Traduzido e editado por: Renato Drummond Tapioca Neto
Uma carta que Mary Stuart, rainha da Escócia, escreveu rapidamente antes de sua execução, em 8 de fevereiro de 1587, para o seu cunhado, rei Henrique III da França, será usada para ajudar a desenvolver um sistema que pode revolucionar a forma com a qual dados são armazenados. A Biblioteca Nacional da Escócia está trabalhando com um grupo da Universidade de Edimburgo no fornecimento do icônico texto da carta – escrita apenas horas antes de ela ser executada – para ver se ele pode ser armazenado e recuperado com sucesso, usando DNA.
Durante seus anos de cativeiro, Mary Stuart escrevia regularmente para a sua família na França. A carta em questão constitui-se num item único!. A autora afirma claramente que está morrendo como uma mártir da Fé Católica. Confira o texto:
8 de fevereiro de 1587
Para o rei mais Cristão, meu irmão e antigo aliado,
Irmão Real, tendo a vontade de Deus, pelos meus pecados eu penso, me jogado para o poder da rainha minha prima [Elizabeth I], em cujas mãos eu sofri muito por quase vinte anos, finalmente fui condenada à morte por ela e seus ministros. Eu pedi pelos meus papéis, que haviam sido tirados de mim, a fim de que eu possa escrever a minha vontade, porém, tenho sido incapaz de recuperar qualquer coisa que me seja útil, ou mesmo obter permissão de sair, seja para fazer a minha vontade ou para ter meu corpo livremente transportado depois da minha morte, como eu gostaria, para o vosso reino, onde tive a honra de ser rainha, vossa irmã e velha aliada.Hoje à noite, depois do jantar, fui informada da minha sentença: eu serei executada como uma criminosa às oito da manhã. Eu não tenho tempo para lhe contar tudo o que tem acontecido, mas se vós escutar o meu médico e meus outros infelizes servos, saberá a verdade e como, graças a Deus, desprezei a morte e como me encontro inocente de qualquer crime, mesmo se eu fosse sua súdita [de Elizabeth]. A Fé Católica e a afirmação do meu Direito Divino à coroa inglesa são as duas questões pelas quais eu fui condenada, e mesmo assim não estou autorizada a dizer que morro pela religião Católica, por causa do medo da interferência deles. A prova disso é que levaram embora o meu capelão e, apesar de ele ainda estar no edifício, não tem permissão para vir e ouvir a minha confissão e ministrar o Último Sacramento, enquanto eles têm sido bem insistentes em que eu receba o consolo e instrução do seu ministro, trazido aqui de propósito. O portador desta carta e seus companheiros, a maioria deles vossos súditos, irão lhe testemunhar minha conduta nas últimas horas. Resta-me implorar a Sua Cristianíssima Majestade, meu cunhado e velho aliado, que sempre professou seu amor por mim, que me dê agora prava de vossa bondade nesses pontos: em primeiro lugar pela caridade, que pague aos meus infelizes servos os salários que lhes são devidos – este é um fardo da minha consciência que só vós poderá aliviar: além disso, que orações sejam oferecidas a Deus por uma rainha que carregou o título de a Mais Cristã, e que morre como uma católica, despojada de todos os seus bens. Quando ao meu filho, eu recomendo-o a vós na medida em que ele merece, pois não posso responder por ele. Tomei a liberdade de vos enviar duas pedras preciosas, talismãs contra a doença, confiando que vós desfrutareis de uma boa saúde e uma vida longa e feliz. Aceite-as de vossa adorada cunhada que, na morte, vos dá testemunho de seus sentimentos. Novamente, eu recomendo-vos meus servos. Dê instruções, se isso for do vosso agrado, para a salvação da minha alma, que parte do que vós me deveis seja pago, e que pelo amor de Jesus Cristo, seja deixado àqueles que lhe contarão como morri o suficiente para realizar missas em minha memória e as costumeiras esmolas.
Quarta-feira, duas da manhã
Vossa mais amada e verdadeira irmã.
Mary R.
O texto escrito será convertido numa curta sequência molecular que, em teoria, pode ser armazenada de forma segura por séculos, numa forma estável e com um custo muito menor do que a tecnologia existente. Essas sequências podem ser rapidamente montadas em conjunto em qualquer ordem, utilizando um método semelhante a uma máquina de escrever.

Última carta de Mary Stuart, escrita horas antes de sua morte, endereçada ao rei Henrique III da França.
Os pesquisadores dizem que o sistema seria capaz de toda a série de livros do Harry Potter 20 trilhões de vezes dentro de uma única grama de DNA. Isso, contudo, não é o único tipo de dados que podem ser armazenados, uma vez que aos fragmentos de DNA podem ser arbitrariamente atribuídos valores para representar cores e sons, permitindo assim que o usuário possa armazenar imagens, música e qualquer outro arquivo que possa ser armazenado digitalmente.
“É um verdadeiro privilégio ser autorizado a utilizar o texto básico da última carta de Mary rainha da Escócia para testar o nosso sistema de armazenamento de DNA”, disse Brendan Largey da equipe iGEM (International Genetically Engineered Machine), que trabalha no projeto. “Embora haja um interesse crescente no uso de DNA, a nossa abordagem, desse modo, é única em sua segurança, modularidade e acessibilidade. Queremos que a nossa tecnologia possa ser acessível não só para empresas de grande porte, mas para qualquer pessoa com necessidades de armazenamento de dados a longo prazo”.
Gill Hamilton, atual Chefe do departamento Digital na Biblioteca, disse: “Estamos muito satisfeitos por poder apoiar essa excitante pesquisa numa base escocesa. Encontrar soluções mais eficazes para o armazenamento de dados no futuro é algo que todas as bibliotecas, organizações, empresas e indivíduos possuem um forte interesse. Nós estaremos observando o progresso com muito interesse. “
O projeto de pesquisa deve ser inserido na competição de biologia sintética do iGEM em Boston, em outubro.
Para saber mais sobre o trabalho da Biblioteca Nacional da Escócia, visite o website.
Fonte: Celebrate Scotland
Meu Deus que falta de perdão e amor ,misericórdia.
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