhecer, subindo de uma flor de lótus.

Com efeito, em 2014, o rei Tut passou mais uma vez pelo que pode ser denominado de autópsia virtual, com um bando de tomografias, análise genética e mais de 2.000 digitalizações. A reconstrução resultante não era favorável aos atributos físicos do faraó egípcio, com detalhes emergentes, como quadris ligeiramente malformados ou mesmo o pé torto.

4) Cleopatra VII Philopator (69 – 30 a.C.)

O próprio nome da rainha egípcia é sinônimo de beleza, sensualidade e extravagância, tudo no meio do furor político do mundo antigo. Mas a historicidade realmente está de acordo com essas noções populares sobre a famosa faraó, que teve suas raízes em uma dinastia grega? Bem, a resposta para isso é mais complexa, especialmente considerando os vários parâmetros da história, incluindo inclinações culturais, propaganda política e interpretações mal feitas.

Mas uma coisa é certa: a aura de femme fatale de Cleópatra teve mais a ver com sua incrível influência sobre dois dos homens mais poderosos de sua época, Júlio César e Marco Antônio, em vez de uma suposta beleza física. Pelo menos é o que as evidências existentes de seus retratos em espécimes de moedas sugerem. Levando em conta todos esses fatores, o especialista em reconstrução e artista M.A. Ludwig fez recriações do famoso rosto de Cleopatra VII Philopator, baseado em um possível busto de Cleópatra VII, atualmente exibido no Altes Museum de Berlim.

5) ‘Meritamun’ (c. século I a.C.)

Pesquisadores de múltiplas faculdades da Universidade de Melbourne combinado seus conhecimentos nas áreas da investigação médica, ciência forense, tomografia computadorizada e egiptologia, para recriar o rosto de Meritamun (“amada do deus Amon”), uma mulher nobre egípcia antiga, que viveu há pelo menos 2.000 anos. E a parte interessante é que os cientistas tiveram somente tiveram acesso à cabeça mumificada de Meritamun. A análise concluiu que sua morte ocorreu provavelmente numa idade jovem, de 18 a 25 anos

O processo meticuloso foi conseguido por tomografia computadorizada e, em seguida, impressão em 3D de uma réplica precisa do crânio da múmia. Na verdade, o crânio tinha de ser impresso em duas seções para capturar precisamente as características das mandíbulas. A reconstrução facial foi então criada pela escultora Jennifer Mann, com a ajuda de técnicas práticas que são freqüentemente usadas em investigações reais de crime/assassinato.

6) São Nicolaus, uma das possíveis inspirações para o “Papai Noel” (270 – 343 d.C.)

Auxiliado por um software de simulação e um tecnologia 3D interativa pelo Laboratório de Face da Universidade Liverpool John Moores, o modelo ilustrado acima, reconstruído em 2016, ´é o resultado uma análise detalhada, embora ainda sujeita a várias interpretações. De acordo com a renomada antropóloga facial, Caroline Wilkinson, o projeto foi baseado em “todo o material esquelético e histórico”.

Curiosamente, em 2004, os pesquisadores fizeram outro esforço de reconstrução, baseado no estudo do crânio de São Nicolau, com detalhes fornecidos por uma série de fotografias de raios-X e medidas originalmente compiladas em 1950. Podemos compreender a partir desta imagem que São Nicolau era possivelmente um homem de tonalidade verde-oliva, em idade já avançada, mas ainda mantendo certa semelhança com o popular Papai Noel, com quem costuma ser relacionado. Seu nariz quebrado pode ter sido o efeito da perseguição dos cristãos sob o governo de Diocleciano, durante a vida precoce de Nicolau. Este escopo facial também é bastante semelhante às representações do santo em murais medievais ortodoxos orientais.

7) Senhor de Sipán (c. século IV d.C.)

Freqüentemente anunciado como um dos achados arqueológicos mais significativos do século 20, o Senhor de Sipán foi a primeira das famosas múmias Moche encontradas (em 1987), no local de Huaca Rajada, norte do Peru. A múmia de quase 2.000 anos estava acompanhada por uma infinidade de tesouros, dentro de um complexo de túmulos, alimentando assim a importância da descoberta. Os pesquisadores têm debatido sobre a historicidade desta figura, reconstruindo digitalmente como o ele poderia se parecer em vida.

