Mademoiselle Boullan: uma história de amor e ódio na corte dos Tudor

Por: Renato Drummond Tapioca Neto

Mademoiselle Boullan foi a primeira série de posts escrita por Renato Drummond para o extinto site de história Jardim de Clio. Depois de algum tempo, surgiu à oportunidade de republicar o presente texto, mais completo e atualizado, no blog do próprio autor, o Rainhas Trágicas, que se dedica à vida e obra de mulheres que marcaram o período em que viverem e, como no caso de Ana Bolena, foram mal vistas por alguns pesquisadores ao longo dos anos. Nesse sentido, é importante questionar o que favoreceu uma reinterpretação da vida dessas personagens, que por muito tempo permaneceram como perversas e atualmente são encaradas como uma espécie de heroínas trágicas dos tempos modernos?

Em sua monografia de conclusão de curso, Drummond, ao analisar o romance histórico The Secret Diary of Anne Boleyn (1997), da escritora norte-americana Robin Maxwell, aponta para o feminismo como um fator essencial nesse processo de reavaliação e resgate destas personalidades do passado. Um delas e talvez a mais controversa de todas seja a própria Ana Bolena. Até o século XIX, ela era representada na literatura como a prostituta do rei, uma mulher cuja ambição dividira o reino, causando efeitos até hoje inalterados na sociedade inglesa. Contudo, a Era Vitoriana se mostrara bastante gentil para com Ana, devolvendo-lhe inclusive o título de rainha, retirado desde que o casamento da mesma com Henrique VIII fora declarado inválido em 1536.

Em seu recente ensaio cultural sobre a vida de Ana Bolena, Susan Bordo avalia que após o período da Segunda Guerra, a literatura e a historiografia em geral se mostraram muito mais gentis com a segunda esposa de Henrique VIII, ressaltando as suas virtudes, tais como a inteligência e a religião. Coincidentemente, essa transformação ocorre de forma paralela ao crescimento do movimento feminista nos países ocidentais.Como todo movimento ou instituição que procura na história elementos que legitimem suas lutas, o feminismo resgatou do passado figuras de mulheres até então estereotipadas pela história dos homens, oferecendo um novo viés interpretativo para a trajetória das mesmas. Foi o que aconteceu com personagens como Cleópatra, Ana Bolena, Catarina de Médici, Margarida de Valois (a famosa rainha Margot) e Maria Antonieta. Tais soberanas passaram para o rol de grandes personalidades do passado, com seus feitos e méritos devidamente restaurados.

mademoiselle boullan

O caso de Ana Bolena, por sua vez, é particularmente interessante, pois se tem observado um crescente interesse por parte dos veículos de cultura de massa em sua vida. Filmes e séries de televisão se dedicaram a recontar o drama da rainha Ana utilizando-se para isso de atrizes bem dotadas esteticamente como Natalie Portman em The Other Boleyn Girl (2008) e Natalie Dormer em The Tudors (2007-2008). Biografias como a de Eric Ives e romances como o da própria Maxwell caíram no gosto do grande público. Páginas na internet foram criadas com o intuito de transmitir para o leitor através de postagens a trajetória de Ana Bolena de uma maneira mais interativa.

Foi nesse contexto que surgiu a série Mademoiselle Boullan: uma história de amor e ódio na corte dos Tudor, publicada em seis partes no blog Rainhas Trágicas. Um ano depois essas partes foram unidas em um único arquivo, editadas e complementadas com novas informações e imagens. Depois de finalizado o trabalho, acreditamos que ele possa servir de auxílio nos estudos de pessoas interessadas na história de Ana Bolena, visto que no Brasil a precariedade de publicações sobre a Dinastia Tudor é notória, o que acaba sendo um entrave para o indivíduo que não tem acesso às principais publicações em inglês. Dessa forma, oferecemos para o leitor essa pequena contribuição, na esperança de que trabalhos futuros e mais bem fundamentados sejam publicados em território nacional.

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7 comentários sobre “Mademoiselle Boullan: uma história de amor e ódio na corte dos Tudor

  1. Excelente postagem, Renato Drummond! Tenho grande admiração por essa Rainha que foi injustamente condenada pela história. Responsável por tantas mudanças na Inglaterra e possuidora de uma inteligência incrível para as mulheres da época, foi vítima de um Rei absolutista como todos, e que nada queria além de mulheres e um filho legítimo.
    Abraços!

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  2. Olá Renato,
    Estou tentando encontrar um exemplar do ensaio biográfico sobre Ana Bolena, mas infelizmente no site da azon encontra-se indisponível. Você poderia me indicar um novo meio de adquirir?
    Parabéns pelo trabalho, A História e Ana Bolena merecem!!
    Abraços,

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