Todavia, não foi uma tarefa fácil, especialmente porque o crânio do Senhor de Sipán estava partido em 96 fragmentos quando de sua descoberta, possivelmente devido à pressão dos sedimentos do solo ao longo dos milênios. Assim, os pesquisadores da Equipe Brasileira de Antropologia Forense e Odontologia Forense, tiveram de organizar cuidadosamente essas inúmeras peças de forma virtual. O crânio reconstituído foi então fotografado de vários ângulos, com uma técnica conhecida como fotogrametria, para o mapeamento digital preciso do objeto orgânico.

8) Robert Bruce (1274 – 1329 d.C.)

Um incrível esforço colaborativo dos historiadores da Universidade de Glasgow e especialistas craniais da Universidade John Moores de Liverpool (LJMU) resultou no que poderia ser a reconstrução credível do rosto de Robert Bruce. A conseqüente imagem em questão (derivada do elenco de um crânio humano detido pelo Museu Hunteriano) apresenta um sujeito masculino com características pesadas e robustas, complementado apropriadamente por um pescoço musculoso e uma estrutura bastante pesada.

Com efeito, o físico impressionante de Robert Bruce nos alude a uma dieta rica em proteínas, o que o teria feito “propício” aos rigores da brutal luta medieval e da equitação. Recentemente a historiografia têm apoia essa possibilidade, apontando Robert Bruce (Gaélico medieval: Roibert a Briuis) com um dos maiores líderes guerreiros da sua geração, que conduziu com sucesso a Escócia durante a primeira guerra da independência contra Inglaterra, culminando na batalha de Bannockburn, em 1314 d.C. e na invasão posterior ao norte da Inglaterra. Em 1306, Robert já era coroado Rei dos Escoceses, envolvendo-se depois numa série de guerrilhas contra a coroa inglesa, ilustrando assim a necessidade de capacidade física para os candidatos ao trono na época medieval.

9) Ricardo III (1452 – 1485 d.C.)

Último rei da casa de York e também da dinastia Plantageneta, a morte de Richard III na batalha de Bosworth marca geralmente o fim da “Idade Média” na Inglaterra. No entanto, mesmo depois de sua morte, o jovem monarca inglês continuou a confundir os historiadores, com seus resquícios, enganando estudiosos e pesquisadores por mais de cinco séculos. E foi momentaneamente em 2012, quando a universidade de Leicester identificou o esqueleto dentro de um parque de estacionamento municipal, onde era o local da igreja do convento de Greyfriars (onde ficava o túmulo de Ricardo III, que foi dissolvido em 1538). Coincidentemente, os restos do rei foram encontrados quase que diretamente sob um “R” pintado aproximadamente no betume, que marcou basicamente um ponto reservado dentro do parque de estacionamento desde os anos 2000.

No que diz respeito à reconstrução facial, foi mais uma vez a professora Caroline Wilkinson que foi de fundamental importância para completar uma reconstrução facial forense de Ricardo III, com base nos mapeamentos 3D de seu crânio. Curiosamente, a reconstrução foi “modificada” um pouco depois, em 2015, com olhos e cabelos mais claros, seguindo uma nova prova de DNA, conduzida pela Universidade de Leicester.

10) Maximilien de Robespierre (1758 – 1794 d.C.)

Em 2013, o patologista forense Philippe Charlier e o especialista em reconstrução facial Philippe Froesch criaram o que chamaram de reconstrução facial 3D “realista” de Maximilien de Robespierre, o infame “garoto-propaganda” da Revolução Francesa. Como se pode compreender a partir do resultado real de sua reconstrução, os retratos contemporâneos de Robespierre foram possivelmente lisonjeiro para com o líder revolucionário.

Originalmente publicada como uma das cartas na revista médica Lancet, a reconstrução foi feita com a ajuda de várias fontes. Algumas delas, obviamente, se relacionam com retratos e relatos contemporâneos de Robespierre, apesar da sua representação “complacente” do revolucionário. Contudo, um dos principais objetos que ajudaram os pesquisadores foi a famosa máscara mortuária de Robespierre, feita por ninguém menos que Madame Tussaud. Curiosamente, Tussaud (possivelmente) afirmou que a máscara mortuária foi feita diretamente a partir da cabeça decapitada de Robespierre, depois que ele foi guilhotinado em 28 de julho de 1794.

Texto traduzido e adaptado por Renato Drummond Tapioca Neto

Fonte: Realm of HistoryAcesso em 05 de março de 2017. 

4 comentários sobre “Incrível: 10 reconstruções faciais de personagens da História que você deveria conhecer!

  1. Que show de informações! Adorei os detalhes desse trabalho, que traz à luz possíveis rostos que povoam nossa imaginação, qdo lemos a respeito dos séculos passados. Parabéns Rainhas Trágicas!

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